Quatro: Canto De Uma Sereia

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"Não é sobre o que você diz,

É sobre o que você faz"

Rita Lee

      O sol já começava a sumir do horizonte, colorindo as nuvens com lindos tons de rosa e laranja que contrastam no belo azul do céu do final da tarde. Cassandra havia acabado de deixar a carroça junto com as demais em seu distrito e agora, somente com Veloce, ia em alta velocidade ter uma conversinha com o senhor Rafael.

      As ruas, as pessoas e os carros não são mais que um grande borrão em sua memória recente, a ruiva estava quase cega de raiva e indignação. Como ele consegue ser tão burro? Questiona em seu mar de pensamentos rápidos. Ela simplesmente não conseguia entender, se eram simplesmente atos de um ignorante, se o motivo se incrustara em sua mente ou se é a falta de questionamento sobre suas razões.

      Ao chegar a frente da sede de Fuoco, deixa seu alazão no pequeno jardim e ruma em direção a construção. Passa como um raio pelo recepcionista que somente percebe um borrão de cabelos vermelhos cruzar sua visão, deixando-o sem ao menos a chance de contestar a sua subida. Entra na caixa de metal e aperta o botão para chegar ao andar da presidência.

      Cassandra passa pela mesa de Manuela sem ao menos lhe dirigir um olhar, o que fez a secretária perceber que havia algo errado. A Vita vai em direção ao escritório do líder nem notando os olhares confusos e surpresos dos funcionários. Manuela corre para poder alcançar a ruiva e se coloca na frente da mesma, fazendo-a parar.

      "Senhorita Cassandra, eu não estava esperando a sua vinda neste momento." Ela engole em seco e dá um sorriso nervoso. "Se você puder sentar um pouco na sala de espera perto do elevador enquanto eu aviso meu chefe que a senhorita está aqui, eu agradeceria muito. Também, por que ele está agora em uma reunião particular com dois acionistas importantes e...".

      "Manu." A ruiva a interrompe olhando para ela respirando fundo na tentativa de se acalmar para não descontar a raiva na pessoa errada. Coloca a mão no ombro da secretária e dá o sorriso mais gentil que consegue no momento. "Eu serei sincera com você querida, eu não me importo com o que ele está fazendo. Se está em uma reunião com acionistas, apenas revisando documentos ou se está dançando nu em cima da mesa do escritório; eu vou falar com que agora mesmo."

      "Mas eu não posso deixa..." A pobrezinha é interrompida novamente.

      "Não se preocupe, eu tomarei toda a responsabilidade por essa intromissão. Não vou deixar que ele te demita ou que desconte do seu salário." A Fuoco suspira e dá espaço para a jovem passar pelo corredor. "Obrigada."

      Cassandra segue em direção ao escritório do rapaz e abre a porta, encontrando três pares de olhos vermelhos surpresos focados em sua direção. Rafael, que se encontra em sua cadeira atrás da grande mesa no meio do cômodo, se levanta assim que a moça dá um passo para entrar no local. A mesma agora analisa as outras duas pessoas presentes, uma mulher com um terninho feminino muito bonito e um homem na casa dos cinquenta anos. Ela os encara séria.

      "Eu preciso conversar com o líder agora, saiam por favor." Percebe que eles não moveram um músculo, então dá um risinho debochado e fala: "Vocês são surdos? Saiam daqui agora ou eu prometo que os arrasto pra fora com minhas próprias mãos."

      O casal de acionistas não perde mais tempo, a mulher pega sua bolsa que está na mesa e o homem alguns papeis que estavam ali, e rumam – com uma velocidade extraordinária - para fora do escritório sem falar nada. A ruiva então encara o rapaz a sua frente, que voltou a sentar, e ela mesma se dispõe de uma das cadeiras que há em frente à mesa.

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