Chapter 3

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Eram quase duas da manhã e continuávamos na biblioteca, sentei-me novamente na cadeira em que estava antes enquanto assistia Luke e Dominic revirarem todas aquelas prateleiras de livros separados por categorias, módulos e idiomas:
- Não há nenhum diário empoeirado e fora de moda nas obras em norueguês, deveria estar aqui!
Luke resmungou em voz alta como se soubéssemos exatamente onde a porcaria da sua relíquia de família poderia estar, respondi:
- Primeiro você decide invadir o colégio que frequentamos toda semana, e em seguida você nos encontra aqui, e agora está reclamando por nenhum de nós ser o seu GPS pessoal? quanta indignação!
Dominic olhou pra mim com seu meio sorriso como se quisesse me dizer o quão coberta estava de razão, enquanto Luke se manteve calado. Depois de um longo tempo de puro estresse sobrenatural envolvida em uma espécie de invasão, inclinei meu rosto para cima, e lá estava ela, a famosa e temida câmera de segurança, em direção à nossos corpos e capturando toda a cena, os deixei saber:
- Temos um problema!
Ambos viraram-se para mim e assim conseguiram vê-la, Luke não hesitou em dizer:
- Isso quer dizer que...fomos pegos?
Dominic também não hesitou em dizer o que já era mais do que o óbvio:
- Fomos pegos!

3:03am
Tentamos permanecer fora do campo de visão da câmera, ou seja, estávamos próximos das paredes, onde não tínhamos tantas chances de movimentos de procura...ouvi Luke:
- Como vamos prosseguir? Não chegamos até as prateleiras desse modo!
Dominic o respondeu gritando do outro lado:
- Talvez eu possa alcançá-la, não podemos ir sem destruirmos o que carrega a prova de que estávamos aqui!
Por incrível que pareça tive que concordar com ele, afinal não seria a primeira coisa que teríamos destruído naquela mesma noite. Com a ideia em jogo, vimos Dominic se preparar para um salto, nada que eu já não havia presenciado antes...e foi o que aconteceu, saltou até arrancar a câmera que se encontrava intacta no teto da biblioteca com suas próprias mãos, a lançando no chão como se os cacos de vidro já não bastassem. Luke teve que piscar mais vezes para conseguir acreditar que um garoto não tão velho e "comum" poderia salvar daquela maneira, e essa foi exatamente como a minha reação anterior:
- Dominic, você...como é possível?
Disse enquanto parecia pálido e quase sem voz, mas nós não tínhamos muito tempo para dramas naquele momento, então eu mesma o respondi ao tocar no seu ombro:
- Olha, o mais importante agora é saírmos daqui, tá bem? Não encontramos o diário mas não vai ser nada legal se estivermos aqui quando o sinal de alerta for ativado!
Luke escutou as minhas palavras olhando no fundo dos meus olhos, podia ver o quanto ele estava apavorado, mas ao mesmo tempo parecia já ter visto aquilo em algum lugar, disse:
- Ele é um lobo!
Aquela foi a sua frase de reconhecimento, apesar de Dominic não ter se transformado totalmente em um, o que tenho quase certeza que seria possível...e por fim, corremos.

3:22am
Dominic nos levou até o lado de fora do colégio após nos depararmos correndo até a saída, minutos depois do rádio principal do colégio iniciar o alarme no qual notificava os responsáveis em suas próprias casas sobre movimentos capturados pelas câmeras dos corredores durante o período noturno. Saímos no momento certo, nos escondendo atrás de grandes arbustos podados encontrados em uma das rodovias que levariam alguns minutos para chegar até o colégio, o que significa que acabamos longe das áreas onde as investigações iriam começar na manhã seguinte por todos:
- Nunca imaginei que isso seria tão árduo!
Disse Luke, o idiota do Luke...eu teria mesmo que estar desesperada para ter me permitido olhar no fundo dos seus olhos enquanto palavras tocantes saíam pela minha boca até começarmos a correr. Depois de um bom tempo observando o que se passava atrás do arbusto, Dominic se pronunciou:
- Está limpo, se alguém estiver a caminho não vai chegar lá por agora, precisam ir!
Eu o respondi:
- Não acha justo o mesmo garoto que me raptou e me trouxe forçadamente até aqui ser o mesmo garoto que me leve de volta pra casa?
Ele tinha que concordar, e foi o que fez:
- Está bem, apesar do diário não estar comigo, ainda te devo essa!
Nos viramos, e Luke já não estava mais lá, os segundos que tivemos de conversa foram como seus segundos de fuga, mas não me importava mesmo com a sua segurança, ele sempre seria pra mim o garoto idiota que nunca priorizaria a Gwendolyn como merece.

4:04am
Dominic parecia cansado, assim como eu, mas ainda assim teve a gentileza de me acompanhar até a porta depois de uma noite imprudente e inesperada:
- Escuta!
O dei atenção:
- Sei que sou a última pessoa com quem você gostaria de estar falando agora, mas...não sou tão ruim quanto pensa!
Eu o compreendia, mas não podia ignorar o fato de que fui basicamente sequestrada por ele, e então o respondi com minhas últimas palavras da noite:
- Eu só não quero passar por isso novamente, mas te agradeço por ter me trazido de volta!
Foi tudo o que senti que poderia dizê-lo segundos antes de trancar a porta e partir. Subi as escadas e me via finalmente de volta ao meu quarto, o lugar de onde eu não deveria ter saído em momento algum, até que...percebi que Luke estava ao lado da minha janela que havia deixado aberta, onde me disse:
- Acho que Dominic é a minha família!
Uma noite pode mudar todas as coisas.

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