34 | Shrapnel

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Quando Sebastian foi chamado, mais especificamente convocado, para o escritório do pai naquele sábado à noite, juntamente com Hailey, ele sabia exatamente do que se tratava. Já era esperado que o patriarca soubesse do seu problema disciplinar, uma vez que Sebastian havia sido advertido pela coordenação da escola por sua conduta após seu desentendimento violento com Mark. Embora seu histórico escolar provavelmente tivesse permanecido intocado graças às cordas puxadas por Bennet Eaton, dentro de casa, isso não o isentava de problemas.

Mesmo que ele não tivesse de fato agredido alguém dentro da escola, Mark havia levado seu ego ferido para casa e chorado para seu pai, que, como a maioria dos pais da Parson Academy, foi diretamente à direção para exigir que providências fossem tomadas contra quem havia machucado seu garoto de ouro. Era óbvio que ele não sabia o motivo que havia rendido uma surra ao filho em primeiro lugar, ou pior, não se importava com tal informação.

Assim, após um feriado de ação de graças sem incidentes, ele estava agora prestes a enfrentar seu carrasco.

—  Eu não vou deixar você se encrencar por causa disso. — Hailey disse baixinho enquanto eles iam juntos até o escritório do outro lado da casa — Eu vou contar ao papai sobre Mark.

—  Não se preocupe comigo, H. — Sebastian assegurou, já sabendo que as palavras doces de sua irmã não seriam capazes de apartar completamente a bronca que ele estava prestes à receber. Hailey ainda estava chateada com toda a situação, mas também furiosa com seu ex-namorado e ao mesmo tempo envergonhada por ter sido enganada e um puxão de orelha era última coisa que ela merecia agora.

Quando ambos adentram o escritório de Bennet, um cômodo espaçoso e de aparência escura, com paredes cor de chumbo e móveis de nogueira, seu pai estava esperando por eles de pé atrás da grande mesa, parecendo absolutamente descontente. Mais do que isso, ele parecia lívido. Ele equilibrava um copo de conhaque entre os dedos e era possível ouvir o tilintar das pedras de gelo na bebida quando Bennet se moveu, dando a volta na mesa e aproximando-se.

—  Eu recebi uma ligação muito agradável da escola essa semana. — ele começou, a hostilidade imperdível em seu tom — Alguém achou que seria uma boa ideia se meter em brigas.

— Papai... — Hailey começou, mas o homem lhe lançou um olhar tão duro que ela se calou imediatamente. Sebastian podia praticamente enxergar a raiva emanando de seu pai em ondas, transformando-o. Seus olhos brilhavam ardentes e era possível ver as veias em seu pescoço pulsando no mesmo ritmo de seu sangue fervendo. Seu foco exclusivo era Sebastian e ele apontou um dedo na direção do filho.

—  Eu te disse especificamente para ficar na linha e não chamar a atenção! — seu pai gritou irritado, subitamente lançando seu copo contra a parede em um ataque de fúria. Hailey pulou, mas foi esperta o suficiente para conter qualquer grito de surpresa. Sebastian sentiu seu corpo ficar tenso diante do comportamento raivoso de seus pai, que nunca havia aflorado de tal forma — E então você vai e briga com alguém da escola! Espanca alguém no estacionamento na frente de testemunhas!

Sebastian endureceu os ombros quando o pai avançou em sua direção, preparando-se para qualquer ataque do homem mais velho, que de fato parou diante dele, nariz a nariz, com uma expressão raivosa. Quando ele ergueu a mão para agarrar o colarinho de Sebastian, o garoto viu pelo canto do olho quando Hailey deu um pequeno passo a diante.

—  Papai, não. — ela implorou, sua voz cheia de súplica e medo — Bash estava me defendendo.

Seu pai mal lhe deu atenção, ainda completamente focado em Sebastian e, quando Hailey foi dar mais um passo na direção deles, querendo defender seu irmão da fúria do patriarca, Sebastian estendeu um braço para impedi-la.

Broken - Por trás das aparênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora