Capítulo 4

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Você não tem medo de amar, até amar. É assustador.

AMANDA:

Vou despertando aos poucos, exausta, como se pudesse passar dias na cama sem querer me levantar. Abro os olhos lentamente, e ao ver a cama vazia, uma sensação de apreensão toma conta de mim. O dia começa a se desenrolar, e logo ele surge diante de mim, cruzando o quarto com uma toalha branca apenas em volta da cintura. Tento me esconder, puxando o cobertor para cobrir o rosto, mas, sem querer, acabo expondo meu corpo. Meu rosto se aquece em um rubor instantâneo ao imaginar que ele passou pelo quarto enquanto eu dormia, deitada de lado, com o bumbum à mostra.

— Bom dia — ele diz, sorrindo de maneira descontraída.
— Bom dia — respondo, mais tímida do que gostaria.
É estranho acordar ao lado dele.

— Dormiu bem? — Ele pergunta, enquanto seca os cabelos e os ombros com uma toalha.
Ai, meu Deus, eu vou morrer!

— Não sei, há quanto tempo eu estava com a bunda para fora?

Ele solta uma risada baixa.
— Não se preocupe, eu te cobri.

Meu coração acelera, e quase engasgo com a surpresa. Ele está tão tranquilo.
— Sério?

— Sério.

Ele está inabalável, como sempre.

— Não acha estranho tudo isso? — Pergunto, a dúvida estampada no rosto.
— Na verdade, eu gosto. É estranho para você?
Você não imagina o quanto!
— Claro que é! Nós dormimos juntos, e nem somos um casal. Acabamos de nos conhecer, não temos nada.
Ele me observa por um instante, quase divertido.
— Quer ter alguma coisa comigo, Amanda?
Eu engulo em seco, sentindo o desconforto crescer. Ele ri, percebendo minha reação.
— Eu sei o que você quer dizer — ele diz, com um sorriso tranquilo. — Relaxa, tá tudo bem. Vamos pensar nisso como uma oportunidade para nos conhecermos melhor.

— Para você, tudo parece tão fácil.
— Mas não é — ele responde, caminhando até a cama de um jeito desconcertante, pós-banho, com a toalha ainda em volta da cintura, a pele um pouco molhada. Ele se senta à minha frente e continua: — Por mais que eu tenha planejado isso, não significa que seja fácil para mim. Eu queria você aqui, e agora você está, e até respirar perto de você está sendo difícil.
Eu que não respiro perto de você!
— Não pode estar falando sério... Você parece tão — faço uma pausa, tentando encontrar as palavras — natural, tão você.
Ele ri, ainda mais intimidador.
— Bom, eu controlo bem minhas ações e emoções.
— Dá para ver.
— E o que mais você vê?

Eu me sento na cama, ajeitando o cabelo num coque meio bagunçado e sorrindo sem jeito ao encará-lo — tão forte, tão bonito, tão absurdamente sexy. Perto dele, sinto que perco toda minha maturidade; fico ansiosa, confusa, como uma garota tentando decifrar algo maior do que entende.
— Não sei... é difícil olhar para você. É difícil entender o que está por trás desse seu jeito sério e controlador. — Ele ri, e o som é ao mesmo tempo descontraído e provocante.
— Então, você me acha controlador? — pergunta, arqueando uma sobrancelha.
Dou de ombros, sorrindo.
— Acho.

Nos olhamos por alguns segundos, sem dizer nada, até que ele sorri e se levanta. Caminha até a porta do closet e, antes de abri-la, me lança um olhar, o sorriso malicioso ainda nos lábios.
— Bom, estou pronto — diz, erguendo levemente os braços — pronto para deixar alguém olhar para dentro de verdade. Se quiser ver o que existe por trás da minha postura séria e controladora, vai ver, porque eu quero que veja.
Eu quero ver tudo. Cada detalhe, cada partícula.
— Tudo bem, porque eu também estou pronta.
Merda, eu realmente disse isso?
Ele ri, divertindo-se com meu deslize, e abre a porta do closet.

NÃO ME CHAME DE PRINCESA!Onde histórias criam vida. Descubra agora