Prólogo

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O som do despertador soprou sobre os ouvidos do ruivo, que adormecia enrolado em seu lençol, cansado o suficiente para dormir o dia inteiro, e só levantar para comer. O barulho irritante continuou o perturbando, estalando a madeira de seu criado mudo. Irritado logo cedo, forçou os olhos focando no aparelho barulhento, e ainda cansado esticou o braço desligando o que tanto lhe irritava. 


O filho do prefeito ergueu o corpo, se colocando sentado. Ainda aéreo escolheu tomar um banho, quanto mais rápido chegasse na escola, mais rápido a aula acabaria. Se levantou a passos largos e preguiçosos, e esticando o corpo escutou um estalar em suas costas. Resmungou ao vento e entrou no banheiro, retirando o pijama em movimentos lentos. Dentro do box, abriu o registro deixando a água quente cair em sua cabeça, molhando assim o resto de seu corpo.

Seus pensamentos eram todos direcionados a escola, essa que o Sabaku repudiava. As cobranças em cima de si eram muitas, mediante ao cargo que seu pai ocupava. Riu sem humor ao pensar em seu pai, mal se comprimentavam durante a semana, isso quando se viam. Esfregando o sabão pelo corpo, buscou forças divinas para não surtar como já fez antes, o que resultou em uma suspensão de uma prazerosa semana.



Desligou o registro e buscou por sua toalha, secando primeiro os cabelos. Saiu do banheiro com a toalha na cintura e procurou por alguma roupa que prestasse, e olhando para uma blusa totalmente preta, quis usá-la. Percebendo que havia esquecido de escovar os dentes, voltou para o banheiro já vestido e completou sua higiene, saindo do quarto com a mochila em suas costas. 



Descendo as escadas, olhou para a sala onde seu irmão arrumava algumas pastas. O estudante de direito já se preparava para sair, mas ao visualizar a imagem de seu irmão, virou o corpo em direção a ele, desejando seu bom dia silencioso. O Sabaku o ignorou como sempre fazia e se dirigiu a cozinha, depositando um beijo na bochecha de Chiyo, a governanta.

— Bom dia querido, está com fome? — Gentil como sempre, a senhora perguntou já colocando algumas torradas no prato. — Fiz seu suco favorito, sei que precisa de energias boas para o começo de ano. 


Agradecido, sorriu para a mulher que ele considerava avó e se sentou a mesa, ansioso para experimentar o suco de maracujá feito com todo o carinho. Deu o primeiro gole e sentiu todo o sabor explodir em sua boca, e soltou um gemido de aprovação.



— Está delicioso, como sempre. — Elogiou pegando a jarra e despejando mais do líquido. — Obrigado.


— Eu faço por amor, meu filho. 


— Um suco doce, para deixá-lo menos amargo. Muito boa a idéia vovó Chiyo. — A voz de Temari ecoou pela cozinha, causando irritação no ruivo que a escutava. 



Abraçando a idosa, a loira encarou o irmão de forma sarcástica. 



— Logo cedo e você já está enchendo o saco. — Elevou a voz de forma debochada, deixando os cotovelos apoiados na mesa. — Tenho muita pena do seu namorado, uma garota fútil e sem noção como você deve dar uma dor de cabeça. — Alfinetou deixando seu tom de voz manso novamente.




O xingando, a Sabaku se sentou evitando contato visual com seu irmão. Eles tinham uma boa relação, as ofensas e brigas não os afastavam, porém a futilidade de Temari era sempre a pauta principal das discussões de rotina. Não que a loira fosse assim por vontade própria. O desejo de ser vista e de ter as atenções para si veio de anos sendo rejeitada pelo pai, e com a morte da mãe tudo piorou.

Depois da sessão de ofensas os irmãos partiram para a escola, o motorista já os esperava. Se pudesse o ruivo iria andando, e não com os subordinados de seu pai, ele tinha pernas e o colégio não era distante. A caminho foi rápido, e em poucos minutos já estavam de frente A grande escola.


Cherry in the DesertOnde histórias criam vida. Descubra agora