"O lar é o melhor,
ainda que seja pequeno;
cada homem é livre em casa"— HÁVAMÁL (Os Ditos de Hár)
MINHA PARTIDA DE SAMANTIA NÃO FOI cheia de pompa ou ao som de tambores, e assim foi ao meu pedido; os Jarls samantianos encontravam-se presentes e reuniram-se para uma despedida formal. Rei Sverre Fagerberg beijou minha testa e sua rainha, Guðrún, beijou meu rosto, como alguém faz com uma filha. Sten foi o último a se despedir de mim, segurando minhas mãos e beijando meus dedos, fazendo com que um arrepio percorresse minha coluna ao sentir seus lábios em minha pele — lábios esses que já haviam tocado várias partes de meu corpo.
— Espero voltar a vê-lo rapidamente — sorri.
— Tenho certeza de que não demorará muito para que isso aconteça — respondeu, encarando adiante, por cima de meus ombros.
— Não irá olhar para mim? — murmurei.
— Olhar para você é como olhar para o sol, dróttning — retrucou no mesmo tom que eu, mas seus olhos examinaram brevemente meu rosto.
Por um momento estranhei seu comportamento, porém, limitei-me a apertar suas mãos entre as minhas, já sentindo saudades de seus olhos escuros e longos cabelos castanhos; o príncipe havia se tornado um homem tão bonito e forte, e era agradável estar ao seu lado. Estava apaixonada por ele.
Desviando a atenção de Sten, concentrei-me no que mais havia me emocionado neste dia de minha partida: o fato de que os camponeses se amontoaram nas estradas e no porto de Höfnalvöru para tentarem me ver; acenavam e gritavam, lamentando minha partida.
— Dróttning Artemisia! — eles gritavam — Dróttning! Princesa do Inverno!
Com um sorriso ao observá-los, e sentir o carinho dos samantianos por mim, ergui o braço e acenei, mandando alguns beijos enquanto sentia meu coração se aquecer. Toquei brevemente as pulseiras rústicas que usava nos pulsos e antebraços, por baixo da manga do vestido; após ter dado todas as joias que tinha para as Academias samantianas, várias pessoas presenteavam-me com pulseiras de lã e couro trançado. Sempre que andava pelas ruas eu as recebia, e nenhum bracelete de ouro poderia se igualar ao valor que elas tinham para mim.
Os braços de Nanna rodeando meu corpo em um abraço apertado tiraram-me de meus pensamentos, e eu a abracei do mesmo modo. A irmã mais nova de Sten estava com dezesseis anos e tornara-se uma linda jovem de cabelos castanhos que caíam em ondas até os quadris, e grandes e expressivos olhos verdes com os quais seu vestido combinava.
— Não queria que fosse embora — falou ao se afastar. Coloquei a mão gentilmente em seu rosto e ela a segurou ali, com os olhos úmidos — Queria que ficasse e se casasse com meu irmão, assim seríamos irmãs por lei!
Enxuguei a lágrima que escorreu por sua bochecha, sorrindo para ela; iria sentir saudades de Nanna.
— Lítil stúlka, não chore — acariciei sua face — Preciso voltar para Astana, mas ainda gostaria de casar com seu irmão e tornar-me sua irmã. E talvez isso ainda aconteça.
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A Rainha de Ferro
General Fiction"VIDA LONGA À RAINHA!" Essas foram as palavras gritadas quando uma mulher de 23 anos subiu ao trono de Astana, o reino mais poderoso de Stór Eyja. Diante dela, não apenas o desafio de ser uma governante jovem em um mundo dominado por homens, mas tam...