01. A Infância da Princesa

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"Tão doce a sua fala, tão sábias palavras disse,
Que imóveis todos ficaram, como em sonho feliz,
Ficamos parados para não acordar; mas, encerrada a prosa,
Ele deixou o salão e se dirigiu lá para fora;
E ninguém perguntou nada, nem dele foi atrás"

Edda em Verso

AOS SETE ANOS, AS MENINAS NASCIDAS NOBRES já estariam aprendendo cortesias e a bordar, talvez até mesmo já sendo iniciadas na aprendizagem de algum instrumento, como flauta ou harpa

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AOS SETE ANOS, AS MENINAS NASCIDAS NOBRES já estariam aprendendo cortesias e a bordar, talvez até mesmo já sendo iniciadas na aprendizagem de algum instrumento, como flauta ou harpa. Estariam tendo seus cabelos escovados e presos, ouvindo histórias e canções, dormindo em camas confortáveis e brincando de bonecas.

Não eu.

Aos sete anos eu estava em um acampamento com meu pai, cheio de soldados, cavaleiros e servos, enquanto montávamos cerco ao redor de uma das maiores fortalezas de Astana, que era chamada Járnhnefi, Punho de Ferro, — e a última que os homens de Ulstan, o rei de Carmago, ainda mantinham. Já havíamos conseguido expulsar os soldados de Carmago de grande parte de Astana ao longo de inúmeras batalhas nos últimos anos. Minha irmã, Emmeline, tinha cinco anos e estava com nossa mãe e nossa avó no Kristalhöll, bem longe de onde eu me encontrava.

Porém, sendo herdeira de meu pai, sendo aquela que um dia assumiria o trono como rainha reinante — visto que minha mãe não pudera ter mais filhos —, era melhor que eu compreendesse todos os aspectos de meu reino, não apenas a paz, mas também o que fazer em casos de guerra. Não se governa um reino com bordados, meu pai costumava dizer. Por isso mantinha-me junto a ele quando marchava, e agora enquanto mantinha o cerco. Havia nascido entre guerras, e crescia em campos de batalha.

Uma noite, enquanto dormia profundamente na tenda real, gritos foram capazes de me acordar. Estava assustada e desorientada, assim como Margrethe, esposa de um dos cavaleiros que me fazia companhia na tenda quando meu pai não estava, juntamente com Robin, seu filhinho um ano mais novo que eu. Ela parecia tentar manter a compostura para não apavorar a mim ou Robin, mas eu já estava apavorada.

— Onde está meu pai? — perguntei, quase gritando, ao notar que ele não estava ali — Pai!

— Princesa, fique aqui! — Margrethe exclamou, saltando do lugar onde dormia, mas eu já havia saído da tenda.

— Pai! — gritei, sem dar atenção aos guardas que estavam perto, responsáveis por minha segurança — Pai! Papai!

Tudo estava um caos. Os cavaleiros, seguidos por seus escudeiros, e soldados corriam de um lado para o outro, tentando se organizar, e também havia fumaça; serviçais gritavam uns com os outros para se apressarem, e cavalariços traziam montarias. O céu estava nublado, escuro, e por um momento senti medo, mas logo este sentimento passou quando vi um grande cavalo de pelagem castanha se aproximar de onde eu estava.

O homem de armadura que encontrava-se montado no animal inclinou-se na sela e me encarou com o rosto severo e os olhos cinzentos brilhando mesmo no escuro.

A Rainha de FerroOnde histórias criam vida. Descubra agora