Capítulo 3

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Era o nosso terceiro dia ali quando percebi que Kageyama estava ultrapassando os níveis de bizarrice, e para eu falar uma coisa dessas sobre ele era porque a coisa estava feia mesmo.

Não que ele já não estivesse estranho. Tipo, no primeiro dia ele tava mais tenso do que um fio de alta tensão, mas imaginei que era porque ele queria já começar com a bola toda, então eu estava ok. Na verdade, eu estava bem satisfeito com aquele comportamento dele, pois pelo menos eu sabia que ele estava concentrado no vôlei, e não em cartinhas perfumadas e cheias de coraçõezinhos.

No segundo dia ele não estava muito diferente, mas percebi que seu mau humor estava pior do que o normal, já que mal olhava na minha cara e me mandava umas bolas mais agressivas do que o comum. Mas eu também não estava ligando muito, pois era o dia que Kenma me levaria para passear e nada poderia tirar a minha animação.

Eu ao menos estava me sentindo culpado de não ficar até tarde treinando com Bokuto-san e os outros como eu normalmente fazia. Quer dizer, depois que Bokuto ficou sabendo que eu sairia com Kenma e que ele não fora convidado eu me senti meio culpado sim, já que ele entrara em modo emo, mas um pedido para que ele também me levasse para passear durante a semana foi o suficiente para que ele voltasse ao normal e para que eu ficasse ainda mais ansioso, pois ele saiu convidando um monte de gente para ir junto.

Mas eu fiquei muito feliz de ter aquele tempo sozinho com Kozume. Eu o considerava um grande amigo, e era muito doloroso só vê-lo em treinos e competições. Senti que o passeio nos aproximou ainda mais, mesmo que ele estivesse sendo monossilábico como sempre, soltando uma risadinha pelo meu comportamento vez ou outra. Nós fomos em um fliperama que ele gostava muito e passamos boas horas lá, comendo e jogando, com ele ganhando de mim em praticamente todas as partidas.

Mas o melhor mesmo foi quando recebi sinal verde do treinador para dormir na casa de Kenma,uma vez que ficamos até muito tarde na rua e a casa dele era mais próxima que a escola. Pude descobrir que ele falava bem mais quando estava com sono, resmungando sem parar em resposta às minhas perguntas frequentes, como se o cansaço o fizesse responder qualquer coisa de forma automática.

Ah, pobre Kenma.

Quando voltamos para a escola, descobri que meu time ainda estava no alojamento, e corri para encontrá-los e para guardar minhas coisas e pegar meu uniforme. Foi quando encontrei Kageyama sozinho na sala que estávamos dividindo que comecei a desconfiar que realmente havia alguma coisa de errado com ele.

Ele nem me cumprimentou, apenas me olhou feio quando atravessei a porta e berrei um bom dia para ele. Enquanto eu me trocava e despejava as informações sobre a minha noite para, ele apenas ficou sentadão e estático, a carranca piorando mais e mais, soltando um monte de tcs com a boca. Eu fiquei muito incomodado com isso.

Será que ele ficou triste por não ter sido chamado para sair junto comigo, bem como Bokuto havia ficado? Ou será que era porque ele não havia saído com ninguém? Pois eu sabia que não havia sido o único a dar um rolê pela cidade com os caras do outros time. Os capitães e vices, por exemplo, haviam saído logo no primeiro dia, o que nos rendeu um longo discurso dos treinadores sobre como estávamos, sim, autorizados a nos divertimos, mas como era para sermos responsáveis, além de sempre informarmos sobre nossos passeios. O Takeda-sensei parecia bem ansioso com a ideia de sairmos por aí, então fizemos questão de prometer que avisaríamos e que teríamos cuidado.

Saí dos meus devaneios quando percebi que estava sozinho na sala, e corri porta afora para acompanhar os passos pesados de Kageyama, e, pela primeira vez, decidi ficar quieto para não estressá-lo mais.

O que eu acho que não fez muita diferença, no fim das contas, porque conforme o dia passava, ele ia ficando mais e mais irritado, o que era no mínimo complicado já que a dinâmica em que estávamos exigia muito esforço e concentração.

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