Cherry in the Desert

Um trabalho e uma visita

Por quê nós, seres humanos somos tão sistemáticos? Na grande parte, a vida se baseia em: Estudar, arrumar uma profissão, se formar, arranjar um emprego, casar, ter filhos e morrer. Mas, Sakura não queria aquilo. Ela queria ser livre, sem ter pessoas a todo momento dizendo o que ela deve fazer.  Mas como faria isso? A jovem se dedicava bastante com estudos, para orgulhar a mãe, essa que, foi abandonada pelo marido e mantém a casa como pode. Seu marido, Kizashi, a largou quando Sakura ainda pequena, obrigando a mulher a trabalhar em dois empregos. Durante o dia, atuava como garçonete, e a noite, como vigilante na empresa Uchiha.

Sua imensa amizade com Madara, fez a vida de sua filha melhorar. A amizade entre as Harunos e os Uchihas, era de fato, muito sincera. O Uchiha sentia grande apreço pela pequena rosada, e com isso, assumiu a responsabilidade de pagar a escola mais cara da cidade, assim fazendo a jovem ter o melhor dos ensinamentos. Madara era a figura paterna que Sakura possuía, pois em seu coração Kizashi já não tinha espaço. O amadurecimento chegou cedo, quando sem querer, descobriu que seu pai tinha outra família, e que sua mãe não passou de uma mera amante. Desde então, tudo o que sente pelo homem que a gerou, é nojo.

E o sentimento de abandono e sua inseguranças a fizeram nutrir sentimentos por Gaara. Ela sabia o quê acontecia dentro dele, a morte da matriarca da família abalou profundamente o psicológico do ruivo, e Sakura o entendia, talvez melhor do que ninguém.

Uma coisa que a enojava era a popularidade escolar. Pessoas soberbas que queriam a todo custo atenção, não importa se pessoas sairiam magoadas no processo. Para ela, ser conhecida ou não, era tudo o que menos importava. 

E nesse meio, entra Temari. A loira cujo a fama é de fútil, mas por que Sakura a odeia? A Sabaku poderia ser considerada sua melhor amiga, ambas não se desgrudavam e compartilhavam segredos. Mas um belo dia, a loira se aproveita da distração de Itachi e o beija, sabendo que sua amiga nutria sentimentos por ele. Logo depois, humilhou Sakura diante da turma, chamando-a de pobretona e esquisita. O motivo? Para andar com um grupo de meninas mais velhas.

Sakura por mais magoada que tenha ficado, entendeu que a falta de uma mãe, e não ter uma pai presente, influenciou nas atitudes dela. No fundo, ela entendia.

Quando conheceu Ino, uma luz tomou conta de sua vida. A alegria e sinceridade que emanavam dela, eram o quê mais encantavam Sakura. As duas, por mais amigas que fossem, brigavam muitas vezes por motivos banais, porém não conseguiam passar mais de uma semana brigadas. Já a doce Hinata não se envolvia nas discussões.

Sua vida amorosa era bastante movimentada. Ela já havia se envolvido com dois Uchihas, e Sasori e Deidara já haviam à levado para a cama. Não que ela já tivesse pegado a metade da escola, o que na visão dela não seria ruim.

Porém, quem ela realmente desejava e amava não se importava com ela. E quando a olhava parecia sentir pena, um pensamento infundado, mas era assim que ela pensava. Animada com a idéia de fazer o trabalho com ele, nem ao menos percebeu o tempo passar, e quando se deu conta, tinha apenas duas horas para se arrumar. Ela andava de um lado para o outro, nervosa por não ter roupas bonitas o suficiente para tal evento, ligou para as amigas.

Ela já estava se desesperando, quando Ino chegou, abrindo a porta com força. Atrás dela, a Hyuga fechou a porta e entrou.

— Testudinha, Testudinha! É hoje que você agarra aquele ruivinho delícia — berrou a loira, jogando as sacolas com roupas na cama. — Está animada, Cherry?

— Ino, eu só irei fazer um trabalho. E ele não me daria bola de qualquer forma — deu de ombros.

— Para quem só irá fazer um trabalho, você está muito preocupada com roupa — comentou, fazendo a amiga corar e olhar para Hinata.

— Olha Sakura, a Ino tem razão, aproveite essa chance.

Tanto Sakura quanto Ino foram pegas de surpresa, pela sugestão nada inocente da morena.

— Ok, então vamos escolher uma roupa. — Seu deu por vencida. 

Depois de muitas discussões sobre paletas de cores e sapatos, Sakura decidiu ir com um short jeans claro, uma blusa com detalhes em preto e um all star amarelo. Deixou as meninas cuidando da casa, e saiu, estranhamente feliz. Andou até a casa do ruivo e ergueu a mão e bateu na grande porta, que foi aberta por uma Chiyo sorridente. Abraçou a avó de seu amigo e entrou. Escutando vozes, o ruivo saiu do quarto e ficou no topo das escadas, a convidando a subir.

Assim que entrou no quarto do ruivo, observou a decoração despojada, porém nada bagunçada. Gaara era bastante organizado e cuidadoso com suas coisas. Escutou a porta ser trancada e o viu vestir uma camiseta. Ela estava tão distraída com o quarto, que não se ligou em como ele estava.

" Burra, eu sou muito burra!"

Se amaldiçoava em pensamento.

— A gente não vai... Começar? — Tentou ser o mais centrada possível.

— Qual é a sua, hein? Por quê decidiu fazer dupla logo comigo, e não com Itachi ou outro alguém? — Perguntou sentando-se na cama.

— Que comentário besta, você estava sem dupla, eu estava sem dupla, apenas juntei o útil ao agradável. Não se sinta especial. 

Por mais que gostasse dele, a garota sabia como lidar com o egocentrismo dele. O ruivo fingiu acreditar e voltou sua atenção para um ponto qualquer do quarto. Já incomodada, a rosácea se remexeu inquieta, observando o garoto pegar o notebook.

— Vamos pesquisar então, vem cá — deu batidinhas no espaço ao seu lado, chamando-a para perto.

Se aproximou inocentemente, percebendo um sorriso mínimo surgiu em seus lábios. A jovem sentou desconfiada, sentia algo estranho vindo dele, pois não era muito comum vê-lo sorrindo. Depois de pesquisarem sobre o tema, escutaram a porta ser aberta.

— Desculpe... Não sabia que tinha visita. — A loira corou envergonhada. 

— Estamos ocupados, quando eu acabar falo com você — falou sem olhá-la. 

A loira virou o corpo em direção a porta, mas antes deixou um olhar para Sakura.

— Quando acabar com ele, vá até meu quarto Sakura, por favor. 

Pediu sorrindo docemente.

No fundo, Sakura gostava dela.