Capítulo 6

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O quinto dia se passou tranquilo, e, quando a noite chegou, saímos em um grande grupo para passear. Daquela vez Kageyama estava junto, bem como Kenma, que Kuroo não deixou fugir. Passamos em uma lanchonete, mas comemos na rua, até porque eu duvidava que algum estabelecimento aguentaria por muito tempo antes de nos expulsar.

Passamos a noite daquele jeito, só rindo e andando sem rumo, mas foi muito divertido. Foi a segunda vez que estávamos tão desinibidos perto um dos outros daquela forma, a primeira fora no churrasco na primeira vez que participamos dos treinamentos em Tóquio. Eram sempre amistosos e competições e mais treinos e ali, nas ruas iluminadas da cidade, eu me sentia da mesma forma como quando saí com Kenma, ou quando voltava da escola com meus amigos: leve e conectado com todos ao meu redor.

Quando voltei ao alojamento, quase de madrugada, praticamente desmaiei em meu colchonete, sentindo a garganta arder pela quantidade de risadas que eu havia dado naquele passeio.

O sexto dia foi bem puxado para todo mundo, e eu não sabia se a gente fazia comentários assim por estarmos todos cansados ou se era porque o treino estava realmente pesado como dizíamos. Mas uma coisa inegável é que a nossa sintonia nunca fora tão boa, bem como a nossa rivalidade tão alta. Os jogos amistosos estavam agressivos como nunca, e talvez não fosse questão de o treino estar mesmo pesado, mas nós estarmos motivados demais. O fato de Karasuno começar a ganhar com cada vez mais frequência nas partidas só aumentava ainda mais a nossa motivação já nas alturas.

Não sei bem quando, mas comecei a aceitar melhor os reboliços que eu sentia toda vez que pensava ou ficava perto de Kageyama. Eu sorria mais para ele, e a gente corava quando eu comecei a devolver seus olhares, quando ele achava que ninguém ia perceber que ele estava me observando, mas eu percebia. Ele tinha passado boa parte do passeio colado em mim, e estava de ótimo humor durante os amistosos, e aquilo, por algum motivo, me fazia ficar soltando risadinhas bobas toda hora, as broncas que ele me dava não ajudaram em nada a me manter mais sério.

A nossa sincronia tava melhor do que nunca e, no nosso último set do dia, quando ganhamos de Nekoma com um super rápido nosso, não resisti: pulei em suas costas em comemoração, fazendo ele dar uns passos para frente, tentando manter o equilíbrio. Ele ria enquanto segurava minhas pernas por debaixo dos meus joelhos e eu abraçava seu pescoço, apontando para Lev com a mão livre e rindo da sua cara de bunda.

A coisa começou a ficar meio complicada quando Nishinoya pulou na gente também, se pendurando como um macaco em nós dois. Fomos pro chão quando Tanaka veio correndo, sem camisa, e se jogou com tudo. Eu fui quase esmagado, mas ria descontroladamente sem nem entender porque estava tão feliz.

Foi o levantador a me ajudar a ficar de pé novamente, me olhando preocupado e me perguntando se eu estava bem em meio a gritos do Daichi para agradecermos pela partida que tivemos. Foi muito satisfatório ver Nekoma dando voltas na quadra, mesmo que ficasse com um pouquinho de dó de Kenma. Eu bem sabia como ele odiava correr.

Eu tomava água em um canto, só esperando a gente ser liberado para caçar alguma coisa para comer antes de voltar para os treinamentos opcionais. Kageyama chegou perto de mim, reclamando da garrafinha de água vazia dele, então estendi a minha, observando-o quase matar o resto.

"Olha o beijo indireto aí hein!", Nishinoya gritou, fazendo Tanaka rir e Kageyama engasgar na mesma hora.

Eu ri também, observando-o corar e sentindo o meu rosto esquentar junto ao dele. Quando devolveu minha garrafa quase vazia, me olhando constrangido, e eu senti minhas borboletas levantando voo enquanto eu terminava a água que tinha ali com meus olhos grudados nos arregalados dele.

Com vergonha pelo o que tinha feito e pela falta de reação do levantador, peguei a garrafinha de Kenma em sua mochila ao lado da minha e saí dali, indo na direção do falso loiro que respirava ofegante perto da uma das redes. Enquanto Kuroo o ajudava a beber água, preocupado com a sua respiração descompassada por ter acompanhado o time em todas as voltas pela primeira vez naquela semana, eu afagava seu ombro distraidamente. Em minha mente, eu só conseguia me perguntar como as minhas borboletas ainda tinham forças para voar depois de se remexerem tanto nos últimos dias. Acho que elas tinham tanta energia quanto eu.

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