Frágil.

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Alcatéia do norte, 1820.

O homem bocejava cansado, os óculos de grau nos olhos lendo atentamente cada carta mandada. Troca de favores, guerra de territórios e milhares de piadinhas infames que ele não fazia questão de ler, provavelmente feita por bêbados em tavernas indignados com a vida querendo jogar a culpa no norte por ser uma alcatéia tão próspera para seu líder.

Aproximadamente tinha 600 alfas machos, em ótimo estado. Lobos grandes e fortes que protegeriam de qualquer jeito sua cabeça. Confiáveis e ótimos de guerra. Mas tinha poucas mulheres, duzentas no máximo ele diria. Sua reprodução estava ficando cada vez mais difícil até por que mulheres alfas tendem a ter uma gravidez complicada o que levam a morte e em vezes até a do feto.

Seu povo estava frustrado, e ele não tirava suas razões.

O sul por mais conflituoso e bruto que era, esbanjava ômegas. A alcatéia era enorme, pois as fêmeas eram totalmente férteis davam ninhadas para seu povo e satisfação aos seus alfas.

O norte nunca havia visto um ômega, alguém frágil com uma pena e extremamente delicado. Seu povo esbanjava brutamontes, grandes e musculosos até mesmo as mulheres seguiam aquele porte. Jeongguk não era diferente bruto em cada coisa que tocasse, como um verdadeiro lúpus.

Os olhos minuciosos pararam, curiosos com o remetente da carta.

"Hanbin, líder da alcatéia do sul."

A abriu imediatamente. Aquele alfa odiava seu povo, justamente por terem alimentos e ouro para gastar formidalmente. Um verdadeiro invejoso.

"Lúpus líder, com a minha situação e de meu povo peço que me ajude com alguns alimentos, legumes e frutas serão bem vindos. Meus alfas estão fracos e receio que não consigam lutar. Em troca lhe darei um belo ômega, ele é virgem e totalmente fértil poderá aumentar cada vez mais sua matilha. Seu cheiro é bom e o corpo é agradável, faça o que quiser com ele. Lhe agradeço desde já, atenciosamente. - Hanbin."

Deixou a carta cair pelos seus dedos enquanto rosnava gluturalmente. Ele estava vendendo uma pessoa em troca de legumes! Um ômega inocente que fazia parte de seu povo. O dava tremores de como havia descoberto que a fêmea era virgem ou tinha um corpo belo.

Lúpus tratavam ômegas como verdadeiros reis, eles eram seus parceiros e não mereciam nada menos do que aquilo. Pessoas frágeis que carregavam seus filhotes e cuidavam de seus alfas.

- Senhor você está bem? - Uma alfa lhe apareceu pela fresta da porta, preocupada com seu líder.

- Traga-me tinta e papel, agora!

[...]

Alcatéia do sul, 1820.

O corpinho delicado era acariciado pelas mãos quentes de sua mãe, aproveitando os últimos momentos com o filhote. O coração sangrava no peito, seu menino era apenas uma criança ainda. Vinte anos pra ela não apresentavam maturidade, seu filho precisava de si tanto quanto ela precisava dele.

- Mãe, por que eu tenho que ir? - Os olhinhos azuis estavam molhados, em lágrimas incessantes e tristes por abandoná-la.

- Por que o líder é um alfa mal, Minnie. Se proteja e faça como a mamãe pediu, sim?

- Tomar os remedinhos e não mostrar muito meu cheiro. - Resmungou com um biquinho se embolando cada vez mais na ômega.

- Exatamente, meu bebê. - A mulher deixou um selo na testa quentinha, ouvindo as batidas irritadas na porta. Hanbin havia chegado, para tirar seu bem mais precioso e fazê-lo de depósito de filhos como havia feito consigo.

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