Lembranças do passado

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Laren viu sua prima Dinah dar uma piscada para sua noiva Normani e sentiu a pontada de algo suspeito como inveja. O que não fazia sentido algum, já que ela nunca quisera toda aquela história de " mulher e família". Mas......

O almoço tinha sido estranho, apesar das repetidas tentativas de Mike em manter todo mundo conversando e sorrindo. Lauren ficara inquieta desde o momento em que pisou na casa de seu avô. Por alguma razão insana, continuava esperando que Troy, com 16 anos de idade, entrasse correndo pela sala- e quando ele não entrava, a dor gritava por dentro dela, como hà 15 anos .

Agora que estava do lado de fora, sentada em uma cadeira de praia na parte de trás da casa, Lauren pelo menos sentiu como se pudesse respirar novamente. Mas as lembranças estavam tão abundantes quanto antes. Ainda olhando para Dinah, na cadeira ao lado dela, ela de repente soltou,

-Como voce consegue fazer isso?

-Fazer o quê?-Dinah tirou os olhos de Normani, pendurando lençóis molhados no varal.

-Estar aqui-disse Lauren, segurando sua garrafa de cerveja em uma das mãos, ela abriu o outro braço para mostrar a fazenda.-Viver aqui.

O sorriso nos olhos de Dinah ofuscou-se um pouco, e então ela tomou um gole de cerveja antes de responder.

-No começo não foi fácil - admitiu ela- Muitas lembranças.

-Exatamente.-Lauren suspirou aliviada. Bom saber que ela não era a única a lutar contra as imagens do passado.-Só de estar sentada aqui, nos vejo brincando de forma nítida.

Dinah sorriu com tristeza, tal como Lauren também sorria quando pensava naqueles tempos.

-Voce lembra quando Troy acertou a bola de baisebol na janela da cozinha do vô.
Lauren deu risada.

- E foi parar na tigela de molho de espaguete? Quem esqueceria ?- as lembranças apossaram-se de sua garganta. Para aliviar a tensão, ela acrescentou -A propósito, voce deveria ter agarrado a bola.

-Certo. Estava a milhas de distância do meu alcance.

-Lenta de mais para alcança-la - disse Lauren, e tomou outro gole de sua cerveja espumante e gelada.

-Jonh sempre  conseguia acertar a bola feito bala.

-É.- a cerveja de repente pareceu amarga.- Droga, Dinah, eu continuo achando que vou vê-lo. Escutá-lo.

-Também sentia isso no começo- disse Dinah lentamente.-Depois me dei conta de que Troy tinha ido embora. Ele não está aqui, Lauren. Não está por aqui tentando fazer com que nos sintamos mal pelo que aconteceu.

-Não tem de fazer isso -Lauren murmurou e levantando-se, pois não conseguia ficar sentada nem um minuto mais. Formando-se nós dentro dela, a garganta ficou apertada e sua boca, seca .- Deus. Lembro-me disso todos os dias da minha vida. E me sinto mal, culpada.

Dinah olhou-a, a compreenção brilhando em seus olhos.

-Não há razões para isso.

-Não há razão? Troy morreu.-Lauren deu um chute no cascalho e observou as pedrinhas deslizarem.- Enquanto estávamos lá paradas feito débies mentais, Troy morreu.

-Éramos crianças também- lembrou Dinah tirando os cabelos do olhos quando o vento colocou-o sobre o rosto.

-Sim- disse Lauren friamente.- Mas não morremos aos 16 anos.

E, exatamente assim, ela voltou àquela época.
Àquele dia de verão tempos atrás.

Jogando um de seus jogos favoritos, os quatro primos faziam uma fila à beira do lago da fazenda. Um de cada vez, eles corriam e pulavam para dentro do lago, enquanto os que estavam à margem marcavam o tempo. Voce marcava pontos não somente pela distância que alcançava no salto, mas por quanto tempi conseguia ficar submersso a água.
Verônica sempre ganhava.
Mas Troy, dessa vez, estava determinado a ser o vencedor. Ele pulara meio metro a frente de verônica, que ficou seriamente inrritada. Mas para vencer, Troy também tinha de ficar embaixo da agua por mais tempo que ela.
Dinah estava com o cronômetro e Lauren e verônica  ficaram do lado dela enquanto marcava o tempo de Troy. Verô ficava cada vez mais louca, certo de que seu melhor tempo seria batido. Lauren gritava de alegria por alguém ter finalmente ganhado verônica.
Mas quando Troy já estava submerso por dois minutos, Dinah começou a se preucupar. Queria entrar para ir atrás dele.

