MISS HOME

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-Me desculpa, me desculpa- ele repetiu várias vezes- Eu ainda não sei como agir, não sei o que sentir. Estou perdido, me desculpa.

- Tudo bem- foi só o que ela conseguiu dizer. A verdade é que não estava tudo bem, na verdade não estava nada bem. Ela só voltaria a se sentir segura e amada se ele mudasse suas atitudes com relação a gravidez, o que provavelmente levaria um certo tempo.

-Vem, vamos para o lago. Eu te faço uma massagem- ele tentou parecer preocupado e puxou-a pela mão.

Mais tarde, naquele mesmo dia, Noah teve coragem de iniciar uma conversa franca com Shivani.

Os dois se sentaram em volta da fogueira, observando o sol se pôr.

-Tenho medo, muito medo. Quanto ao parto por exemplo, se ainda estivermos aqui, como vai ser? - A morena desabafou

- Eu não sei Shiv, não faço ideia. A gente não pode perder a esperança de que vamos sair daqui a tempo e que se não der, tudo vai dar certo. Sabe a sensação que eu tive que íamos ficar aqui por um tempo e que isso tinha um porquê? Agora nós já sabemos o que é esse motivo, é o neném que tá dentro da sua barriga e da mesma forma que eu sentia aquilo antes, sinto que já cumprimos nossa missão na ilha, que vamos voltar pra casa logo e que não precisamos nos preocupar.

-Mas e quando a gente voltar? Todos vão surtar quando me verem grávida

-Com certeza vão, não vai nem ter como negar o que fizemos em cada canto dessa ilha- pela primeira vez eles se permitiram rir falando daquele assunto.

- Sinto saudades de casa, da minha mãe. Eu sempre achei que ela fosse ser tão presente na minha vida quando em me tornasse mãe e agora não tem o que fazer, pra começar não pensava em ter filhos pelos próximos dez anos.

-A vida as vezes nos prega umas peças doidas. Eu imaginei que quando fosse ser pai meus pais iriam me ajudar, me dar dicas, me incentivar, ao mesmo tempo eu pensei que fosse estar casado a alguns anos, com uns 30 e pouco e podre de rico- mais uma vez eles riram

Ele sabia que estava sendo difícil para Shivani, ainda mais difícil do que estava sendo para ele, por isso a partir daquele momento ele faria o possível para tornar as coisas mais leves para ela.

-Acho que não vou ter problemas com o parto se o bebê nascer aqui, na verdade mesmo que a gente volte acho que não vou querer fazer uma cesariana.

- Essa é a que corta né?

- Sim Noah- ela riu- o parto normal é o natural

-Ai meu Deus, não sei se estou preparado pra isso.

- Então você reze pra gente sair daqui logo porque se não você vai ter que fazer o parto do seu filho

-Eu tô imaginando isso e acho que já quero desmaiar

- Por favor, não desmaia na hora.

- Vou tentar. Acho que vamos ser bons pais Shiv.

- Eu espero que sim, do fundo do meu coração.

- Você acha que é ele ou ela?

- Não é meio cedo pra pensar nisso, Noah?

-Acho que sim, mas acho que é ela.

- Vamos ver... Tadinho, vai ter que falar duas línguas

-Ou tadinha- ele para para pensar- Não tinha lembrado disso, ela realmente vai ter que falar duas línguas

-Ou ele- imitou o garoto- esse bebê vai ser indiano e norte-americano

-Se nascer aqui vai ser o que? -o moreno se perguntou, mexendo na barba nascendo- jamaicano, haitiano, talvez cubano.

-Difícil saber com tantas ilhas no Caribe, difícil saber onde estamos.

-Mas vamos sair daqui, Shiv. Vamos sair daqui, vamos ter esse bebê em um hospital, com segurança e com nossas famílias por perto.

-Quem vão ser os padrinhos? - a morena se perguntou

-Any e Josh- chegaram a conclusão juntos, ao mesmo tempo.

-A Any vai mimar tanto essa criança, precisamos ter cuidado com ela

-Tadinha Urrea, o Josh que é o perigo, vai comprar de tudo, daqui a alguns anos vamos ter um filho mal acostumado.

-Culpa do padrinho rico- eles riram

- Como será que eles estão agora?- ela esfregou as têmporas

- Não faço ideia, provavelmente estão tristes e achando que nós morremos

- Não vejo a hora de encontrar todos eles, eles vão enlouquecer quando verem a gente e que ganharam um sobrinho.

-O NU vai mimar tanto essa criança

-Imagina o Krys...

E assim eles continuaram conversando até que o sono chegasse, imaginando como seria a volta para casa, como seria a vida dos dois como pais e o mais importante, se apegando aos últimos fios de esperança de que um dia eles iam voltar para casa, voltar a viver uma vida normal e dar uma vida segura e estável para o bebê que Shivani carregava.

A lagoa azul - Adaptação noavaniOnde histórias criam vida. Descubra agora