"Hæsvelger é o nome daquele
Sentado além do fim do céu,
E do grande farfalhar de suas asas de águia
Nascem as lufadas de vento."— Vafthrudni's-Mal (Discurso de Vaftrudener)
(Tradução inglesa de W. Taylor)O LUGAR EM QUE EU ESTAVA era desconhecido, mas apesar disso não sentia receio de caminha ali. Era um jardim muito bonito, talvez por isso não sentisse medo, e algumas flores me eram estranhas. Conseguia sentir o calor do sol aquecendo minha pele, enquanto procurava por alguém que encontrei sentado em um dos bancos entre os arbustos.
O homem aparentava ser alguns anos mais velho do que eu, de cabelos curtos e um ar taciturno que o fazia parecer pouco amigável. Havia uma cobra de escamas rubras em seu ombro, parecendo adormecida, o que surpreendeu-me grandemente; como poderia aceitar tranquilamente que um animal peçonhento ficasse sobre ele?
Os olhos do desconhecido se arregalaram quando encontraram os meus, e estendeu uma mão em minha direção como se pedisse que me aproximasse. A cobra sibilou, atraindo minha atenção; não mais adormecida, tinha a cabeça erguida e a língua bifurcada mostrava-se por entre as presas. Apesar de bela e brilhante, a criatura me causava asco, queria arrancá-la dali e pisar em sua cabeça.
E foi o que fiz.
Aproximei-me em passos firmes e ergui a mão, porém, para meu espanto, o homem segurou meus braços, assumindo um semblante endurecido, como se quisesse impedir que eu machucasse o ser pestilento. Tolo! Eu estava tentando ajudar.
Tentei me soltar, mas ele tinha um aperto de ferro. A cobra sibilou mais uma vez, se erguendo, e lançou-se em minha direção, fincando as presas em meu peito. Foi uma dor e ardência terrível que senti, como se o veneno se espalhasse lentamente por meu corpo, dando-me uma morte lenta.
Acordei sobressaltada em minha cama, encarando a escuridão com o coração acelerado; levei a mão ao peito, tateando a região que ainda parecia doer, e só me acalmei ao perceber que não havia nenhuma cobra ou ferimento ali. Respirei fundo, empurrando as peles para longe de mim e saindo da cama para beber uma taça de água rapidamente.
Voltei a deitar, trêmula, e fechei os olhos fortemente; detestava quando sonhos deixavam-me assim, com a sensação de que era fraca e medrosa. Havia quem dissesse que todos os sonhos significavam algo, mas o que significava esse? Que iria morrer pelo veneno de uma serpente qualquer?
Adormeci novamente, dessa vez não sonhei, e apenas acordei com Arnora chamando meu nome suavemente.
— Precisa levantar, dróttning — sua voz chegava aos meus ouvidos — Artemisia.
— Não — reclamei, ainda de olhos fechados — Não vou à missa hoje, mande Robin avisar minha mãe.
Escutei os passos de Arnora se afastando, e, balançando a mão sem abrir os olhos, alcancei a cortina da cama e a fechei.
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A Rainha de Ferro
Fiction générale"VIDA LONGA À RAINHA!" Essas foram as palavras gritadas quando uma mulher de 23 anos subiu ao trono de Astana, o reino mais poderoso de Stór Eyja. Diante dela, não apenas o desafio de ser uma governante jovem em um mundo dominado por homens, mas tam...