"Feliz durante a noite fica
aquele que confia em suas provisões;
curtas são as áreas de um barco;
mutável é a noite de outono.
Muitas são as mudanças do tempo
em cinco dias,
mas ainda mais em um mês."— HÁVAMÁL (Os Ditos de Hár)
JÁ HAVIAM SE PASSADO TANTOS ANOS que quase tinha me esquecido de que o Kristalhöll era tão grande por dentro quanto por fora. A sensação do calor agradável envolveu-me como um abraço; a enorme construção possuía fornalhas no subsolo e o vapor aquecia as paredes de pedra, sendo levado até os andares superiores por pequenos canos. A vantagem do contato que Stór Eyja tivera com os romanos era que muito de suas invenções e arquitetura foram aproveitadas por nós. Até mesmo termas tínhamos no primeiro andar!
Robin mantinha meu braço enlaçado ao seu enquanto caminhávamos pelos corredores até meu quarto, contando-me resumidamente sobre tudo o que acontecera desde minha partida; ao que parecia, a maior novidade fora o casamento de Emmeline. Meu amigo disse que, durante toda a cerimônia, meu pai não sorriu nem mesmo uma única vez, e também contou que minha mãe o convencera a permitir o casamento, pois minha irmã estava apaixonada por Jostein Úlfarsson, que era Jarl de Hábjarg e por isso um bom pretendente. Porém, para o rei não demonstrar aprovação...
Chegamos nas grandes portas de carvalho da entrada de meus aposentos, e Robin se despediu por um momento, dizendo que voltaria mais tarde para me escoltar até os aposentos do rei. Entrei, vendo a grande sala que era minha antecâmara, com a grande mesa de madeira escura com suas cadeiras de espaldar alto, as cadeiras com peles confortáveis em frente à lareira... tudo limpo e arrumado, como no dia em que parti.
Uma grande felicidade cresceu em meu peito, como estava feliz por estar de volta!
Fui até a porta que dava para meu quarto de dormir, e ali, ao lado da minha cama com cortinas vermelhas em tom escuro, estava uma mulher ruiva e alguns anos mais velha que eu. Seu rosto bonito se iluminou em um sorriso ao me ver.
Corri até ela e a envolvi em um abraço do jeito que sempre fizera antes de partir para Samantia.
— Arnora... — falei, ainda abraçada com ela, que ria — É tão bom ver você novamente!
Arnora Roarsdóttir era minha serva pessoal, assim como Robin, e eu a considerava uma amiga querida. Seu abraço era quente e acolhedor.
— Senti tanto sua falta, Artemisia! — se afastou — Deixe-me olhar para você, está tão linda!
— Também senti sua falta — sorri, apertando suas mãos.
— Que pulseiras são essas? — alisou meu pulso, parecendo curiosa.
Segui seu olhar e vi que depois de todo o tempo ainda não havia tirado as pulseiras trançadas que o povo de Samantia me dera.
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A Rainha de Ferro
General Fiction"VIDA LONGA À RAINHA!" Essas foram as palavras gritadas quando uma mulher de 23 anos subiu ao trono de Astana, o reino mais poderoso de Stór Eyja. Diante dela, não apenas o desafio de ser uma governante jovem em um mundo dominado por homens, mas tam...