Calmaria

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Sorrio ao me dar conta de que hoje eu jantaria com minha família e que o Thiago estaria lá não só como o meu melhor amigo que me salvou, mas sim como o homem que eu escolhi para mim. É loucura imaginar tudo que passamos, nos meus sonhos, eu me imaginava com minha família, mas nunca achei que poderia acontecer, que meus pais me receberiam assim, livre de ressentimento.

Ana: Sabe que o Manuel vai nesse jantar também né? – ele riu divertido. 

Thiago: Eu tô começando a ficar bem preocupado – eu fiz uma careta – Seu pai não é bravo não né? – fingi pensar – Ana??

Ana: Ele só quer me ver feliz – ele piscou pra mim – E você me faz feliz, ele só está curioso sobre como vivemos anos atrás.

Thiago: A então vou falar que você era muito desorganizada – o olhei indignada – Mas que sempre foi um anjo.

Ana: Isso fala as coisas boas – ele me abraçou – Uma noite de calmaria é disso que precisamos – ele concordou. 

Thiago: Precisamos mesmo – ele me olhou preocupado – Marcos esteve em frente da República, com nada mais e nada menos que o Antônio.

Eu não podia acreditar na cara de pau desses dois, mas o que esperar também, já que o Antônio o ajudou com o lance do Fundon era claro que ele faria o mesmo, pensar nele me dava raiva e medo de tudo que por culpa dele, eu passei. Mas hoje era pra ser uma noite tranquila e divertida e assim seria, amanhã eu lidava com isso. 

Ao chegar em casa, eu fui logo cumprimentar meus pais, a saudade que eu sentia deles não diminuía ao contrário, agora que eu podia vê-los sempre e estar com eles, ela só aumentava. 

Alice: Agora vocês não precisam mais recusar os meus convites – ela riu divertida.

Thiago: Foi mal por isso – ele riu – Mas agora estamos aqui e isso que importa – concordei com ele.

Ana: E a Bia?

Mariano: Já vem com o Manuel – ele fez uma careta.

Ana: Papai não vai implicar com ele.
Mariano: Eu jamais faria isso – minha mãe olhou pra ele – Como vai Thiago? – ele estendeu a mão todo sério para o Thiago que a pegou – Estou curioso, me conta – eu abaixei a cabeça envergonhada – Como era a Helena no tempo que moravam juntos?

Olhei para minha mãe pedindo ajuda, mas ela parecia tão ou mais curiosa que meu pai, então o jeito seria acompanhar eles até a sala e vê-los falando da minha vida. 

Thiago: O quer saber? – Thiago parecia se divertir com isso.

Alice: A parte divertida, as dolorosas já sabemos – sorri triste.

Era bonito, mas era triste ao mesmo tempo, eles queriam poder fazer parte dessa época da minha vida e saber disso me fazia ama-los ainda mais. Nos sentamos no sofá e minha mãe sorriu para mim, era bom poder estar ali, em um dia normal, conversando com eles. Sempre achei que não aconteceria. 

Thiago: Ana sempre foi doce, mas bem forte também – me encostei nele – E um desastre na cozinha. 

Mariano: Isso ela é mesmo – ele e minha mãe riram – Lembra amor? Do dia que ela queria fazer uma surpresa pra gente e quase colocou fogo na casa?

Alice: A se lembro – ela olhou para o Thiago – O plano dela era fazer um bolo lindo para comemorar nosso aniversário de casamento.

Ana: Era pra ser lindo – disse me lembrando e isso era tão bom, poder lembrar – Mas ai eu fui tocar um pouco pra passar o tempo.

Thiago: E deixa eu adivinhar – ele riu da minha cara – Você esqueceu?

Mariano: Ela esqueceu e quando chegamos em casa tinha tanta fumaça que eu nem consegui ver ela.

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