Eu estava meio chateada com tudo que tinha acontecido na sexta-feira. Alya veio me visitar no sábado para saber como eu estava após a vergonha-ultra-mega-blaster-do-yaoi. Ela me disse que eu não deveria me chatear com o que eles poderiam pensar, mas eram eles dois na droga do mangá, óbvio que eles pensariam as piores coisas ao meu respeito.
Marinette, a maníaca que desenhou nós dois e escreveu um romance gay entre a gente.
Após o meu surto, Alya me abraçou e me certificou que não foi tão ruim assim depois que eu saí. Em poucos minutos, todos estavam focados na aula de novo e ninguém parecia lembrar, foi o calor do momento. Pelo menos, foi o que ela me disse.
Mais um dia se passou e eu tentei ficar mais tranquila, tentei focar nas coisas boas, tipo o senhor elogiando meu mangá. Eu estava sempre procurando checar meu e-mail para ver se eles tinham entrado em contato, mandado um sinal de vida, mas havia se passado apenas um dia, não podia ser tão ansiosa assim. Mesmo assim, eu parecia empolgada com a ideia.
Ao mesmo tempo, eu não conseguia parar de pensar em como Luka e Adrien estavam. Eu sentia vontade de ligar, de perguntar de 0 a 10 o quanto eles me achavam doida por ter aquela ideia. De certa forma, eu tinha me acostumado a ter os dois por perto, havia me aproximado bastante e considero até nutrir uma pequena e boba paixonite. Mas com certeza, eu não deveria ficar pensando demais nisso. Ia passar.
Interrompendo meus pensamentos, a voz de minha mãe invadiu o quarto anunciando que eu tinha uma visita. “De um menino bonito” ela frisou e eu corei, mas ainda não tinha visto quem era.
Luka adentrou meu quarto, com sua típica guitarra pendurada nas costas. Eu sorri um pouco sem graça e o convidei para que sentasse na minha cama. Ele tirou sua guitarra do saco que a carregava e deitou sua cabeça em minhas pernas. Talvez Luka fosse um pouco mais ousado e eu adorava isso. Mas não pude conter uma certa timidez que me levou a ficar um pouco vermelha.
— Por que não foi ao show?
— Eu estava com vergonha do que aconteceu na sala e tal. - não quis entrar em detalhes.
— Marinette, você tá legal com isso tudo? - ele disse.
— Ah, eu acho que sim… Fiquei mais preocupada com você e com o Adrien, sabe?
— Por que?
— Eu… Eu não sei direito. Eu ia contar pra vocês, sabe? Mas não deu tempo, pelo visto. - encolhi meus ombros e suspirei.
— Bem, eu vou ser sincero a você, Marinette - ele disse em tom sério e eu engoli a seco — Eu achei o máximo! Você tem um talento único e se eu fosse fã dessas coisas, eu com certeza compraria. A forma como eu e o Adrien nos encaixamos, parecemos tão conectados, a forma que você fez isso, Marinette. Eu achei irado, achei o máximo. E me ver desenhado ali, saber que de alguma forma você me enxergou como um personagem, ou melhor, um protagonista. Você é demais, Marinette.
— Meu Deus, Luka! Então você não tá bravo?! Ah, isso é maravilhoso!
— Claro que não, Marinette. Eu só não namoraria o Adrien. - ele riu — Nada contra homens que ficam com homens, mas ainda não vejo isso como minha praia, sacou?
— Ai Luka, como você é bobo! - eu ri junto com ele e baguncei seu cabelo.
Em um impulso, Luka se levantou do meu colo e se sentou, ficando de frente para mim. Ele me encarou por alguns segundos e ajeitou a franja que insistia em cobrir meus olhos azuis. Continuei observando os movimentos dele sem saber direito como agir e como estava ficando meio nervosa, comecei a dar mordidinhas internas em meu lábio inferior. Luka era imprevisível, nunca dava pra saber exatamente o que ele ia fazer ou dizer. Ele era muito aberto, muito receptivo, mas algumas vezes tendia a ser misterioso porque de alguma forma, não deixava suas intenções claras, e eu ficava doida com isso, de um jeito bom e de um jeito ruim.
— Marinette, você é a garota mais incrível do mundo - ele disse em tom baixo e suave enquanto olhava ternamente em meus olhos.
— Luka, eu…- não consegui dizer mais nada.
Luka estava próximo demais e eu não sentia vontade nenhuma de sair dali, daquela energia tão gostosa que nos rondava. Luka tirou a mão da minha franja e a deslizou suavemente pelas minhas bochechas coradas, fazendo um leve carinho. Passou o polegar pela minha boca, sentindo a textura dela e logo deslizou seu polegar para meu queixo. No fundo, estava tocando uma das minhas músicas favoritas. A iluminação do quarto estava favorável e tudo parecia perfeito para aquele momento. Luka inclinou seu rosto na direção do meu e colou seus lábios no meu. Era meu primeiro beijo.
Luka Couffaine era meu primeiro beijo.
O beijo de Luka era ousado, ele dava mordidinhas na minha boca, brincava com sua língua na minha. Beijar ele era a sensação mais gostosinha do mundo, mesmo que eu não tivesse prática no assunto. O beijo durou pouco tempo, Luka segurou meu rosto gentilmente e finalizou nosso beijo com alguns selinhos. Eu acho que faltei a aula sobre o que fazer após um beijo, então eu só sorri e fiquei olhando igual uma bobona pra ele. Não sei explicar, mas o rosto dele parecia ainda mais bonito naquele ângulo.
Após algum tempo, Luka voltou a conversar comigo e explicou sobre alguns processos que a banda estava passando para conseguirem uma gravadora bacana. Eu contei sobre o cara da editora que esbarrou comigo e ele pareceu empolgado, na verdade, parecia mais empolgado com as minhas conquistas do que com as dele e eu achava isso fofo demais.
Luka resolveu mostrar uma música nova que estava compondo na guitarra. E cada acorde parecia mágico, como se um anjo estivesse dedilhando as cordas, como se não houvesse mais nada no meu quarto além de mim, Luka e suas notas proferidas pela guitarra. Ele olhava atentamente para mim, deduzo que pra observar e tentar decifrar minhas reações. E eu juro que se pudesse ouvir Luka tocar o dia inteiro, eu ouviria.
Já estava ficando tarde e Luka resolveu se despedir de mim. Nos beijamos mais uma vez e eu estava me sentindo uma rainha. Beijar na boca era ótimo e eu com certeza ia experimentar isso trocentas vezes se fosse preciso, não me importava de ser com Luka, já que ele era ótimo nisso. Antes de descer as escadas, Luka já distante olhou para mim e sorriu.
— Marinette, eu tô caidinho por você. - ele disse ainda com o sorriso no rosto.
— O que?! - eu disse perplexa.
— Boa noite. - ele desceu as escadas e me deixou sozinha no quarto.
Caidinho? O Luka gosta de mim? Oi?
Me deitei na cama imersa em meus pensamentos. Parece besteira, mas eu não sabia o que fazer. E isso me deixou a noite em claro.
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Meu Querido Yaoi
FanficMarinette é uma adolescente que jura de pé junto que Luka e Adrien, seus colegas de classe, formam um lindo casal (pelo menos na cabeça dela). Mesmo sabendo que os dois são héteros, Marinette resolve escrever um mangá yaoi sobre os dois e para isso...