Chapter 2

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Depois de uma "viagem" inesperada pelo ar mantida nas costas de um garoto desconhecido que surgiu aleatoriamente na estrada, fui posta no chão, e não demorei muito pra perceber que tinha sido levada ao meu próprio colégio onde estou todas as manhãs:
- O que acabou de acontecer conosco? Segundos atrás estávamos na frente da minha casa e agora você simplesmente me captura dando uma de Peter Parker no meio da noite e me traz até aqui!
Foi o que eu disse depois de ter somente gritado durante todos esses segundos vividos literalmente nas alturas, e então ouvi a sua resposta:
- Olha só, eu preciso de você, eu não sou só um garoto sarcástico que treina todos os dias para correr e saltar daquele jeito, não é necessário explicações, agora me siga!
Não podia discordar de que o sarcasmo era bem notável diante de todas as palavras que saíam da boca dele, mas eu estava irritada, assustada e com frio, então SIM, era necessário alguma explicação:
- Te seguir? Você tá brincando? Eu quero ir pra casa, que por sinal não é tão perto assim quando se trata de ter pernas comuns!
Ele ouvia isso enquanto estava caminhando até os portões do meu colégio com a expectativa de que eu estivesse realmente o seguindo, mas permaneci no mesmo lugar onde ele havia me soltado...gritou:
- Se apresse Agathe, não tenho a noite toda, vamos invadir o seu colégio, há relíquias da minha família nesse lugar, especificamente na biblioteca!
Naquele momento eu ainda me encontrava com medo, mas nunca tinha invadido um colégio vazio e escuro antes, parte de mim não queria passar por aquela experiência mas todo o meu corpo vibrava para ir em frente, e foi o que eu fiz.

12:12am
Tínhamos conseguido entrar graças à força de Dominic...ou melhor, suas habilidades com um clipe de metal encontrado no seu bolso, porém a porta da biblioteca não funcionava bem assim, precisávamos da digital do Senhor Willy, o bibliotecário de todo o colégio que permanecia lá todas as manhãs, sem a sua biometria não teríamos acesso, ou seja, aquele parecia ser o nosso limite no meio da invasão que decidi me envolver depois de ter sido forçadamente tirada da frente de casa. Dominic não pensou duas vezes ao perceber que a porta havia sido feita de um vidro não tão resistente quanto prometia ser, senti a necessidade em dizer:
- Dominic, não...você não vai fazer o que estou pensando que vai fazer, não é?
Ele virou o seu rosto, e seus olhos já não eram mais os mesmos, eles brilhavam, brilhavam muito, a cor me parecia ser um dourado, um dourado forte, como pepitas de ouro inseridas em sua íris, me afastei rapidamente e o ouvi dizer:
- Acho melhor você proteger os seus olhos, use as suas duas mãos e vire-se!
Foi o que fiz logo em seguida, segundos antes da porta de vidro ser inteiramente quebrada apenas com um chute de um garoto...um garoto que apesar de ser assustador, também carregava uma força selvagem e sobrenatural, não havia nada de humano em tudo isso. Com o acesso à biblioteca tão desejada por Dominic literalmente liberado, abri meus olhos e o vi entrar, o perguntei:
- Você não vai mesmo me dizer o que você é?
Ele teve a sua resposta:
- Eu sou Fenrir, um lobo nórdico!
Naquele momento tudo o que consegui fazer foi rir de sua cara, e depois de alguns segundos dentro de minhas próprias risadas, Dominic continuava me observando seriamente como se fosse arrancar a minha garganta...e então eu disse:
- Você tá falando sério? Como isso pode ser possível? Os lobos da mitologia nórdica não passam de criaturas figuradas em papéis, você é um...garoto!
Dominic decidiu me explicar tudo naquela noite, me fez sentar em uma das cadeiras da biblioteca e me contou sobre suas buscas por sua origem:
- De acordo com meus pais adotivos, eu nasci no ano de 1742, na antiga Noruega, mas nem mesmo pude me encontrar com meus pais biológicos, eles nunca apareceram...viajantes noruegueses me entregaram nos braços da minha mãe e me deram o nome de Dommene, vindo do antigo norueguês!
Eu o questionei:
- Quer dizer que os seus pais adotivos, eles...estão mortos durante todo esse tempo? Você está sozinho há séculos na América e nunca fez nada à respeito?
Pude perceber sua voz de choro logo depois que ele continuou a falar:
- Sim, a minha mãe sofreu um acidente em 1766, já o meu pai acabou morrendo por conta de um infarto em 1771, logo depois das perdas mais dolorosas da minha imortalidade eu...
Tive que interrompê-lo:
- Espera, você é imortal? Pensei que você só seria capaz de viver por muito mais tempo do que um simples humano, mas, você realmente não pode morrer?
Ele prosseguiu:
- Houve a tentativa de me suicidar horas depois da morte do meu pai, sentia que já não poderia mais seguir em frente, e não morri!
Depois daquelas palavras muitas dúvidas surgiram na minha mente, mas nunca tinha sido uma garota que costumava fazer tantas perguntas para um garoto, principalmente um garoto que tem a sua realidade como um dos lobos mais brutais da mitologia nórdica...Dominic e eu ficamos calados durante uns cinco minutos no ambiente, não sabíamos mais até onde aquele papo sobrenatural iria chegar, e então ouvimos a voz de alguém:
- O que estão fazendo aqui?
Olhamos em direção à porta, ou melhor, ao antigo lugar onde se encontrava a porta da biblioteca, e aquele era...aquele era o Luke, o idiota do Luke:
- Quem é você e como nos encontrou? Você por acaso nos seguiu?
Perguntou Dominic, levantando-se da cadeira que havia sentado ao meu lado no momento em que estávamos intensificando a conversa sobre a sua história, Luke o respondeu:
- Acontece que eu planejava invadir o colégio exatamente neste horário, mas posso ver que não fui o único!
Eu não conseguia entender, o que o Luke Richards filhinho de papai faria num colégio vazio quase uma da manhã? Festas particulares com os outros amigos idiotas? E então abri a boca:
- Luke, você nem mesmo frequenta a biblioteca nos intervalos pela manhã, por qual motivo entrou aqui?
Dominic olhou pra mim como se quisesse dar um sinal, um sinal de que ele poderia saber de alguma coisa, um olhar de pura curiosidade, e ouvimos a resposta de Luke:
- Eu tenho algo que preciso ler, algo importante, como uma relíquia de família, agora quero que saia da minha frente "Agathestranha"!
Respirei fundo assistindo ele entrar na biblioteca sem esforço algum enquanto os cacos de vidro faziam barulho nas solas de seus sapatos, e ouvi Dominic se pronunciar:
- O que você quer dizer com relíquia de família?
Luke o respondeu:
- Um diário, especificamente sobre uma teoria norueguesa, sabe como é, amantes de mitologia!
Isso era exatamente o que Dominic também pretendia encontrar.

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