Número 10: Fomos pegas invadindo (a visita)
*ÚLTIMO CAPÍTULO*
...
Papai e Penny tinham se acomodado no sofá que 20 minutos antes fora a cama de Brett, mas todos tinham sumido enquanto eu seguia para a porta do porão.
— Parabéns — disse papai, me abraçando. — Senti saudades. — Ele cheirava como papai. Aconchegante e cheiroso.
— Eu também — murmurei, e encostei a cabeça no ombro dele. Então pensei: “Não chegue muito perto. Posso ser contagiosa.” Afastei-me. — Vamos?
— Na verdade, pensamos em esperar Suzanne sair do banho. Dizer “Oi”.
— Eu nunca a conheci! — exclamou Penny, olhando em volta. — Dá para acreditar?
O banho. Eles achavam que a mãe de Vi estava no banho. Por que achavam aquilo? Ouvi com atenção e, realmente, o chuveiro estava ligado. Que diabo era isso? Encarei Vi. Quem quer que tivesse ligado o chuveiro era um homem morto. Ou mulher.
— Ela está louca para conhecer você — falou Vi com delicadeza. — Espero que saia logo. Mamãe toma banhos ridiculamente longos. Deixe-me ir contar a ela que vocês
estão aqui. — Vi desapareceu no final do corredor, fechando a porta.
Sentei em frente a papai e Penny e sorri.
— Então — falei. — Vocês vão a um casamento esta noite.
— Sim — falou Penny. — O casamento de Tricia. Chegou a conhecê-la? É uma velha amiga do trabalho.
— Eu ia pegar o trem amanhã para ver vocês — falei.
— Eu sei, mas queríamos surpreendê-la hoje — falou papai.
— Certo — forcei um sorriso. — Quem não gosta de uma boa surpresa?
Vi reapareceu.
— Mamãe trancou a porta. Sinto muito. Espero que ela saia logo. — Então falou para mim, movendo os lábios, mas sem emitir som: — Dean. No chuveiro. — Vi gesticulou uma decapitação com a mão.
Quinze minutos depois a água ainda caía.
— Quer saber, pai? Por que não fala com Suzanne quando me deixar aqui? Tenho certeza de que até lá terá acabado.
— Sim — falou Vi, levantando-se. — É uma ideia melhor. Ela usa o banheiro como sauna e pode levar horas. Acha que a faz perder peso. Ha, ha, ha.
Obsessões com perda de peso. Devia ser de família. Fechei os olhos bem apertados. Não poderia me preocupar com Vi agora. Muitas outras coisas com que me preocupar.
MESA PARA QUATRO (PAPAI, PENNY, EU... E MINHA DST)
As bocas de papai e de Penny se moviam, mas eu estava tendo dificuldades para processar as palavras.
Oi. Oi. Clamídia. Clamídia. Pergunta número um: como peguei você, clamídia? De Noah. Óbvio. Pois ele era a única pessoa com quem eu tinha dormido. Errado! A única pessoa com quem eu tinha transado. Ultimamente, eu dormia com garotos o tempo todo. Ha, ha. Mas só tinha transado com um. Ele era a única pessoa com quem eu tinha feito qualquer coisa.
A resposta: Noah me passou clami. Sim, eu a estava chamando de clami para abreviar. Eu podia dar um apelido à minha DST, pois nos conhecíamos muito intimamente.
Pergunta número dois: como Noah pegou?
A pergunta mais complicada, óbvio. Ele não poderia ter pegado de mim, pois eu tinha pegado dele. O que significava que ele tinha de ter pegado de outra pessoa. Até onde eu sabia, eu era a primeira dele. E ele nunca tinha ido tão longe com outra pessoa para também pegar clami. Então. Era isso. Noah tinha me traído. Não. Tomei um gole de café. Sim. Tinha de ser isso. Assim que começamos a namorar, ele me disse que nunca tinha transado. A não ser que tivesse mentido. Ou ele tinha me traído ou tinha mentido. Enquanto debatia as opções, derrubei café na blusa.