30 | Insinuations

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A mansão Montgomery nunca havia sido particularmente cheia de vida, mas ela parecia terrivelmente silenciosa agora. E, pela primeira vez, Alex estava se sentindo culpado por voltar para a escola, deixando toda a sua bagunça familiar para trás, ou tão para trás possível.

Naquele fim de tarde, horas antes de voltar para a Parson, Alex atravessou os corredores da casa praticamente vazia até o quarto de sua irmã, onde Ellie havia se refugiado desde que eles haviam voltado da casa do lago, isso após seu pai ter feito uma mala e os deixado sozinhos. Ele tinha uma caixa com os donuts favoritos dela e esperava que pudesse deixá-la bem antes de sair. 

—  Ei, Ellie-Bear. — ele disse, batendo na porta — Posso entrar? 

Com o fraco "sim" que veio do outro lado da porta, Alex a abriu, entrando no quarto lilás de sua irmã. Ao contrário da maioria das adolescentes, o quarto de Ellie não era abarrotado de decorações, posters ou nada do tipo. Tudo era minimalista e delicado, como se sua irmã quisesse se manter discreta até mesmo ali. 

— Eu trouxe seu preferido. — Alex disse, sentando-se na beirada da cama, onde Ellie estava empoleirada, e colocando a caixa de doces entre eles.  Ellie esboçou um sorriso, mas não se entusiasmou, o que fez Alex cutucá-la carinhosamente — Vamos lá, seja legal com seu irmão favorito. 

—  Você é meu único irmão. — Ellie apontou.

—  Ainda o favorito. — Alex deu de ombros e Ellie sorriu. Alex absorveu o sorriso de sua irmã como uma visão do paraíso. No ápice de seu bullying e crises de ansiedade, ninguém era capaz de levantar seu humor e Alex sempre se amaldiçoava por não ter notado que havia algo terrivelmente errado antes. Ele temia que o sentimento depressivo voltasse agora, quando ela parecia finalmente melhor.

—  Eu te amo, Alex. — Ellie disse suavemente, olhando para o irmão com seus enormes olhos. O coração de Alex se aqueceu.

— Eu te amo, Ellie-Bear. — Alex beijou o topo da cabeça da irmã — E eu estou aqui para você mesmo quando eu não estiver em casa. Tudo que você tem que fazer é usar seu celular. 

— Eu sei. — Ellie assentiu — Você sempre vem. 

— E sempre vou vir. — Alex adicionou, pegando um donut da caixa e a incentivando a fazer o mesmo. Ellie finalmente se moveu, dando uma grande mordida em um donut com cobertura de limão. Eles comeram em silêncio e Alex podia ver que sua irmã estava pensando em algo.

Ellie hesitou, parecendo tentar decidir se dizia suas próximas palavras ou não. Alex não a pressionou, dando-lhe espaço para dizer-lhe o que estava em sua mente se ela quisesse. Ele esperou, fechando a caixa agora quase vazia de donuts e colocando-a de lado.

— Eu estou com medo de ficar sozinha. — ela confessou finalmente — Eu não sou forte o suficiente para mim e para a mamãe, especialmente se ele voltar. 

Eu não sou forte. Ouvir essas palavras da boca de sua irmãzinha que havia passado pelo inferno partia o coração de Alex. Ela não fazia ideia do quão resiliente era, do quanto todos podiam ver que ela estava desabrochando lindamente agora. 

— Você é forte. — Alex disse, olhando-a nos olhos — Mas a mamãe não é sua responsabilidade. É claro, vocês precisam apoiar uma a outra agora, mas você não é a responsável, entendeu? Não coloque isso sobre os seus ombros. 

Ellie assentiu. 

— Obrigada. — ela disse baixinho, escorregando mais para perto e descansando a cabeça sobre o ombro de Alex. 

— Você é forte e muito amada, irmãzinha, e vai conquistar o mundo um dia. Eu prometo. — Alex beijou o topo da cabeça dela. 

Ellie apertou os braços ao redor de Alex, que afundou o rosto no cabelo da irmã mais nova enquanto ela o abraçava. Ele ficava aliviado em saber que Ellie conseguia se abrir com ele agora, conseguia falar sobre o que a incomodava e procurar por ajuda quando precisava. Ela havia guardado seus sentimentos para si mesma uma vez e isso quase havia terminado terrivelmente.

Broken - Por trás das aparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora