9. Dançando com o Tigre?

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Adanna


— Nívea? — a chamei pela décima vez enquanto ela limpava o balcão toda distraída no mundo da lua.

— Sim? — se assustou e finalmente me deu atenção.

— Você está bem? Entrou tão tarde ontem na dacha. — especulei e ela sorriu como se estivesse sendo pega aprontando.

— Estou ótima. Ontem pela primeira vez pude me entender com o Oliev sobre o passado ruim entre nós dois e agora acho que somos amigos. — respondeu com um olhar de quem não estava apenas considerando somente uma amizade e a minha boca se abriu.

'' Quando foi isso? O que eu perdi? '' — pensei bem confusa.

— Durante o meu descanso aconteceu de acabarmos nos encontrando no lago e conversamos sobre tudo. E tenho de admitir que ele não é tão monstrinho assim e que a convivência entre nós dois será pacífica a partir de agora. — emendou animada.

— Estou feliz que não a terei mais o amaldiçoando. O que a fará ficar mais tempo conosco por aqui. — tagarelei me dando conta de que não queria mais ir embora, pois Nia estava amando o vilarejo e eu mesma não queria partir.

— Estava pensando nisso. Aqui é um lugar tão tranquilo e... — meu pai que resolvera nos acompanhar naquela manhã para abrir o estabelecimento para o café estava se sentando ao piano.

— É bom ter musas para me ouvir! — exclamou bem alto e nós rimos o ouvindo tocar a introdução de '' Cheek to Cheek. ''

— Vamos. — a chamei e demos a volta até chegarmos perto do piano.

Céu, eu estou no céu,
E meu coração bate tanto que mal posso falar;
E eu pareço encontrar a felicidade que eu procuro
Quando nós estamos juntos lá fora dançando de rosto colado.
— cantarolou e eu teria batido palmas se uma mão não tivesse tocado levemente em meu ombro.

— Poderia me dar o prazer de uma dança antes do meu chá de cada dia? — Ikkel perguntou com o mesmo tom e olhar que eram irritantes, mas de certo modo até isso estava me divertindo nele ultimamente e o aceitei com um aceno de cabeça antes de ter a mão puxada para o meio do salão.

E não fui a única convidada para tal ato, pois vi pelo canto dos olhos quando Mizraim tirou Nívea para dançar e ela estava rindo de alguma coisa que ele lhe dizia enquanto descansava a face em seu ombro.

— Acho que estou preparado para ter o pé pisado. — o Molotov brincou e olhei para ele me sentindo estranha por não ter um insulto à sua provocação deliberada.

— A última vez em que... — ele me girou antes de me trazer de volta para si e nos abraçamos dançando lentamente.

Seu aroma se impregnou em meu nariz e o seu corpo quente aqueceu o meu enquanto sua mão direita segurava a minha e a sua esquerda se apoiava no meio de minhas costas.

— Lembro de nós dois discutindo sobre qualquer coisa tonta quanto a algo que você não faria nem morta. — me fez rir por sua careta e de repente passei a refletir sobre todos os momentos que aquele homem surgia para causar atritos que me arrancavam provocações e cheguei à conclusão de que fora um tanto exagerada.

Não que ele fosse um santo, mas eu também era muito má.

'' Existem tão poucos homens assim no mundo. '' — o jeito como ele lidava com as questões do vilarejo e com o trabalho no campo era o mais honesto e organizado possível.

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