Lobo da Floresta

Magia-8

    No dia seguinte nos levantamos com os primeiros raios do Sol e retomamos viagem. Durante o caminho fiquei perguntando o que Kathryn quis dizer com magia da natureza, e como ela saberia se eu tenho talento para isso ou não, mas não obtive respostas. Me conformei em segui-la até esse tal Círculo Dunídico ou sei lá o que. Ela provavelmente me daria respostas lá, pelo menos eu espero alguma explicação.

    Passado quase um dia inteiro, finalmente chegamos ao nosso destino: um amontoado de pedras no meio do mato.

    - Kathryn... Que diabos é esse lugar? São só pedras espalhadas aleatoriamente. Não me parece mágico... -eu disse, e era realmente o que eu via. Não entendia como aquilo nos ajudaria com qualquer coisa.

    - Bom, pra variar você não está sendo nada paciente, né? Tân ysgarthol. -Kathryn terminou a frase com mais palavras estranhas apontando sua palma estendida na direção da pedra ao centro da clareira. 

Do meio da pedra uma runa se acendeu em fogo roxo. Momentos depois mais chamas roxas estouraram em runas em todas as pedras da clareira. Se incendiaram em uma ordem formando o que agora eu percebi não ser um amontoado aleatório de pedras. Estavam organizadas em um círculo. Eu estava olhando para as chamas maravilhado até que uma memória de semanas atrás me veio à mente: eu já fiz aquilo. Foi exatamente o que eu fiz na clareira contra o lobisomem que me atacou. Mas eu não tive controle das chamas daquela forma e as daquele dia eram chamas verde-esmeralda e essas eram roxo que lembrava ametista.

    Dei a volta com um olhar em cada chama, em cada runa até me encontrar com o olhar de Kathryn. Seus olhos brilhando em roxo me encararam de volta seguidos de um sorriso de satisfação enquanto erguia os braços mostrando o arredor:

    - Isso é magia Ben. Magia permeia nosso mundo desde muito tempo atrás. Eu sou uma druida, o que quer dizer que eu sei utilizar a magia da natureza. Eu quero descobrir se você também tem talento pra isso. -ela parecia quase tão encantada com a magia do que eu. Isso me fez perceber que a magia provavelmente fez uma parte importante na vida dela, embora eu não tenha certeza do que.

    - Se isso é magia, eu acho que eu já fiz isso antes... -eu disse em voz baixa.

    - Você já fez magia? Quando? Quem te ensinou? Você utilizou qual Occultus primeiro? -ela perguntou em uma sucessão que me deixou surpreso. Era a primeira vez que a via tão curiosa quanto algum assunto.

    - Eu acho que foi por acidente -ela me olhou sem entender.- Digo, na noite em que Belrom morreu, depois que o lobisomem me mordeu. Eu senti algo rugindo dentro de mim e a pedra atrás de mim se incendiou em uma runa flamejante verde. E o fogo disparou para os pelos do lobisomem, queimando-o e fazendo ele soltar meu braço. -terminei meu pequeno relato, esperando uma explicação, mas Kathryn me olhava pensativa. O silêncio perdurou até que perguntei:

    - Então... Por que acha que eu consegui fazer magia naquela hora? Foi uma coincidência a pedra com a runa estar lá?

    - Ben, não havia nenhuma runa na rocha, assim como não haviam runas nessas pedras daqui -ela disse apontando às pedras ao seu redor- as runas são parte da magia. Olha, vou te explicar o que eu acho que aconteceu. A mordida de um lobisomem é uma maldição, mas se você sobreviver ela pode te ajudar a se conectar com o seu Occultus. Mas eu nunca pensei que poderia se manifestar tão rapidamente assim.

    - Occultus? Já é a segunda vez que você diz isso. O que diabos é um Occultus? -"que maravilha" pensei, "mais uma coisa pra me preocupar."

- O que ensinam sobre magia em Alfend, pelos deuses?! Occultus é uma fonte primordial de magia, como nunca ouviu falar disso?

- Desculpa, mas na minha vida normal eu estava mais preocupado em conseguir caçar carne para colocar na minha mesa. Não perdia meu tempo ouvindo histórias de magos e feiticeiros. -respondi, tentando me defender.