Lauren insistiu para que ela desse mais alguns segundos para Troy. Para ter certeza de que vero perdera.

-Não seja fresca, Dinah. Troy está bem. Vai subir em um minuto.

Mais ele nunca subiu.

As três - finalmente - pularam na água gélida atrás de Troy e o encontraram. No fundo do lago. Arrastaram-no para fora, tentaram respiração boca a boca, mas Troy ja tinha ido embora. O médico disse mais tarde que ele quebrara o pescoço ao cair na água e inconsciente, afogar-se.

E nada desde aquele dia tinha ficado bem novamente.
Desde então, lauren evitara essa fazenda como uma praga. Droga, todas elas. Punindo uma a outra. Agora ela estava la novamente e mal podia respirar sem se sentir sufocada com isso.
Dinah se levantou e pegou sua garrafa de cerveja com nervosismo.

-Voce realmente acha que precisa me lembrar do que aconteceu ? Voce honestamente acredita que a morte de Troy não me perseguiu durante esses anos todos tanto perseguiu voce ?

Na sombra fresca da árvore onde antes brincavam em um balanço de pneu, Lauren olhou fixamente para sua prima e viu nos olhos dela a mesma aflição a qual encarava todos os dias de manhã no espelho.

-Não.- ela balançou a cabeça.-Não. É que...- ela olhou a sua volta, para o jardim, para a casa, para o celeiro e sentiu as lembranças puxando-a tão forte quanto uma maré de ressaca.- Eu não entendo como voce conseguiu superar isso . Como voce consegue viver aqui e não se engasgar a cada respiração?

-No começo não conseguia. Droga, tinha todos os meus planos em detalhe.- ela deu uma breve risada e tomou outro gole de cerveja.- Ficaria o verão, ja que Mike me induziu a dar minha palavra....

Lauren balançou a cabeça tortuosamente, pois ela também tinha sido pega pelo mesmo velho astuto.

-.... e depois- continuou Dinah-, eu pegaria a estrada novamente. Para ficar o mais longe possivel de Coleville e das lembranças de Troy.

-E o que aconteceu ?- perguntou Lauren, depois levantou uma mão.-Deixa para lá. Sei o que aconteceu .-ela lançou um olhar para Normani. Agora em meio a um cabo d guerra desesperado com um filhote de cachorro da raça golden retriever que pegara a fronha molhada de sua mão.-A propósito, eu gosto dela.

Dinah sorriu.
-Obrigado. Eu também.-seu sorriso esvaiu-se quando ela acrescentou.-Mas não estava apenas apaixonada por Normani. Estava tentando encontrar uma maneira de ficar em paz com Troy.-o olhar ficou fixo na mulher que ela amava quando ela deu risada, caiu no chão e agarrou o filhote.-Normani ajudou-me a fazer isso. Ajudou-me a ver que Troy não iria querer nos ver nos torturando para sempre.

Lauren não sabia se ela concordava ou não, mas estava inclinada a admitir que aquela crença certamente ajudara Dinah.

-Mulher especial.

-Mais que especial - disse Dinah.-Ela é tudo para mim.

A inveja invadiu Lauren novamente, e ela rapidamente espantou-a. Afinal de contas, não estava interessada em amar ninguém. Muitos riscos vinham com o amor. A possibilidade de um sofrimento era grande. E ela ja tinha sofrido o suficiente durante a vida.

Não. O único romance no qual estava interessada era sobre o qual escrevia. O tipo de romance que dava aos seus heróis e heroínas com os quais lidava em seus livros. E quando ela escrevia o "Felizes para sempre" seus leitores não sabiam ou não se importavam se ela acreditava nisso ou não.

Mas, inconscientemente, seu olhar desviou para a margem do campo, onde caminhava com Mike.

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A força De Um OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora