Capítulo 2

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_Domingo, 30 de maio de 2004._

Por Cole:

Hoje a briga começou mais cedo, não entendo o por que, assim que começaram a discutir eu subi com o Dylan para o quarto dele. Dylan é meu irmão mais novo de 4 anos e não deve estar entendendo menos ainda.

Os gritos ficam mais altos, aumento mais o volume da televisão, onde passa um dos filmes do Shrek, até que não se escute mais a gritaria lá embaixo. Minha cabeça dói um pouco, acho que é por causa da gritaria, e porquê o Dylan estava chorando o que me fez chorar também.
Acabo prestando atenção no filme, e esquecendo de todo o barulho, na parte em que as princesas estão presas junto com o burro e o gato, a mãe da Fiona quebra duas paredes com a cabeça e as princesas começam a rasgar suas roupas e se preparam para lutar, essa é uma das minhas partes favoritas dos filmes. Shrek é o filme favorito do Dylan e ele sempre me faz assistir várias vezes com ele, já decorei a maioria das falas.

Quando o filme acaba percebo que o Dylan já está dormindo, vou até a porta e abro bem devagar eles estão em silêncio agora. Coloco outro filme caso eles voltem a brigar e espero que o Dylan não acorde. Vou para o meu quarto pego o meu casaco e desço as escadas que dá direto na sala, eles não estão aqui, mas escuto as vozes deles vindo da cozinha o que é bom porquê não vão me ver saindo.

Estou indo para a casa da minha amiga, Lili, ela tem dez anos, um ano mais nova que eu, já que eu tenho 11. Ela mora na mesma rua que eu, apenas 3 casas depois da minha. Lili tem uma irmã também, e ela é da idade do Dylan, eles brincam as vezes, mas sempre acabam brigando por algum brinquedo.

Entro na casa dos Reinhart's sem bater, a Lili falou que eu não preciso bater que já sou de casa. O primeiro que vejo é o Tio Daniel ele tá sentado no sofá assistindo ao jogo de basquete, ele não é de falar muito, mas ele é legal.

— Oi, tio.

— Oi, Cole, a Lili está na cozinha com a Amy.

Sorrio, elas devem está fazendo biscoitos, e os biscoitos da Tia Amy são tão bons. Vou até a cozinha já sentindo os cheiro dos biscoitos, assim que entro na cozinha elas me vêm e sorri.

— Oi, Cole, quer biscoitos? —  a tia Amy pergunta sorrindo enquanto tira uma bandeja de biscoito do forno. A Tia Amy é tão legal, sempre faz biscoitos e comidas legais, queria que minha mãe voltasse a ser assim.

— Cole! — a Lili veio até mim e beijou minha bochecha. — Vem me ajudar a terminar de fazer a massa desses biscoitos.

— Não, filha, pode deixar que eu termino. Vem lavar as mãos e senta na mesa para comer com o Cole.

— Tá bom.

Depois que a Lili terminou de lavar as mãos ela pegou na minha mão e me puxou até a mesa, a tia Amy tinha colocado dois copos de leite e os biscoitos.

— Estão muito bons, Tia. — falei com a boca cheia.

— Obrigada, mas cadê o Dylan? Daqui a pouco a Tess chega ai e vai ficar doidinha pra brincar com ele.

— Ele tá dormindo.

— Tão cedo? Ainda nem são 7h.

— Ele estava cansado.

— Tá tudo bem? Eu tô achando você um pouco triste hoje. — ela perguntou se sentando na cadeira na minha frente, senti um negócio estranho na garganta e vontade de chorar de novo.

— Tá sim, tia.

— Seus pais brigaram de novo?

— Lili! Já te falei que não pode fazer esses tipos de perguntas.

— Desculpa, Col. — no mesmo instante ela se levantou e pegou minha mão. — Vem, vamos brincar no meu quarto. — as vezes eles falam tão rápido que não consigo acompanhar.

— Você acha que seus pais vão parar de brigar? — a Lili perguntou quando já estávamos no quarto dela brincando de banco imobiliário.

— Não sei, mas eu espero que eles parem de brigar até a semana que vem, sua mãe disse que ia deixar você ir esse ano nas férias com a gente lá pra casa da minha avó, lá tem praia é bem legal.

Todo ano eu vou com meus pais e o Dylan para a casa da minha avó, é de frente para a praia, eu sempre pedi a tia Amy para a Lili ir com a gente, ela nunca deixou, mas esse ano ela prometeu que ia deixar ir com a gente, eu estou super ansioso para poder mostrar a ela tudo.

— Espero que sim, eu quero muito ir.

A gente continuou brincando um pouco, mas eu não estava me concentrando muito, será que eles ainda estão brigando? Provavelmente sim, senão minha mãe já teria vindo atrás de mim, e se o Dylan tiver acordado? Pode ser bom, como eu não vou tá lá um dos dois vai ter que cuidar dele o que vai fazer a briga acabar.

— Você tá com uma cara estranha. — Lili falou me olhando com uma expressão confusa.

— É que eu estava pensando, e também eu tô com um pouco de dor de cabeça.— expliquei.

— Você quer café? Meu pai toma quando está com dor de cabeça.

— Minha mãe também, só que ela não me deixa tomar.

— Que pena, meu pai diz que o café da minha mãe é uma delícia.

— Se for igual os biscoitos deve ser mesmo.

— Cole?— a mãe da Lili entrou no quarto me chamando.

— Oi?

— Sua mãe está te chamando lá embaixo, acho melhor você descer.

— Tá bom, eu já vou. — me levantei do chão e peguei meu casaco que eu me esqueci de tirar quando cheguei e tinha colocado na cama da Lili.
— Tchau, Lil.

Ela se levantou, me abraçou, deixou um beijo em minha bochecha e sorriu me fazendo sorrir também.

— Tchau, Col.

Minha mãe não estava com uma cara nada boa quando eu desci, já estava me preparando para a bronca que teria que ouvir.

— Cole, o que eu já falei sobre você sair sem me falar para onde está indo? — perguntou quando já estávamos do lado de fora da casa da Lili.

— Desculpa, mas você e o papai estavam brigando e fazendo muito barulho e eu não queria ficar lá.

— Desculpa por isso também, mas eu e o seu pai não vamos brigar, semana que vêm nós vamos para a casa da vovó.

— Sem o papai?

— Sim, sem o papai.

— Amanhã eu vou falar com a Lili que a gente vai poder ir, a mãe dela deixou ela ir esse ano com a gente. — vai ser ruim sem o papai, mas pelo menos a Lili vai poder conhecer lá.

— Filho, eu sinto muito, mas a Lili não vai poder ir com a gente.

— Por que?

— A gente vai demorar muito lá, não sei quando iremos voltar, a mãe dela não vai deixar ela demorar tanto, por isso vamos só eu, você e Dylan, da próxima vez ela vai.

— Por que vamos demorar lá? A gente vai embora? Eu não quero ir embora!

— Cole, você tem que entender que isso não é uma escolha, a gente tem que ir, e se as coisas melhorarem a gente volta.

— Não quero! Não quero! Não quero! — falei enquanto abria a porta e corria para o meu quarto.

Capítulo escrito por goldduda ❤️

Death bed - Sprousehart/ CanceladaOnde histórias criam vida. Descubra agora