eu não me vesti de anjinho

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Foi confirmado. Vai prestar? Nem um pouco. Mas eu finjo que sim, estou amando fingir que sim. E como ninguém dirige barco nem nada do tipo, tivemos que pagar um cara. E estamos levando carne e bebida alcoólica. O tanto de dinheiro que gastamos com garrafas é simplesmente igual ao meu primeiro salário. Se não morrermos hoje, com certeza morreremos na Grécia.

Jaehyun disse que lá é lindo. Lindo demais. E que a casa que iremos ficar tem uma arquitetura única. Única, foi a palavra que ele utilizou para dizer. E que Atenas é incrível, que visitaram outra ilha também, que tudo era lindo. Lindo e perfeito. Falou do papel higiênico, de como a comida era gostosa, da televisão que não se entendia nada, do azul néon do mar e como queimou a bunda ao sentar-se numa escadaria pintada de branco. Disse que ficou assada e quis até me mostrar. Eu falei que poderia ser depois, mas não sei se ele entendeu que eu estava brincando de ser malicioso.

E aqui estamos nós, tentando entrar na minivan que Jaehyun alugou, com as todas nossas coisas. Taeyong está vestindo uma bermuda de flamingos, sandálias de tiras largas, e uma camiseta humorada que diz "what's up, beaches?" com uma ilustração de praia acima. Tomara que ele não use essa porra na Grécia. Se ele aparecer com ela lá, infelizmente vou ter que botar fogo. Camisa digna de tiozão do "pavê ou pacumê", com esse humor terrível em colocar "beaches" ou invés de "bitches". Parabéns, Taeyong, por me fazer questionar o porquê de eu gostar de você.

— Vai ter que tirar essa caixa térmica daí, ou alguém vai ter que ficar no colo de alguém — Yuta adverte. — Está muito grande. O que é isso?

— Ten disse que era para encher de gelo, água e tem a torta gelada que ele trouxe para a gente comer depois da carne — Doyoung conta no meu lugar.

— Pra que água? A gente já vai estar cercado de água! — a burrice de Yuta me faz querer levantar uma hashtag no Twitter para cancelar ele logo. Cancela, cancela essa peste.

— Você é peixe, por acaso? — cruzo os braços.

— Tá, então Taeyong fica no meu colo e sua caixa com água doce fica aí onde está — e percebo que nem ele está mais com paciência para brigar comigo. Que bom.

— Por que Taeyong no seu colo? — e pra que porra eu fui perguntar isso? Por que, Ten? As interpretações são amplas. Bem amplas. — E-eu fico no colo de Jaehyun. Né, Jaehyun?

— Que colo o quê, Chittaphon? Ninguém vai ficar no meu colo, não — a porra do Jaehyun decide rejeitar.

— Jaehyun, seu colo emana a energia do "vem sentar que eu quero", então não reclama — eu me levanto de onde estou e me sento no colo dele. Deixo que Taeyong sente no meu lugar, porque é mil vezes melhor do que vê-lo no colo de Yuta com toda aquela palhaçada e provocação que acontece quando estão próximos. E Taeyong não vai ficar nunca no meu colo, porque Yuta vai ficar brigando, então é bem melhor que eu sente em Jaehyun mesmo. Prefiro.

Eu sei que Jaehyun está com a cara fechada. Eu não digo mais nada. Lotamos a minivan com um bocado de coisas desnecessárias. Tipo as bóias macarrão coloridas que o japonês traz consigo. Ou a caixa térmica com a carne que iremos comer. Eu estava para trazer um balde para caso algum de nós vomitar, mas falaram que iria ocupar espaço e que não iremos usar. Hmm... Eu amo dizer que avisei, por isso deixo tudo bem quieto.

— Você é chato pra caralho, Chittaphon — Jaehyun sussurra comigo. Eu pego seus braços eu jogo ao redor do meu quadril.

— Cala a boca, você gosta — e ele não reclama do que falo.

E assim que nos acomodamos, Doyoung pede para o motorista dar a partida. E aqui vamos nós, brigando sobre quem irá colocar a música no carro e qual será a próxima, porque a playlist que Yuta fez só tem baixaria, e que iremos escutar quando estivermos já na embarcação. E no meio dos "one kiss is all it takes" e "thank you next", Doyoung vai gritando:

thé et fleurs༶✎༶tae. tenOnde histórias criam vida. Descubra agora