Água

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Pov's Irene

No meio da madrugada acordei de repente,ofegante e em desespero.

Olhei ao redor e vi que aquele não era meu quarto e suspirei em alívio.

— Céus,achei que fosse um sonho.. – Murmurei para mim mesma e logo notei que minha garganta estava seca.

Por algum impulso,me pus de pé e fui até a porta abrindo-a com cautela,evitando barulhos.

Desci as escadas com a maior lentidão e então olhei para os lados,vendo a cozinha à minha direita.

Fui até o cômodo e me assustei ao ver uma silhueta em uma das cadeiras que estavam juntos com uma mesa no centro.

— Oh..Olá? – Uma voz desconhecida,de uma pessoa bem maior de idade ecoou.

— ... – Fiquei em silêncio por um momento — O-Olá..

— Quem é você,querida? – A senhorinha se levantou da cadeira e veio em minha direção me deixando perplexa.

— Sou Irene.. – Respondi analisando o rosto da mesma,e percebi que ela era bastante parecida com Seulgi especialmente seus olhos bem fechados.

— Omo,você é a Irene que Seulgi tanto fala? –  Falou e eu franzi o cenho.

— Seulgi falou sobre mim? – Perguntei.

— Sim,querida.Posso dizer que só de dizer seu nome minha neta já fica bastante eufórica de tanta felicidade. – Falou e eu acabei comprimindo um sorriso.

Estava explicado o por quê de serem tão parecidas.

— Mas bem..Você não veio aqui para falar com uma velhinha solitária no meio da noite,não? – Perguntou de repente.

— Uh,eu na verdade queria um pouco de água. – Falei envergonhada.

— Oh,sem problemas!Deixe que eu pego para você. – Falou e para perto de um armário tirando de lá um copo de vidro.

— Não precisa,deixe que eu pego. – Falei tímida chegando perto dela.

— Oh, que isso?Eu faço questão. – Deu um sorriso e eu acabei me dando por vencida.

Ela foi até o bebedouro, colocou a água no copo e logo entregou para mim que apenas agradeci baixinho dando o primeiro gole na água.

— Enfim,querida. – Ela começou e eu a olhei confusa — Tenho a sensação de que você está aqui por algum motivo específico. – Falou e eu senti meu corpo gelar.

— Hm..A senhora está certa. – Respondi enquanto bebia a água de forma rápida tentando acalmar meus nervos.

— Eu lembro que,Seulgi me disse que você era filha de um pastor,não? – Perguntou e eu assenti de forma hesitante — Gostaria de dizer para a vovó alguma coisa? – Indagou dando um sorriso fraco.

— Eu..Eu não..Não consigo.. – Falei e então senti ela segurar minha mão.

— As vezes é bom desabafar,meu bem. – Falou e eu a encarei — Me veja como uma amiga,ok?Estarei aqui para lhe ouvir e caso você queira manter segredo,pode deixar que minha boca é um túmulo! – Acabei dando um sorriso fraco.

— Com o que a senhora trabalha? – Perguntei de repente querendo mudar de assunto.

— Advogada na maior parte e psicóloga nas horas vagas. – Falou — E acredite,Irene.Sou uma boa ouvinte. – Sorriu.

— Mas..Por quê está tão interessada nisso?

— Quero saber se posso ajudar você em alguma coisa,mas precisa confiar em mim.

— Eu não costumo falar sobre esse assunto com ninguém. – Suspirei.

— Está tudo bem.Se não está pronta para falar,então não irei forçá-la,ok? – Falou e eu assenti abaixando minha cabeça.

— Oh,eu estava procurando vocês. – Me assustei quando ouvi a voz de Seulgi por trás de mim.

— Estou falando um pouco com Irene,Ursinha. – Sua avó respondeu dando um sorriso fraco.

— Ursinha? – Perguntei confusa e então vi Seulgi corar enquanto sua avó dava um sorriso perverso.

— Com o tempo você vai entender o porquê desse apelido,querida. – Respondeu — Por quê não se junta à nós,Seulgi? – Perguntou para a citada que apenas deu um sorriso envergonhado antes de se sentar entre nós duas.

— Pronto,vó. – Falou.

— Eu estava falando com Irene o quão animada você fica ao falar dela. – Falou de repente,eu sabia que era para deixar Seulgi envergonhada então apenas dei um sorriso fraco.

— Uh?E-Eu?A s-senhora disse? – Falou e logo cobriu seu rosto com suas mãos.

— Então é verdade? – Perguntei para ela.

— Talvez..Quero dizer,você foi minha primeira amiga nesse lugar então é claro que fico feliz. – Deu um sorriso amarelo.

— Nem venha com desculpas,Ursinha.Ela só falta pular de felicidade quando seu nome é citado. – Sua avó falou e eu acabei dando um sorriso involuntário.

— Vovó!A senhora quer que eu exploda!? – Seulgi perguntou indignada.

— Vai me dizer que não é verdade? – A mais velha perguntou e Seulgi a encarou por alguns minutos antes de comprimir seus lábios e me encarar completamente vermelha.

— Ok,ela não está mentindo. – Suspirou.

— Não sei por quê está envergonhada,isso é totalmente adorável da sua parte,Ursinha.Não concorda,Irene? – Sua avó perguntou e eu apenas assenti.

— É embaraçoso,vó.. – Murmurou.

— Por quê?Você fala tão bem de Irene,por quê é tão embaraçoso falar na frente dela? – Sua avó perguntou e eu senti minhas bochechas ruborizarem.

— P-Porquê..P-Porquê..Ah! Porquê sim! – Cruzou seus braços.

— Querida,não pode ser assim..Se você ama tanto de alguém então deveria ter a coragem de falar na cara. – Falou baixo,mas eu acabei ouvindo,arregalei os olhos e encarei a mais velha confusa.

— Vó.. – Seulgi falou como uma súplica.

— Só estou falando. – Deu de ombros.

— E-Eu acho melhor voltar para o quarto.. – Falei um pouco desesperada e me coloquei de pé,sentindo uma sensação estranha quando Seulgi apenas fixou seu olhar para frente evitando me encarar parecendo envergonhada demais para fazê-lo enquanto sua avó me encarava boquiaberta querendo falar algo que não saía.

Segui para o quarto com o coração à mil,pensando nas palavras da mais velha e engoli em seco me sentando na cama.

É incrível como isso tudo aconteceu apenas porque eu fui beber água.


















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