Não solte minha mão

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O sol está lindo e sinto seu corpo gelado pela água, seu cabelo molhado e seu corpo tremer. Quanto medo eu senti ao vê-la cair, lembro de correr ao seu encontro e de segurar sua mão, como eu fazia quando ela era pequena e tinha medo.

Ao tira-la da água eu a olhei procurando saber se estava bem e quando Bia se deu conta de que eu era a Helena e me abraçou, eu finalmente estava em casa.

Seu choro se misturava ao meu, nosso abraço aquecia minha alma. Ríamos e chorávamos ao mesmo tempo em uma mistura louca de emoções, palavras não foram ditas, só estava eu e ela. Bia e Helena, irmãs que agora estavam juntas. 

Era um mundinho só nosso, mas a primeira pessoa que eu vi se aproximar assustado foi o Manuel, ele se aproximou da Bia procurando saber como ela estava e ela não soltou minha mão. Logo depois Thiago estava perto e veio ver como eu estava. 

Abaixei minha cabeça meio envergonhada, tinha coisas a ser ditas a ele e eu tinha medo, ele tocou meu rosto com delicadeza e depois foi até a Bia. Sua preocupação dizia muito sobre ele e em como ele era especial. Aos poucos outras pessoas foram se aproximando. Mas Bia não me soltava.

Eu só escutava vozes ao fundo e não sabia muito bem de quem pertencia, eu só conseguia ver a Bia. Fomos para um lugar mais calmo e lá nos sentamos, Bia ainda chorava e quando o Manuel perguntava o que tinha acontecido minha irmã ria. 
Eu sentia uma sensação estranha, não sabia muito bem o que fazer. Todos estavam por perto e minha irmã parecia em choque.

Bia: Eu escutei você cantar – disse ela baixinho – Eu escutei!

Ana: Escutou? – eu não entendia o que ela queria dizer.

Bia: Eu senti tanta falta de ouvir você cantar – ela abaixou a cabeça – E quando eu escutei você cantar gritarle al mundo eu me senti tão confusa.

Sorri baixo, Thiago tinha me gravado e eu me sinto tão segura com ele que nem liguei e isso foi o que fez eu e Bia nos reencontramos como irmãs. Olhei para ele que estava mais afastado e ele abaixou a cabeça e eu sorri, o conhecia e ele deve estar se culpado. Eu sabia, pois passei metade da vida me culpando e isso me faz pensar no Victor e um lindo sorriso me vem ao rosto ao lembrar do nosso encontro na ponte onde prometemos nos amar para vida toda.

Ao olhar minha mão eu lembro da felicidade que eu sentia enquanto caminhava para o seu encontro, para o encontro do meu primeiro amor.

Bia: Helena – ela disse ainda baixo – Eu....

Chiara: Bia sua mãe está vindo.

Minha mãe.

Bia me olhou e eu soltei minha mão da sua e me levantei assustada, meu coração batia forte e eu senti como se não tivesse ar para respirar. Eu estava com medo, muito medo.

Fechei meus olhos tentando me concentrar em buscar ar, quando senti as mãos quentes do Thiago em volta da minha, ele estava ali e isso me acalmava.

Abri meus olhos e ele tinha o seu olhar sereno que sempre me transmitia paz e a certeza de que tudo ficaria bem. E ao olhar para Bia ela mantinha seu olhar em nós dois, Thiago se afastou de mim e foi até ela e se abaixou e segurou sua mão. Estava tão nervosa que não consegui escutar o que eles diziam e então os dois vieram para perto de mim.

Bia: Precisamos conversar depois – disse segurando minha mão e eu só concordei.

Depois disso Thiago me levou para a República e me fez um chá, ao tomar o chá em silêncio eu via seu olhar em mim. Seu olhar assim como o meu tinha uma mistura de sentimentos e era confusão.

Thiago: Sinto muito Ana – o olhei sabendo o que ele queria dizer – A culpa foi minha!

Ana: Não foi culpa sua – ele parecia não entender – A verdade é que eu nunca contaria a verdade Thiago, aconteceu como tinha que ser e agora eu tenho que lidar com isso – me aproximei dele e ele me abraçou carinhoso – Eu tenho medo do que está por vim. 

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