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Eu não me lembro de muita coisa da noite passada, mas sinto vergonha do que consigo lembrar

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Eu não me lembro de muita coisa da noite passada, mas sinto vergonha do que consigo lembrar. 

Por mais que tenha sido um momento extremamente bom, as imagens de mim beijando o Ben, no meio da pista, me dão vontade de me enfiar no buraco mais fundo. Como aquilo aconteceu? Eu não me sinto nenhum pouco a vontade de falar sobre isso com alguém. Ben é um cara legal, eu sei que é. Mas qual é, ele era ficante da minha melhor amiga até ontem, por mais que ela não ligasse pra ele. E o pior nem é isso... Eu realmente não sou o tipo de garota que se entrega, facilmente, aos desejos carnais. Não que isso seja algo errado, têm mulheres que fazem isso o tempo todo e isso é incrível, pra elas. É que eu gosto de que o cara me conquiste primeiro. Me dê flores, me leve para jantar, recite poemas... Tá, tá, eu sei que atualmente isso é considerado brega por muitos, mas não deixa de ser um gesto lindo e um modo do cara mostrar que realmente me quer. Então, é exatamente por isso que eu estou com uma ressaca moral daquelas. Eu não quero que o Ben pense que já me conquistou apenas por uns amassos trocados na noite passada. Mas talvez ele nem queira me conquistar.  Talvez tenha sido só aquilo e tudo bem. Tudo bem, né?! Talvez ele nem se lembre e ainda apareça correndo atrás de Beatrice. Essa ideia ao mesmo tempo em que me conforta, me deixa um pouco amolada. Seria ótimo se ele não lembrasse que suas mãos passaram por inúmeras partes do meu corpo, mas seria péssimo que mesmo depois de ontem ele ainda procure pela minha amiga. Pra falar a verdade, seria melhor se eu e o Ben tivéssemos acontecido de uma forma mais calma, menos afobada. Eu fiquei com ele depois dele ter sido rejeitado pela minha melhor amiga, o que de legal pode sair disso? Nada. Eu não fiquei muito com o Ben depois que ele me encontrou saindo do banheiro. Na realidade eu não fiquei nadinha com ele, eu apenas comprei uma garrafa de água e me despedi. Eu queria voltar embora com Beatrice, mas ela estava ocupada demais com o bartender, consequentemente, me deixando voltar pra casa sozinha. 

O líquido quente  e vaporizado que sai da chaleira branca enche a xícara de porcelana, deixando-a pronta para eu tomar meu chá e iniciar meu dia. O barulho de porta rangendo invade minha audição, inevitavelmente eu olho em direção da mesma. É Beatrice, com seus sapatos de salto na mão, maquiagem toda borrada e cabelo desgrenhado. Um riso falho escapa dos meus lábios, ela parece uma adolescente chegando tarde em casa. 

TONS FRIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora