Laços

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N/A: Pra quem estiver curioso, esse é um desenho que eu fiz da Annelise e do Peixe!

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substantivo masculino

1. Nó liso que, mais ou menos apertado, se desamarra facilmente; laçada.
2. Estratagema para atrair ou enganar.
3. Relação que se estabelece com outrem; aliança.

Suspirei quando avistei a casa amarela a distância. A caminhada da Sweet Amoris até a minha casa não era das maiores, mas depois da reunião e tentar convencer o Castiel, o dia pparecia ter sido mais longo. Ou talvez o cansaço fosse graças ao peso da minha mochila. Eu poderia jurar que não era saudável carregar isso todos os dias.

Peguei a minha chave, presa por um elástico no bolso traseiro da minha mochila, e a inseri na fechadura da porta escura, que contrastava com o tom claro da casa, no qual a minha mãe insistiu em pintá-la quando nós nos mudamos quase três anos atrás.

Abrindo a porta, tudo parecia muito calmo. Meu pai não iria comer junto conosco, ele tinha avisado que teria uma reunião com um cliente. E sendo o grande Marlon, um engenheiro civil conhecido na cidade, eu entendia que ele tivesse uma rotina corrida. Mas eu imaginei que a essa hora minha mãe estivesse me esperando para almoçar.

Tirei os meus sapatos, colocando-os no suporte ao lado da porta, deixei minha mochila em cima do sofá, e me direcionei ao estúdio, que estava com a porta fechada. Abri devagar, me dando acesso ao caos que era o interior.

Haviam papéis por todos os lados, em quase todas as superfícies visíveis, e quase todos eles portavam alguma coisa. Alguns continham esboços e planejamentos, alguns eram desenhos a caneta, e outros eram coloridos, mas o que todos os desenhos pintados tinham em comum, eram as cores claras e vibrantes.

Me abaixei, pegando um desenho no chão perto de mim. Era uma lebre bípede, pintada em aquarela vibrante, deitada embaixo de uma árvore. No canto inferior direito do desenho havia uma assinatura. "Mia Donnovan".

Olhei para cima e avistei a minha mãe, sentada na cadeira e curvada por cima de um outro desenho em que ela trabalhava. Seus curtos cabelos ruivos caiam por cima do seu rosto, e ela colocava a ponta da língua para fora em concentração. Era como ver uma versão mais velha e mais desorganizada de mim.

Olhei para o desenho em minhas mãos novamente, e me aproximei dela, tomando cuidado para não pisar em nenhum dos desenhos espalhados pelo chão, o que se provou ser um desafio quando eu quase escorreguei em um papel no meio do caminho.

- A tartaruga e a lebre de novo? - Perguntei após retomar meu equilíbrio, fazendo com que ela finalmente desviasse o olhar de seu desenho (Um esboço de tartaruga), E olhasse para mim, seus olhos brilhantes e cor de mel, assim como os meus. Ela sorriu, um sorriso daqueles que as pessoas param pra admirar e soltou seu lápis.

"É pra uma editora enorme! Se eu tiver sorte eu fico responsável por um projeto original depois desse!" - Ela sinalizou com suas mãos completamente sujas de tinta, mantendo seu sorriso no rosto e eu dei uma risadinha.

- Isso é ótimo mãe! - Meu estômago roncou - Mas eu acho que a gente devia ir comer, nós duas merecemos uma pausa. - Falei, também sinalizando com as mãos ao mesmo tempo, assim como eu sempre fazia quando eu conversava com ela.

Ela era muda desde o nascimento, então eu aprendi Libras como uma segunda língua. E apesar de ela me ouvir normalmente, eu costumava sinalizar quando eu conversava com ela. Me ajudava a praticar, e ela ficava feliz.

Ela se levantou, se espreguiçando, e tirou a camisa larga que ela usava por cima de suas roupas sempre que ia desenhar, e que agora estava toda suja de tinta, e pendurou no cabide do lado da porta.

Unpredictable - PriyaOnde histórias criam vida. Descubra agora