Tentativas e convites

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Os ventos fortes faziam-se presentes. A noite estava fria e barulhenta e os clarões vistos através da janela assustava a pequena criança. As mãos pequenas iam de encontro ao rosto, secando as lágrimas que insistiam em cair copiosamente. Ele estava sozinho em seu quarto, seus irmãos mais velhos estavam dormindo, e ele não tinha coragem para levantar e encarar o escuro corredor até os quartos.


A inocente criança se perguntava por que seu pai não estava ali, o amparando, dizendo que tudo ficaria bem, e que nenhum mal o aconteceria. Fora isso que ele havia prometido a sua mãe, o pequeno gravou detalhadamente em sua memória, as falas de sua mãe em seu leito de morte.



— Rasa... Por favor, cuide de nossos presentes... Não os deixem só, faça o que eu não poderei fazer...


O ruivo chorava descontroladamente. Abraçando sua pernas em posição fetal, tudo o que escutou fora as palavras de seu pai.




— Eu cuidarei deles... Eu prometo.


Mas ele não cuidou. Após o enterro de sua esposa, o politico tratou de focar em sua vida política, deixando assim seus filhos e sua promessa de lado. Chiyo, por mais dedicada que fosse, não conseguiu suprir a carência e a necessidade de Gaara. Ele queria sua mãe, ele queria amor, ele queria uma família como todas as outras.


Depois de derramar muitas lágrimas, o pequeno adormeceu. E seus sonhos sempre eram os mesmos, com sua mãe em um lindo parque de cerejeiras, sentada a grama ela penteava os cabelos loiros de Temari, que estava sentada a frente da mãe. Kankuro corria atrás de um cachorrinho pequeno, e assim que os olhos de todos o fitavam, aquele sorriso reconfortante de sua mãe deixou seu coração aquecido.

Ele só a veria ali, em seus sonhos.




O ruivo chutava algumas pedras que estavam eu seu caminho. Já haviam se passado 3 dias desde que conversou com Sakura. Ele ainda não havia conseguido nada para provar sua inocência. Então decidiu fazer uma trilha com Yashamaru, para ver se assim, ele conseguiria pensar em algo. Ele não estava preocupado apenas com a surra que levaria, como pontuou a Haruno, ele por mais confuso que fosse, não queria que Sakura pensasse o pior dele.


Ele sabia que não era a melhor pessoa para se conviver, e também sabia de seus inúmeros defeitos, mas uma coisa o ruivo não era. Ele não era estúpido, pelo menos não a esse nível  sórdido. Quando pediu para ela, fora mais por tédio, ele não tinha o que fazer então pensou nela. Talvez, continuar ignorando-a teria sido a melhor opção, ele acabou envolvendo-se demais com ela.


— Tsc, que saco. — Proferiu alto, chutando uma pequena pedra para longe.


Yashamaru que estava a sua frente, parou de andar e virou seu corpo para trás, encarando o sobrinho. Seu olhar perfurava a pele do ruivo, e ao olhar nos olhos verdes fora como se, ele pudesse enxergar a angústia do mais novo. Os olhos não mentem, são a janela da alma.


O caminho da trilha era pequeno e estreito, havia muitos mosquitos e o barulho de cigarras era levado pelo vento, que soprava no ouvido dos dois.

— Gaara. — O mais velho o chamou, os olhos o fitaram oscilantes. — Sabe que pode me dizer qualquer coisa, não sabe?


Yashamaru perguntou, ele conhecia seu sobrinho. Gaara havia herdado muitas características de sua irmã, assim ficava mais fácil decifrar o adolescente. O ruivo mordeu o lábio inferior com certa força, o que espantou Yashamaru, não era do costume de Gaara hesitar em contar algo, pois normalmente o ruivo trata tudo o que acontece como banal e trivial.


Cherry in the DesertOnde histórias criam vida. Descubra agora