Meus olhos se abriram, a janela também permanecia aberta enquanto o sol me encarava às sete da manhã, como se estivesse me dizendo o quão difícil as coisas ficariam nos próximos dias e o quanto precisava ser forte, pois a vida já não seria mais a mesma, e meus dias se tornariam mais escuros do que uma noite de tempestade...mas era necessário viver de novo.
Segunda-feira, 8:30am
O sinal tocou e fomos liberados da aula de francês, estava cansada, assustada com todos ao meu redor por conta do que havia ocorrido na noite passada, com isso já não sabia mais em quem poderia confiar ou qual deles estaria somente demonstrando uma falsa normalidade diante de todos pelos corredores.Sentei-me no banco do jardim principal, logo em frente aos portões do colégio, onde pude ver a cena da invasão na qual estive presente em processo de investigação, fitas de restrição em toda a área e policiais carregando anotações atualizadas de acordo com as análises de movimento do local.
Luke surgiu subitamente ao meu lado no banco, chamou a minha atenção e disse:
– Não vai falar nada?
Respirei fundo como se aquela fosse a última frase que escutaria no dia, respondi:
– Não existe a possibilidade de um lobo ser o seu irmão, afinal você é um simples humano, está fadado a morrer como todos nós!
Luke continuou a me observar, como se estivesse esperando por outra resposta, algo cognoscível, mas não havia nada mais convincente, o ouvi:
– E se...eu não for tão comum quanto pensa?
Virei-me para ele com um olhar enfuriado e de puro arrependimento por tê-lo dado abertura para mais uma conversa sobrenatural, tive coragem de dizer:
– Olha só, eu não me importo com o que você é, eu só preciso dormir e esquecer tudo o que vivi, preciso da minha vida como a garota estranha de volta, não consigo mais sentir...
Ele me interrompeu:
– O que não consegue mais sentir, Agathe?
Teve a minha frase completa:
– Medo! Eu não consigo mais sentir medo, Luke!
Retirei-me do banco e corri até o banheiro feminino, as lágrimas tomaram conta de mim durante todo o caminho.A culpa rodeava-me como se eu estivesse presa em um círculo de chamas negras inapagáveis, enquanto na verdade tudo parecia estar frio, e aquele foi o momento em que percebi que já não era mais a garota ruiva de 17 anos de antes.
10:04am
As horas de tortura dentro do toalete haviam se acabado, ao sair de lá, deparei-me com as meninas e ouvi a Gwen dizer:
– Tenho novidades, mas sei que não vão gostar!
A respondi:
– Já tive dias piores, posso te ouvir agora!
Martha pôde notar que eu não estava nada bem segundos antes da Gwen prosseguir, e tinha toda a razão, pois me encontrava pálida e destruída, e então a escutei:
– O que está escondendo, Agathe?
Dessa forma fez com que Gwen também notasse o meu estado atual:
– M-me desculpe, estava tão empolgada sobre o Luke que eu...
Ao ouvir a Gwen dizer este nome, a interrompi:
– Como? Por qual motivo ainda anda com ele?
E finalmente a sua novidade aborrecedora havia sido relevada:
– Decidi dá-lo uma segunda chance, e hoje vamos nos encontrar em um lugar distante da cidade, onde
ninguém poderá nos perturbar!
Martha desviou seu olhar para mim, como se
quisesse que me transformasse novamente na velha
melhor amiga psicóloga e a convencesse de que
aquilo era uma péssima ideia, foi o que fiz:
– Não posso te amarrar como se você fosse uma
garota irracional ou indecisa, Gwen! Mas preciso que
confie em mim, não o encontre!
Martha concordou comigo balançando sua cabeça após me pronunciar, segundos antes de retirar da sua bolsa um diário enorme e aparentemente bem
antigo, até se despedir:
– Bom, ela é toda sua, preciso dar início aos meus estudos semanais, afinal história é a minha paixão, sabem disso!
Pude prestar atenção no seu título, se encontrava no idioma norueguês...e ali tudo fez sentido.
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Teoria Ploid
AdventureUm diário antigo escrito em 1742 tem muito a dizer sobre uma teoria da Noruega antiga, onde crianças encontradas no topo de um castelo branco foram enviadas à Nova Iorque por viajantes pelo motivo de serem bebês sobrenaturais, com seus espíritos pre...