MIND

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-Oh- Shivani encarou a brasileira após a pergunta direta- Não, não estamos juntos, continuamos sendo melhores amigos

-Acho que vocês precisam antes de tudo conversar, apenas os dois- Suresh se pronunciou- Pensem o que querem fazer daqui pra frente. Onde pretendem morar, como querem que esse bebê seja criado e como vão levar a vida.

- Eu concordo- Marcos disse- Já que são tão amigos, precisam fazer com que o bebê sinta que é esperado e que seus pais se amam. Independente do que decidirem, viver aqui, em Los Angeles ou até mesmo se quiserem ir pra outro lugar, uma nova cidade e ter a vida só de vocês. O que for melhor pra vocês vamos apoiar.

-Tudo bem, nós vamos conversar sobre isso com calma- Noah disse e a morena concordou.

-Uhm- Any levantou o olho da tela do celular- Simon e Yonta querem falar com vocês, posso deixar ligarem? - eles se olharam e assentiram receosos.

O aparelho tocou segundos depois e Shivani se levantou, puxando Noah até seu quarto. Eles sorriram ao entrar no comodo, ela por sentir uma imensa falta de casa, ele por estar ali, naquele espaço particular da indiana pela primeira vez.

-Noah, Shivani- a voz eufórica e emocionada de Yonta preencheu o cômodo- Eu mal consigo acreditar que estão bem, me senti tão culpada pelo que aconteceu- ela se lamentou

- Não tem porquê se sentir assim, Yonta. Nós dois, principalmente eu, fomos irresponsáveis e causamos tudo isso.

-Como vocês estão? Precisam de algo?-  Simon perguntou

-Estamos bem, um pouco preocupados.- a asiática respondeu- Já devem saber das notícias a essas horas.

-É, nós já sabemos- a mulher disse compreendida

-Liguei para dizer que quero que saibam que devido às circunstâncias, sei que precisam de um tempo pra cuidar da mente e principalmente do filho de vocês. Quero que se recuperem e que tenham o tempo que precisarem, se quiserem continuar no grupo, é claro.

-Nós queremos mais que tudo- Noah respondeu pelos dois

-Nós vamos dar um jeito, dar um jeito de conciliar as coisas. Assim que eu pensar na melhor maneira de fazer tudo isso acontecer eu irei conversar com todo o grupo.

-Tudo bem, Simon. Muito Obrigada.

-Nós encaminhamos seus salários dos ultimos meses para as famílias, o grupo está fazendo muito sucesso e os valores aumentaram então não se preocupem com dinheiro.

-Além disso, se precisarem se mudar para Los Angeles e decidirem criar o filho de vocês por aqui, saibam que estamos disponíveis para ajudar com o que for preciso.

-Obrigada Yonta e Simon- foi a vez do americano

- Vamos deixar que descansem, nos mandem notícias- ela disse antes de desligar a chamada. Os dois pareceram aliviados por alguns segundos, até a Indiana mais velha aparecer.

-Filha- Radha bateu na porta antes de adentrar- Sei que parece muita coisa pra um dia e que devem estar cansados mas consegui uma consulta de encaixe em uma psicóloga, ela é bem preparada e reconhecida e pode conversar com vocês em inglês. Acho importante que passem por isso antes de deitarem e dormirem, é a primeira noite em casa, depois de ilha, hospital, bebê. Tudo bem por vocês?

-Sim, acho que vai ser bom pra gente- o americano respondeu pelos dois

- Por que não tomam um banho e se arrumam? A consulta é em uma hora, vou levar vocês.

- Mãe, e minhas roupas?- Shivani perguntou receosa

-Estão todas no armário, talvez algumas com cheiro de guardado mas dá pra usar.

Wendy bateu na porta e entrou empurrando uma mala grande.

-Trouxe o que achei necessário pra um tempo, se você decidir morar aqui ou em LA vai precisar de mais coisas

-Ainda precisamos decidir isso mãe, mas obrigada.

- Vamos deixar vocês se arrumarem- a americana disse antes delas saírem do quarto.

Shivani respirou fundo e saltou da cama, abrindo seu guarda-roupa. Tudo estava exatamente do jeito que ela tinha deixado antes de viajar, o que a fez sorrir, seus pais ainda tinham fé que ela voltaria viva para casa.

Ela passou pelos cabides com calma e no fim pegou um vestido solto verde musgo, não era uma de suas roupas preferidas mas talvez precisasse de novas calças se quisesse continuar usando jeans durante a gravidez.

Noah observou a cena com um sorriso no rosto, antes de finalmente procurar por algo em sua mala. Calça preta justa e confortável e moletom vermelho, sentia falta de suas roupas e principalmente, aprendiam a valorizar as pequenas coisas.

Ele estava esperando que ela fosse primeiro, queria respeitar a privacidade da garota com o lugar que ela chama de lar, mas foi surpreendido quando ela puxou sua mão para fora do quarto.

Ela caminhou até a porta do banheiro do corredor, guiada pelos olhares curiosos da sala. Urrea apenas a seguiu para dentro do espaço menor e trancou a porta.

- Não sei se senti mais falta da minha cama ou do meu chuveiro- encarou seu reflexo no espelho, soltando o cabelo do rabo de cavalo.

- Eu teria sentido falta do espelho, se fosse você- passou a mão pelo queixo da mais nova, de forma carinhosa a puxando para seu peito.

-O que?- ela perguntou sem entender

-Teria sentido falta de olhar pra seus olhos e pro seu sorriso - acariciou a bochecha dela, deixando um beijo em sua testa.

A Paliwal sorriu, sentindo seu rosto aquecer e ganhar um tom avermelhado, que ela disfarçou começando a se despir. Quando estava apenas de lingerie, percebeu o espelho no fim do banheiro, ele não estava ali quatro meses atrás.

Ela observou o reflexo de sua barriga e apoiou a mão na mesma, sentindo um leve chute.

-Oi bebê- disse baixinho e Noah se aproximou por trás- Como você tá grande- ela sorriu sentindo as lágrimas presas na garganta- Obrigada por ter aguentado tudo isso com a gente, por ter nos protegido- sua voz era chorosa mas ao mesmo tempo doce e calma.

Noah apoiou a cabeça em um dos ombros da morena, deixando algumas lágrimas ali e colocando a mão no salto na barriga da asiática.

-Tá mexendo- disse em tom de voz um pouco mais alto- Tá mexendo muito- sorriu

-Eu ainda não consigo sentir- ele disse se ajoelhando e colocando o ouvido na barriga da garota. Ele depositou um beijo no lugar, segundos depois e se levantou.

Ambos terminaram de tirar a roupa e entraram debaixo do chuveiro.

Mais uma vez se encontraram nas pequenas coisas que faziam uma falta enorme, que não eram valorizadas até se perder.

Shivani  se sentia realizada, como não estava por um longo tempo. Realizada com seu próprio ser, com seu filho, com Noah ao seu lado e até mesmo com seu trabalho, a dança, que não parecia a maior das prioridades naquele momento.

-Obrigada por estar aqui comigo- ela se aconchegou nos braços do moreno, debaixo da água quente.

-É meu dever Shiv, por você e pelo nosso filho- lhe deu um selinho, a barriga os impedia um pouco mas ainda assim ela se aproximou mais do americano, se sentindo em casa.

Não só dentro de um teto mas dentro de um abraço, afinal lar é onde o amor está.

Agora ela também morava em um abraço.

Assim como era lar para o filho que carregava dentro de si, encontrava sua morada naquele que seu bebê chamaria de pai.

A lagoa azul - Adaptação noavaniOnde histórias criam vida. Descubra agora