Capítulo 13

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              A visita a obra tomou toda a manhã de Eri. Um programa de reaproveitamento de água de chuva será implantado e o especialista responsável ficou de levar o projeto final para aprovação. Ele preferiu discuti-lo no local, para sanar possíveis duvidas do engenheiro responsável, o próprio Eri.

— Aceita almoçar aqui na obra? Posso garantir que o cardápio é muito bom. Comida caseira de qualidade — Eri convidou Ramon Nunes, o engenheiro especialista no projeto Água Sustentável.

— Vou aceitar sim. Faz tempo que não como uma boa comida caseira, pois moro sozinho e restaurante é a realidade do meu dia a dia.

— Não irá se arrepender. D'Julio organizou um projeto, juntamente com uma nutricionista, em que escolhem duas pessoas da família dos trabalhadores da obra para que fiquem responsáveis pelas refeições. Fornecemos as estruturas e as pessoas o talento culinário, alternando os dias entre elas. A experiência deu muito certo. Nos três projetos pilotos, as cozinheiras, além de fornecer à obra, estão atendendo outros mercados próximos a elas.

— Só posso agradecer a mensagem enviada remarcando nosso encontro para hoje — Ramon brincou ao servir do simples e delicioso almoço — Quanto a D'Julio, faz tempo que não nos encontramos. Preciso marcar um chope no fim de semana para colocarmos a conversa em dia. Você também é convidado.

— Pode contar com minha presença quando vocês marcarem.

Na sala de reunião da construtora, Eri cogitou ligar para Ludi, decidindo no entanto, propiciar mais tempo a ela. Cinco dias de convivência foi o suficiente para sentir-se totalmente ligado a montes-clarense e não poder ao menos falar com ela era uma verdadeira tortura.

— Filho, como foi de viagem? Conseguiu descansar? — Ernani abraçou  Eri.

— Sim. E por aqui, tudo tranquilo?

— Sua mãe tocou numa festa em um sítio e acabamos passando a noite em um hotel fazenda, próximo. Aproveitamos um pouco.

— Os meninos deram notícias?

— Anahí apareceu aqui na quinta-feira, e sumiu no fim de semana. Seu irmão, como sempre, fez uma ligação rápida no domingo, contando sobre o trabalho e o local onde se encontra, mas nenhuma informação real sobre si mesmo.

— Ele, além de inquieto é muito reservado — ponderou Eri.

— Você, por outro lado, é muito transparente. O que aconteceu?

— Uma pisada de bola — Eri lamentou — Infelizmente não sei como concertar.

— Filho, nada é definitivo. Há sempre maneira de remediar um mal.

— Tomara, pai. Tomara!

A conversa foi interrompida com a chegada dos demais participantes da reunião. A construtora iria decidir se abriria um departamento para concorrer a obras públicas e qual o grau de investimento seria necessário. Por opção, desde a origem da empresa, Ernani e Viviane preferiram apostar no setor privado, porém, a nova geração tinha outra visão, a de  diversificar o trabalho. Para tanto, estudos precisavam ser realizados a fim de garantir a maneira segura e correta de entrar nesse setor.

Depois de passar o dia na zona rural de Montes Claros avaliando obra da reforma de uma escola estadual, Ludi foi ao supermercado fazer compras, aproveitando para renovar o estoque de chocolate e sorvete. Todos os sinais apontavam a chegada de uma TPM fortíssima. Sempre que cheiro de perfume a perturbava, os sintomas tendiam a serem mais fortes. Aproveitou para comprar atum em conserva para Diadorim, sua gata em eterna TPM.

MERO CLICHÊ DE AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora