Capítulo 12 (FINAL)

188 21 9
                                    

O amor nasce de tudo, mas metade alguma, suportaria sua imensidão.

AMANDA:

Acordo assustada, como se emergisse das profundezas e pudesse finalmente respirar na superfície. Estou na superfície? Olho em volta e suspiro aliviada ao perceber que estou na casa de Henrique, embora esteja sozinha na cama, mas ele logo abre a porta e entra no quarto segurando uma bandeja.
— Oi, amor, não queria te acordar. Você está bem?
Eu sorrio ao olhar para ele, junto a uma corrente de alívio. Ele está com uma calça moletom cinza, sem camisa e descalço, uma versão que honestamente eu adoro.
— Estou muito melhor agora — digo.
Ele sorri, apoia a bandeja na cama e se aproxima de mim, e logo me ponho sentada para receber seu abraço carinhoso, ele beija minha cabeça, e sinto seu cheiro, mas quando nossos olhos se encontram, eu percebo uma certa preocupação nele.
— Está tudo bem?
Ele parece realmente preocupado, com o semblante mais sério, como se procurasse as palavras certas.
— Se eu dissesse que estou cuidando com o Ravi, de todas as questões do funeral do Marcos, se importaria? Eu sei que é difícil pensar nisso depois de tudo que passou, mas quero enterrá-lo ao lado do túmulo do Ben.

Eu sorrio e me apoio na cama com os joelhos, para ficar de frente para ele, com as mãos nos seus ombros.
— Claro que não me importo. Eu sei que antes disso vocês eram amigos, e que ele estava sofrendo. Na verdade, eu te acho o ser humano mais incrível do mundo, por mesmo depois de tudo, ainda assim, fazer isso por ele.
Ele esboça um sorriso pequeno, junto de uma pequena demonstração de alívio.
— Sério?
— Claro, tá tudo bem — faço uma pausa, enquanto deposito um pequeno beijo em seus lábios — talvez seja uma das duas coisas que precisamos fazer para encerrar esse ciclo.
Ele sorri, mas parece confuso.

— Duas?
Um pequeno suspiro escapa dos meus lábios antes de falar.
— Ontem eu achei a carta da minha mãe, eu sei que foi você que guardou no livro.
— Sobre isso — ele muda a direção do olhar rapidamente, coça o topo da cabeça, mas logo volta a me encarar — eu estava esperando o momento certo para falar com você, e então, ontem aconteceu.
— Tá tudo bem, eu preciso ler essa carta, eu acho que já demorei tempo demais.
— E quando quer fazer isso?

— Hoje mesmo. Só preciso que vá comigo até o meu apartamento para que eu pegue algumas coisas.
— Claro, o que precisar. Mas agora você precisa comer.
Eu rio, e ele puxa a bandeja com café, torradas e bolo para perto de mim, e eu analiso tudo com certa estranheza.
— Cozinhou para mim, Henrique Valadares?
— Não seja boba, foi a senhora Ana.
Eu gargalho.
Pego uma das torradas e dou uma mordida.
— Tem outra coisa que preciso fazer — digo.
— O quê?
— Preciso ver a minha avó, não tivemos uma boa conversa ontem e sei que ela está preocupada.
— Claro, o que precisar.

                                             ...
Estou parada no interior da garagem, analisando os carros de Henrique, eu o observo em silêncio por alguns segundos.
— Porque tantos carros? — Pergunto, enquanto ele escolhe uma chave, entre as muitas expostas de maneira sofisticada.
— Bom, acho que foi a maneira que encontrei de aproveitar a minha riqueza um pouquinho.
Eu rio.
— É sério?
— Essa foi a melhor desculpa que encontrei — nós dois sorrimos.

— Mas é sério — ele diz — de repente a minha vida era só trabalho, e eu nem tinha me dado conta do quanto dinheiro eu tinha. Mas a verdade é que eu também me sentia muito culpado por poder usufruir de algo que os meus pais nunca poderiam. Então tentei fazer coisas que eu sei que eles com certeza fariam, como doações para instituições de caridade.
— Aposto que eles se orgulham de você, e acho que eles não gostariam que se sentisse culpado, porque você merece isso, trabalhou por isso.
— Bom, é nisso que tento me agarrar.
Ele sorri e se aproxima de mim, segurando uma chave, envolve suas mãos na minha cintura e me beija com vontade.
— Como também quero me agarrar em você, todos os dias da minha vida — ele diz no meio do beijo e eu sorrio.

NÃO ME CHAME DE PRINCESA!Onde histórias criam vida. Descubra agora