Dois: Entre Danças, Flores e Céu

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"Só porque não consigo ver,

não quer dizer que não posso acreditar"

O Estranho Mundo De Jack

      O distrito Vita acorda junto com os pássaros, que cantam e voam no lindo céu azul que aquela manhã fornece a todos que queiram apreciar. O sol consegue adentrar no quarto de Cassandra pelas frestas da cortina mal fechada, um raio de luz ilumina a coberta bege. Porém, mesmo que o sol queira a fazer acordar, a única coisa que ela quer é ficar em sua cama – quentinha e confortável – e fugir dos compromissos e deveres que tem. Mas nem tudo na vida são rosas.

      A líder levanta resmungando baixinho e coçando o olho esquerdo. Bocejando vai em direção à porta de vidro de sua sacada e abre a cortina, ela faz uma careta com a luminosidade excessiva que ataca seus olhos de repente. Veste-se rapidamente e sai do quarto, descendo as escadas, para tomar seu merecido café da manhã.

      Vai em direção ao seu fogão a lenha, feito de uma madeira especial que não queima, e coloca a chaleira com água para esquentar. Sem café não há nenhuma possibilidade de acordar de verdade a essa hora da manhã. Coloca a mesa, senta-se em uma das cadeiras e começa a passar no pão chimia de uva. Com a água já quente, prepara seu café – bem – doce com leite, depois de tomar toda a caneca se sente, finalmente, preparada para começar o dia.

      Sai de seu lar rumando para as escadas em direção a ala leste da grande construção, onde fica seu escritório. Diferente das outras sedes dos distritos, que são grandes prédios e edifícios modernos, o centro de Vita se parece com um castelo. A construção possui muitas torres e sacadas; tudo é feito de vidro, folhas e galhos, fazendo com que cada pedacinho se entrelace e se conecte com o componente mais incrível de toda a sede. A imponência do castelo se completa com a Árvore Anciã que consegue ter a copa muito mais alta que toda a construção e é quase impossível ver seu enorme tronco, pois a sede se molda e se enrola no mesmo.

      O apartamento do líder é localizado no ponto mais alto de todo o castelo, onde uma enorme sacada projeta-se para o lado de fora, fazendo com que – mesmo a muitos metros de altura – chame a atenção dos passantes lá embaixo. As grandes portas devem estar a essa hora já abertas para receber a enorme quantidade de trabalhadores que são necessários para o gerenciamento do distrito. Os empregados de todas as repartições do governo trabalham no local, desde o departamento agrícola até o de controle e proteção distrital.

      Cassandra desce todos os dias pelo menos dois – enormes- lances de escadas para chegar ao seu escritório. Ao adentrar o corredor que dá para sua sala, encontra Antonieta acenando para ela toda sorridente. A líder nunca entendeu como aquela mulher consegue ser tão animada e estar com um humor tão bom a essa hora da manhã. Deve ser de outro planeta. Pensa a mesma ponderando, pela primeira vez, o real motivo. Ou alguma droga...

      "Bom diaaa!" cantarola Antonieta, lhe estendendo uma pasta com o repertório que teria que realizar no dia. Cassandra a pega e começa a folhear e ler rapidamente as folhas, caminhando em direção a sua sala. A secretária a segue saltitando, fazendo com que a líder pare de caminhar e a olhe com uma sobrancelha arqueada. Com certeza é alguma droga... "Dormiu bem?"

      "Mais ou menos... Tive aqueles meus pesadelos de novo." Responde Cassandra sentando em sua cadeira, que fica em frente à sua linda mesa de eucalipto branca. "Quero que você cancele para mim todas as reuniões das 14 horas até as 17, preciso planejar e resolver algumas medidas que discutimos ontem."

      "Certo, certo." Fala Antonieta já anotando em seu pequeno bloquinho que sempre tem em mãos. A jovem levanta seus olhos esmeralda para a líder e com uma curiosidade – nada – contida pergunta: "Então, como foi a reunião? Algum progresso?".

SPLENDERE O iluminarOnde histórias criam vida. Descubra agora