eu posso me vingar de algo que você me fez?

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As primeiras horas fora passamos fazendo compras. Entramos em algumas lojas e ainda dei dicas de outfit para as meninas. Hanee é um pouco brega, então tentei dar um pouco de luz a ela com algumas dicas. Inúmeras vezes dividimos o grupo: uns indo por ali; outros, por aqui... Só estamos visitando coisas dos nossos interesses. E nessa de divisão, eu mal fico com Taeyong. E até prefiro, sendo honesto, porque fizemos um acordo mais cedo de que ele irá deixar Yuta longe de mim, antes que eu jogue outro coco na cabeça dele. E estamos assim.

Eu não vesti a camisa que Taeyong me indicou mais cedo. Vesti outra, com estampa de morangos, solta e fina. O vento entra e sacode tudo, beijando minha pele antes que eu fique suando. Não quero ficar grudento de suor, então essa foi uma boa opção. E nos momentos que andamos em grupo, Taeyong caminha perto de mim. Mas quando Yuta surge, ele o afasta com uma conversa diferente e ambos ficam longe. Pelo menos isso o impede de ficar num grude comigo.

Falo cedo demais, já que ele me segura o braço num momento aleatório e me puxa para um canto. Até olho para ver se o resto do pessoal está indo muito rápido, caso contrário iremos nos perder do grupo. Mas tudo que eu vejo é Jaehyun brincando de lutinha com Doyoung enquanto todos caminham feito preguiças.

— Primeiro... — Taeyong começa, mas do nada me dá um beijo rápido na bochecha. — Segundo... Olha o que comprei — ergue a ecobag que ele mesmo trouxe. Tem duas pistolas de plástico lá dentro.

— Arminha de criança, Taeyong? — questiono.

— Não, besta... — joga as alças da bolsa no ombro direito. — Nossa vingança. Yuta não me jogou na piscina? E ele também não cuspiu água em você com o canudo? Essa é a nossa vingança.

— A vingança tem que ser do tamanho do ódio que tenho pelo comportamento dele. Eu já joguei coco... Mas sabe o que seria melhor? Se ele estivesse lá no térreo, só que onde fica a piscina, e eu estivesse com cinco melancias grandes nas mãos, lá no terraço... E então eu jogasse as cinco bem na cabeça dele — quando eu narro, escuto ele dar um suspiro impaciente. — Estou falando sério.

— A gente poderia fazer tipo isso, só que sem as melancias... — ele olha rapidamente para o pessoal caminhando pela rua. — Mais tarde. Que acha?

— Vamos atirar água nele ao invés da melancia?

— Sim?

— Que decepcionante... — cruzo os braços e dou uma sacudida no cabelo para a franja ir pra trás. — Tudo bem, então.

Taeyong sorri e tenta se aproximar para me beijar, porém me afasto antes de conseguir. Jesus, esse menino só pensa em beijo!

— Ay, Chittaphon... Então você gosta de vingança? — ele pode até não ter conseguido o beijo, mas está juntinho a mim. Não sei se gosto disso.

— Depende.

— Eu posso me vingar de algo que você me fez?

Eita.

— Se eu disser não, você ainda vai fazer?

— Vou.

— Então pode.

O filho da mãe sorri mais ainda. Penso que irá me detonar ou algo do tipo, mas ele só fecha três botões da minha camisa e depois ajeita. Fico olhando para sua cara por um tempo, tentando entender. Mas não consigo pegar essa referência. Ele entende isso pelo meu olhar. Aproxima-se mais, me beija os lábios ao passo que fecha meu botão da gola. Fico meio sem jeito com isso, por isso quebro o beijo e me afasto um pouco.

— Feche os botões, Ten. Está quase nu — pela mudança de tom, certamente está tentando me imitar. E só agora consigo me lembrar do que ele está se referindo.

O desgraçado sai andando com um sorriso no rosto e, depois disso, fico quieto girando um dos anéis no dedo. Seguimos caminhando e eu até gosto do fato de sermos bem vagarosos. Lembrei que ainda preciso ir à Tailândia resolver o b.o da família e isso me faz lembrar do meu avô. Por isso estou usando esse anel, pois era dele. Ouro. Entre o anel em formato de cobra e o com meu próprio nome escrito na superfície chata, há um dourado largo, que mais parece um labirinto, que ganhei da última vez que visitei meu avô. E eu gosto de tê-lo comigo, pois é meu favorito. E por isso gosto de brincar com ele, remexer, tirar do lugar, girar... Ele é folgado para o meu dedo, então o uso com o dobro de atenção. Eu gosto de me divertir com ele.

— Então quer dizer que você e Taeyong estão de volta... — Jaehyun aparece ao meu lado, me assustando. — Não vou fingir surpresa.

— Doyoung que te contou, né? — respondo ao parar de fitar o mar e me virar para ele. — Ele nunca fica quieto.

— É, mas só foi pra mim. Ele me fez guardar segredo — Jaehyun gira o boné que está usando e deixa a aba virada para trás. — Vocês são bonitinhos até... Você mudou, então acho que vocês podem dar certo, se você cooperar.

— Mudei?

— Você ficou um tempão com Taeyong e normalmente tu não fica tanto tempo com um cara só. E agora vocês voltaram para o de antes, o que definitivamente não acontecia. Você realmente gosta dele, Ten — anda colado a mim, com medo de alguém escutar. — Só que você nem percebe isso.

— Eu já te disse que gosto dele.

— Então vocês estão namorando?

— Não — olho para Taeyong, que está ao lado de Doyoung, como vela dos beijos que ele dá na bochecha de Minyoung.

— Imaginei... — Jung solta um suspiro e lentamente vai se afastando de mim. — Fique aí com seu amor reprimido que eu vou comprar sorvete.

— Quê? — quando falo, ele finge não escutar.

Amor reprimido... Até parece. 

thé et fleurs༶✎༶tae. tenOnde histórias criam vida. Descubra agora