07. Encontros na Cidade

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"O abeto definha,
aquele que se encontra no campo:
nem casca nem folhagem o protege.
Assim é o homem,
aquele que não é amado por ninguém:
como ele poderia viver por tanto tempo?"

HÁVAMÁL (Os Ditos de Hár)

MAIS CANSADA DO QUE JULGUEI estar, não acordei sozinha, nem mesmo quando Arnora entrou em meu quarto de dormir e afastou as cortinas da grande janela e também as de minha cama

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MAIS CANSADA DO QUE JULGUEI estar, não acordei sozinha, nem mesmo quando Arnora entrou em meu quarto de dormir e afastou as cortinas da grande janela e também as de minha cama. Somente ao sentir sua mão balançando meu ombro que despertei, abrindo os olhos lentamente; encontrava-me tão confortável que demorei a levantar.

— Vamos, Artemisia — Arnora chamou, movendo-se pelo cômodo para encher com água a vasilha que ficava na mesa ao lado da cama, e separar algum vestido para mim — Robin avisou que o rei já está de pé e lhe aguardando.

Isso foi o suficiente para fazer com que me erguesse da cama, indo lavar meu rosto e minha boca. De todas as pessoas que deixei em Astana, era de meu pai que mais senti falta; havia sido criada por ele e fora ele que supervisionara minha educação, assumindo para o reino que eu era sua herdeira inquestionável. Não existia outro ser nesse mundo capaz de me conhecer como meu pai.

Alisando brevemente o vestido que usava e consciente de que meu estômago começava a dar sinais de fome, entrei nos aposentos do rei após ser anunciada.

— Minha filha — veio a voz que durante tantos anos fiquei sem escutar — Minha amada filha.

Ele era um homem alto e de ombros largos, com um rosto severo e olhos cinza azulados como os meus. Os cabelos, que sempre usou curto, estavam grisalhos — precocemente grisalhos, se me lembrava bem, talvez pelos poucos períodos de paz em sua vida —, embora alguns resquícios de cor negra pudessem ser vistos.

— Meu rei e pai — fiz uma reverência.

Assim que ele se levantou da cadeira, apoiando as mãos na mesa, fui em sua direção e me joguei em seus braços sem hesitar. Ele ainda tinha o mesmo cheiro e o mesmo abraço que me fazia sentir protegida; senti seu beijo em minha cabeça e um carinho em meus cabelos, como sempre fez quando eu era criança.

Papai afastou meu corpo e segurou meu rosto entre as mãos, olhando-me nos olhos com um sorriso suave. Palavras não eram necessárias entre nós.

— Você ainda parece cansada — me puxou para que sentasse à mesa no seu lado direito — Vamos tomar o desjejum.

A longa mesa já estava servida com cerveja, hidromel e leite, além de pão, mingau, ovos cozidos e bacon.

— Harald Bardsson de Gráttberg morreu — ele disse, sem hesitação, após alguns momentos de silêncio — Knud agora é Jarl.

Parei a colher com mingau diante de minha boca e olhei surpresa para meu pai. Jarl Harald fora um bom homem, e seu filho era uma boa pessoa. Knud Haraldsson e eu nos conhecemos quando eu tinha doze anos e ele treze. O rei organizara uma viagem pelo reino unificado, finalmente sem guerras com Carmago, e isso fez com que parássemos em Gráttberg, e foi onde o conheci.

A Rainha de FerroOnde histórias criam vida. Descubra agora