Até quando?

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Obrigado pela ótima primeira noite na Argentina, Dulce Maria. Se antes eu tava tranquilo, agora não mais e como eu odeio não saber mais dissimular quando se trata de nós. Queria ao menos, por uma vez, colocar uma máscara e tentar fingir que tudo está bem, sorrir um meio sorriso e continuar sendo a pessoa mais linda do mundo, fechar os olhos e refugiar-me. Infelizmente, eu não sou assim. Demonstro o que sinto, não sei aparentar. De longe, de longe. Sigo observando-te, protegendo-te, se possível; Sigo perto, se necessário, sigo aqui. Mas até quando?

Imerso por meus pensamentos me jogam um copo de água gelada na cara.

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Cansada de dançar e continuar com aquilo tudo sorrio e me afasto, evitando constrangimentos. Vou direto para o banheiro. Lavo o meu rosto cuidando para não borrar a maquiagem. Só que eu não pude evitar as lágrimas que vieram depois. Efeito da bebida também, a gente tinha bebido demais, menos ele. Ele ficou lá me observando, tão perto e ao mesmo tempo tão distante, nem um pouco longe da minha visão, nem tão pouco do meu coração. Eu odeio me sentir assim, impotente, orgulhosa, masoquista. Quero sair daqui direto pra minha cama, no hotel, quero esquecer, quero poder esquecer...

Saio de lá buscando minha bolsa que estava na mesa, junto a ele. Percebi que estava um pouco tonta. Quando chego, depois de muito esforço, todos me olham parecendo entender que algo estava errado, esse era o mal de se viver 24 horas com as mesmas pessoas, quase impossível enganá-las.

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O que já estava difícil ficou ainda pior de aguentar. Estávamos mais maduros, isso era reconhecível, mas ainda assim depois de tanto tempo sentir esse ciúmes me deixava sem ar. Até que ponto a bebida pode levar uma pessoa? Falo isso para mim, porque agora eu me arrependo de não ter bebido já que a bebida poderia justificar certos atos meus nesse momento.

Eu só preciso sair daqui...e...lá vem ela...

-"Estou indo, quem vai comigo" – ela fala rispidamente evitando me olhar nos olhos.

-"A Any e o Poncho não vem?" – Christian pergunta e eu pisco em resposta ao seu olhar teimoso.

-"Não sei, ainda tão por aí, mas também queriam ir" – ela responde se preparando para sair.

- "Vamos todos então" – Christian faz sinal eu insisto a procura do seu olhar.

- "Eu vou ficar" – digo sem mais. Queria ver sua reação, queria ver o poder de nosso disfarce agora.

- "Que seja" – ela responde baixinho e me surpreende, virando as costas e se agarrando ao braço do Ricardo.

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