De volta ao México

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Pela primeira vez em minha vida, eu não estava totalmente animada em voltar à minha terra. Eu começaria a gravar a novela e Pedro já havia me adiantado que os fotógrafos me seguiriam, seja nos bastidores das gravações, ou mesmo nas ruas do México.

Apesar de as gravações oficiais só começarem no início de dezembro, já tínhamos passado pelo casting, encontros e reuniões entre Pedro, elenco e equipe de marketing. Ficava muito difícil disfarçar a ansiedade que sentia e ainda mais tendo consciência dos acontecimentos que estavam por vir. Aproveitei para ficar perto da minha família e tive muito apoio, como sempre.

Estava inquieta em meu quarto, quando recebo uma ligação. Ao atender, demoro um pouco para reconhecer a voz de Pablo, já que não éramos tão íntimos. Ele me chama para sair e entendo rapidamente o propósito daquilo, resolvo cortar a conversa e ser bem prática no que tinha que fazer.

Dois dias depois...

Havia passado 10 dias sem que eu visse Christopher. Meu estômago embrulhava só de pensar na reação dele ao ver os jornais e sites de fofoca nos próximos dias. Meu coração latejava e sentia que deveria vê-lo antes de tudo. Mas não encontrava a coragem necessária para isso, tinha muita insegurança e mesmo que eu tivesse me afastado para que conseguisse viver isso sem me culpar tanto, precisava sentir que ele estava bem.

Disquei seu número e esperei ansiosa.

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Estava em meu apartamento tocando. Naquele dia tinha chamado uns amigos para beber um pouco, já que teria dias seguidos de folga pela primeira vez em um ano. Apesar de saber que esse acontecimento tinha muito a ver com a disponibilidade de meus companheiros de banda, evitava pensar muito nisso e resolvi me concentrar em algumas composições, me concentrar em mim.

Ouvi meu telefone tocar na sala, mas confesso que estava muito aficionado no que estava fazendo e nem me movi. Coloquei os fones, aumentei o volume o máximo que deu e dedilhei na minha guitarra uma nova sinfonia...

Estava entregue em meu processo criativo e não consigo imaginar nada que pudesse me trazer de volta agora.

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Ele não atendeu! Como imaginei...

Christopher estava respeitando o meu pedido, de verdade. Quero vê-lo, preciso!

Peguei as chaves do carro sem pensar muito, minha bolsa, celular e corri para seu apartamento em Condesa. Papai me olhou curioso com a minha pressa, joguei um beijo no ar e pedi que não me esperassem para a janta. Hoje eu precisava dessa conexão, sentia muitas saudades...

No terceiro toque, ouço sua voz baixa no interfone.

"Chris, sou eu, Dul" - falo quase gritando...

"Dul? O que... - o interrompo.

"Não fala nada, só me deixa subir..."

Ouço o barulho da porta destrancando e corro.

Ele atende a porta vestindo apenas uma calça de moletom cinza e aquilo se torna absurdamente mais difícil, afinal, eu acho que só vim pra conversar e... enfim, ver como ele está.

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Me surpreendo com sua cara em minha porta.

"O que houve?" - me apresso em perguntar antes que ela comece a falar...

"Precisamos falar... você disse que estaria disposto a passar isso comigo e sinto que agora preciso de você mais do que nunca" - ela fala sem pestanejar com os olhos fixos em mim e eu não deixo de me espantar com a sua franqueza.

"Entra" - a convido fazendo o gesto com minha mão direita e ela rapidamente está sentada no sofá da sala me olhando com os olhos brilhando.

"É bom te ver..." - não deixo de rir com a confissão dela, estávamos apenas uma semana e meia longe...- "Eu sei que falamos de ficar mais afastados e tal, só que não consigo ficar tanto tempo assim, sei lá, por um lado é bom termos nosso tempo sozinhos, mas você não sente que algo está pendente? Não sei... é estranho ficar longe assim..." - Sento ao seu lado.

"Sim, estamos acostumados a ficar o tempo todo juntos, ainda que nos últimos tempos tenha sido meio conflitante, tudo de RBD nos coloca próximos e agora parece que estamos nos preparando para a distância...mesmo" - Sorrio pouco e não deixo de olhar para ela um segundo...- "Senti sua falta" - a puxo para perto de mim em um abraço terno e ela afunda a cabeça em meu peito.

"Muito... Senti muito a sua falta" - ouço sua fala forte e com os olhos fechados ela relaxa ainda mais em meu colo...

"Mas, bom...eu não vim aqui apenas para dizer isso...na verdade eu vim para te contar algo, de certo modo, quero antecipar umas coisas que vão acontecer nos próximos dias em relação a novela e também ao P...."

"Dul, você não me deve explicações nenhuma de sua vida... sério!"

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As palavras saem de sua boca e me ferem muito. Será que ele sabe o quanto estou machucada por tudo isso?

"Não são explicações, é meio que... estou com medo de você se afastar de mim quando ver tudo isso no que me meti..." - descolo de seu corpo pela primeira vez e resolvo encará-lo com seriedade...

Meus olhos marejam.

"Fizemos umas fotos juntos e a imprensa vai divulgar nos próximos dias. Me sinto suja, Christo..."

Ele me interrompe rapidamente...

"Dul, sério, você não é isso. Para de dizer essas coisas, você é forte, autêntica, sensível... é nisso que você tem que se apegar agora, nas suas maiores qualidades, ou vai se afundar junto com toda essa história que estão criando."

"Eu te admiro tanto por ainda estar segurando a minha mão... sério, eu tento me apegar a isso, como você diz, tento me apegar a minha arte, a minha música, aos meus poemas...eu escrevi muito nos últimos dias e trouxe pra você alguns versos...queria muito que você os ouvisse, queria gritá-los ao mundo..."

"Então grite!!!" - Ele me segura pelos cotovelos e me balança, meu corpo se move com o ritmo da sua voz - "Grite, chega de segurar tudo isso, bota pra fora, Dulce..."

Não penso em mais nada, apenas beijo sua boca ternamente enquanto minhas lágrimas escorrem com lentidão por meu rosto.

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Retribuo seu beijo invadindo sua boca com minha língua úmida. Sentia falta do calor que me ocupa quando estamos assim. Sentia falta do seu gosto e fiquei feliz pela iniciativa dela.

Nossos movimentos são rápidos, quando vejo já estou tirando sua blusa e ela abaixando a minha calça...

Ali, no chão mesmo, estávamos prestes a selar nosso desejo quando o interfone toca...

Levo minhas mãos à cabeça "Droga, os meninos..." - exclamo com raiva.

Ela sorri com malícia me olhando semi nua, e eu retribuo... preciso de uns minutos para me acalmar antes que eles subam. Jogo sua blusa que estava em cima do sofá no outro canto para ela que a veste rapidamente.

"Chamei os meninos pra beber hoje..." ela me interrompe...

"Tudo bem... tô afim mesmo de um pouco de álcool" - fico feliz em ver que ela não se esquiva se utilizando talvez disso para poder ir embora e sorrio com safadeza pensando que logo mataríamos a saudades totalmente...

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