Chains • ABO • Namjin

3. Pretensions

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NAMJOON

   Já beirava às duas da tarde quando fechei a porta atrás de mim ali na entrada, não enrolando em tirar logo os sapatos, tendo sob meus olhos Soyeon passando com uma caixa enorme em mãos para adentrar mais na sala de estar.

— Namjoon chegou! — Anunciou bem alto para que o casal de alfas ouvisse enquanto deixava a caixa no chão perto da lareira.
  
— O que está aprontando, noona? — Perguntei me referindo a caixa no qual agora minha irmã abria.

— Vou decorar a sala, ue. — Respondeu em tom de obviedade.

— Decorar? — Com as sobrancelhas agora unidas, aproximei-me de Soyeon e me ajoelhei junto a essa sobre o tapete ali.

— É para a semana de Áurea, lembra? — Esclareceu nem se dando o trabalho de me olhar nos olhos, pois parecia vidrada nas coisas dentro do objeto de papelão.

   Suspirei. Pensar em Áurea era tudo o que eu estava evitando nos últimos dois dias, pois sabia que isso me remeteria a pensar nos últimos acontecimentos, os mesmos que tentei, a todo custo, evitar conversar com Jimin que havia me enchido de mensagens nas quais me perguntava como eu estava perante a situação.

    Mas lá estava Soyeon tirando uma pequenina estátua em vidro transparente coberta ainda por jornais da caixa, essa no qual a figura de Áurea fora delineada, agora colocada sobre o centro do alto da lareira, logo sendo acompanhada por pequenos recipientes também em vidro, esses que foram ocupados por incensos que mais tarde seriam acesos.

— Nunca entendi o porquê de você gostar tanto dessa lenda... — Sussurrei encarando a forma de Áurea ali ao alto junto a beta que sorria pequeno toda animada com sua pequena organização.

— É um romance, Namjoon. Sabe que amo romances. — E se curvou para pegar a outra escultura, agora sendo a de um grande lobo também em vidro para por diante da silhueta feminina. Um objeto estava diante do outro, como se uma figura encarasse a outra. — Mesmo sendo beta e jamais poder correr o risco de ter um imprinting, eu peço a ela que possa cuidar de todos os alfas e ômegas, para que assim possam encontrar seu amor um dia. — E virou o rosto para mim, sorrindo sutilmente e, ainda assim, quase fechando os olhos por completo. —  Incluindo você, dongsaeng.

   Pisquei algumas vezes seguidas, provavelmente registrando na mente suas palavras e seu olhar pesando sobre mim.

   Soyeon sempre fora daquele modo, fosse protetora, fosse carinhosa, sempre zelando por mim, tratando-me como um irmão desde a primeira vez que nos vimos.

   Às vezes eu me perguntava o quão tamanha era sorte que eu tinha para a vida ter me presenteado com alguém assim, de tudo o que foi me dado de uma hora para a outra.

    Teria eu feito algo muito bom na vida passada para merecer tanto nessa?

   Não consegui prender o sorriso que insistiu em tomar meus lábios, tinha sido pego de surpresa como sempre era quando Soyeon ou alguma de nossas mães diziam coisas como aquela, mas tentando disfarçar o quanto havia sido atingido pelo pequeno ato, pousei minha mão em sua cabeça e baguncei seus fios.

— Yaaaa! — Gritou me empurrando levemente, rindo ao fim enquanto tentava se livrar da minha mão que não conseguiu afastar.