Meu Querido Yaoi

Capítulo 9

Adrien me ligou e perguntou sobre como eu estava. Eu finalmente atendi e larguei de ser besta, ele não tinha culpa pelo que Chloe tinha tramado para mim. Nós marcamos de sair para o parque de diversões, até para eu conseguir me divertir um pouco por conta daqueles dias tão arrastados que passei. Ainda não sabia como iria explicar sobre meu yaoi, mas Adrien parecia querer entender sobre. 

Pus uma calça jeans, um casaco jeans  e uma blusinha preta. Adrien estava com uma camisa branca e uma calça jeans também. Eu o abracei cumprimentando e ele retribuiu, parecia um pouco feliz e surpreso em me ver, depois de tantas chamadas perdidas, tadinho.

— Eu acho que podemos ir nos brinquedos primeiro, qual você quer? - Adrien perguntou.

Apontei para o bate-bate e esperamos na fila. Ao finalmente conseguirmos nossa vez, chocamos nossos carros várias vezes. Se aqueles fossem carros de verdade, nenhum de nos estaríamos aqui para contar história. Eu estava me divertindo e a tarde mal havia começado. 

Após os carros bate-bate, Adrien escolheu um brinquedo bem mais pesado. O Kamikaze, um brinquedo que gira no ar deixando todo mundo lá em cima de cabeça pra baixo e depois cai com tudo. Primeiro, super perigoso, segundo, me dava vontade de vomitar só de pensar. Mas nós fomos.

O Adrien gritava implorando pra sair dali, eu podia jurar que ele estava chorando do meu lado. Eu ria sem parar e de desespero, achando que viva eu não sairia daquele brinquedo. Enquanto Adrien gritava que ia processar o dono do parque, eu rezava em três línguas diferentes pra que aquele brinquedo parasse o mais rápido possível. Foram 3 minutos que pareceram 3 horas. Tinha acabado de me lembrar porquê não simpatizava muito com parques de diversões. Os próprios brinquedos.

Fomos na montanha russa que era pequena e não foi tão emocionante assim, tirando a parte que a gente achou que ia sair voando. Mas de resto, foi mais pra dizer que fomos.

Por fim, resolvemos ir na roda gigante que dava uma ótima vista de Paris. Já estava anoitecendo, então ficava mais bonita ainda. Como era um brinquedo mais tranquilo, finalmente tivemos a chance de conversar. 

— Adrien. Você quer falar sobre o que aconteceu na sala, na semana passada? - comecei.

— Você se sente a vontade pra isso, Marinette? - ele parecia preocupado em ferir meu espaço.

— Claro, Adrien, tudo bem. 

— Eu só não entendo porquê você queria esconder de mim. Não somos amigos? - ele respondeu em tom frustrado.

— Claro que somos. Eu só achei que… É que era inspirado em você e no Luka, nosso colega de classe. Talvez você achasse estranho, não sei - tentei me explicar.

— Entendo. Na verdade, eu achei um pouco estranho, mas isso não me impede de ter achado incrível a forma que você me desenhou. Ficou tão maneiro que acho que eu mesmo comecei a me shippar com o Luka! - ele riu.

— Você gostou? Sério?! Achei que você ia me achar esquisita por desenhar essas coisas. - disse envergonhada.

— Normal você não é, Marinette. Mas quer saber? Você é ainda mais especial pra mim assim. Sério. Gosto de você doidinha. - Adrien confessou. Me senti meio ofendida, mas parcialmente gostei. 

— Você não existe, Adrien! - eu disse empolgada.

— Você apoiou a minha história da Ladybug e do Cat Noir. Por que eu não te apoiaria com o seu yahoo? - pensei se eu deveria corrigí-lo.

— Hmmm… é yaoi. - resolvi corrigir e dessa vez ele me encarava mais tempo que o normal.

— Diz pra mim de novo, Marinette. - ele olhava fixamente para minha boca esperando que eu pronunciasse as palavras novamente.

— Y-yaoi. - falei em tom baixo olhando para os olhos dele.

— Eu quero fazer uma coisa - ele sussurrou e eu já sabia o que era.

— Então faça… - sussurrei no mesmo tom e fechei meus olhos.

Senti a boca de Adrien ir de encontro a minha e sua língua contornar meus lábios devagar. Beijar Adrien era como beijar um príncipe. Doce, suave, devagar. Ele passava as mãos no meu rosto e deixava o tempo escapar através dos seus dedos, nada mais importava. Tudo com ele era mais doce, mais fofo. E então, com o céu já estrelado, vendo Paris inteira, foi meu segundo beijo. Eu não sei se "segundos beijos" importam muito, mas no meu caso, importava. Eu amava cada toque, cada arrepio, cada mordidinha e cada sorriso durante o beijo. Aquela magia que nos envolvia, eu não sabia explicar. Eu não queria uma explicação. Eu só queria que aquilo durasse. E durou, porém menos tempo ainda do que eu esperava. 

Fiquei olhando para as mãos de Adrien meio embasbacada com nosso beijo e sem saber como agir. Me peguei devaneiando e imaginando uma aliança bem ali no dedo dele. Dei um grito e um pulo na cadeirinha da cabine da roda gigante. 

— Marinette?! O que foi? Você não queria me beijar? - Adrien perguntou, na última frase um pouco chateado.

— Não! Eu só lembrei que esqueci dos bolinhos que minha mãe pediu pra entregar, mas agora já é tarde… - menti.

— Eu posso me responsabilizar por isso pra ela, se você quiser. - ele deu de ombros.

— Tudo bem, ok? Não se preocupe com isso. - o assegurei de que consertaria isso. Era inventado da minha cabeça, então eu nem estava ligando muito.

— Marinette, eu posso te perguntar uma coisa? - Adrien me olhou com curiosidade.

— Sim.

— Você… sente algo pelo Luka? - eu quase engasguei.

— Sinto. - disse com um fio de voz.

— E por mim? - ele continuou.

— Também… - respondi mais aliviada.

— Será que um dia teria alguma possibilidade…você sabe, né? A gente… - ele tentou se explicar.

— Adrien, eu não sei… Sentir esse tipo de coisa é novo pra mim. 

— Entendi. Eu só… Caso você escolha ele, eu preciso me lembrar dessa sensação, então só mais uma vez. 

Adrien segurou minhas bochechas, aproximou seu rosto e me beijou novamente ruindo todas as minhas defesas. Foi um beijo mais intenso, mais apaixonado, quase como um beijo de despedida mesmo. E eu fiquei aproveitando o sabor da boca de Adrien se derretendo sobre a minha. Naquele momento, se não fosse o movimento do brinquedo, eu podia jurar que o tempo tinha parado. Se não fossem as pessoas lá em baixo, eu podia jurar que éramos só nos dois. Por um segundo, eu podia jurar que éramos infinitos.

Continuamos a noite passeando pelas ruas de Paris e nos beijando por aí. Adrien me deixou em casa e mais uma vez, nos beijamos. Meus pais me receberam e me olharam com uma cara estranha, provavelmente meu batom tinha saído com tantos beijos. Quando deitei no travesseiro, me deparei com o seguinte pensamento:

O que tá acontecendo na minha vida?