Capítulo 4

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          Era manhã de quarta-feira, Ludi tinha acabado de desembarcar em Belo Horizonte e infelizmente, necessitava ir a outro aeroporto para o voo a Uberaba, quando foi surpreendida com a alta figura a observando ao descer as escadas.

— Você veio aqui?

— Achei mais prático buscá-la.

— Mais prático sair de BH, vir a Confins e regressar para Pampulha? — Ludi comentou entre risos.

— Narrando dessa forma pode parecer o contrário de prático. Mas veja por outro prisma. Estou de carro. Iremos conversando e acertando mais detalhes.

— E seu carro? Vai deixar no estacionamento durante todo o tempo da viagem? Sabe o quanto é caro estacionamento? Um amigo diz que gasta mais em estacionamento do que com gasolina. Eu disse a ele que bicicleta é a melhor forma de locomover. Bom, isso não levando em conta que BH está repleta de ladeiras. Montes Claros é plana, mas não possui ciclovia, o que complica. Bom, o sol também complica. Não entendo porque as cidades não colocam em prioridade os ciclistas, todos ganhariam com isso. Bom, nem todos. Acredito que um grupo seleto, igual ao que aconteceu em São Paulo, poderia protestar.

— Um amigo irá buscá-lo — Eri tentou não sorrir diante do nervosismo de Ludi — Atlético ou Cruzeiro?

— Como?

— Aproveitando o tempo. Atlético ou Cruzeiro?

— Galo. Sem sombra de dúvida.

— Hummm! Tinha que ter um defeito.

— O quê? Cruzeirense? Eca!

— Eca?

— Bom, não "eca" — Ludi fez sinal de aspas — É que minha amiga de infância casou com um cruzeirense e eu disse que ela tinha mal gosto, e agora aqui estou eu com todo um cronograma das coisas que iremos fazer. Bom, claro que não iremos namorar, mas vamos fazer coisas dentro de um quarto. Tecnicamente, isso me coloca no mesmo patamar dela. Não é?

— Como posso responder a isso? Talvez você deva admitir que nós cruzeirenses somos charmosíssimos? — Eri divertiu-se com a expressão de Ludi, enquanto ele deu a volta para retirar a mochila das costas e pegar também a mala de mão que ela deixou no chão — Enquanto você pensar sobre isso, vamos até o estacionamento buscar nossa condução.

Dentro do carro, Ludi retirou o celular da bolsa e começou a digitar e após alguns momentos de buscas ela o surpreendeu.

— É relativa sua afirmação.

— Relativa?

— Sim. Com uma leve busca em sites e grupos dedicados ao Galo e ao Cruzeiro, posso dizer que não há forma de garantir serem os cruzeirenses mais charmosos.

— Sério? — Eri gargalhou — Você pesquisou imagens?

— Hum-hum! — Ludi mostrou fotos dos torcedores dos dois times — Não há como confirmar essa afirmação.

— Eu não tenho medo de afirmar que as torcedoras do Galo são as mais lindas de todas. Então, continuo acreditando que os cruzeirenses somos os mais charmosos.

— Sabe que não há nenhuma lógica no que acaba de dizer, não é?

— Esqueça a lógica e apenas agradeça o elogio. E antes que você pergunte, sim, você é linda!

MERO CLICHÊ DE AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora