O diário

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Um ano depois 

Adam

Hoje completa um ano que eu perdi uma parte de mim, hoje faz um ano que as cores da minha vida estão entre o cinza, branco e preto, hoje completa um ano do suicídio de Emilly.

Meus pais estão agindo como se fosse um dia qualquer, eu acho que o jeito deles de disfarçarem a dor.

— Adam, levanta vai se atrasar para escola — Minha mãe falou da porta do meu quarto.

— Eu posso ficar em casa hoje? — Pergunto a ela.

— Porque? Está doente? — Ela me pergunta preocupada.

— Eu só... não me sinto bem.

— O que você tem? — Ela pergunta novamente, mas desta vez já sentada ao meu lado na cama.

— Tá doendo — Falo a ela já com a voz meio falha.

— Onde dói? — Ela pergunta com uma voz calma, que me tranquiliza um pouco.

— Meu... coração, esse aperto que... eu só queria que parasse — Ela entende o por que é olha para frente - Posso ficar em casa?

— Só hoje, amanhã você vai para escola — Concordo e minha mãe sai do meu quarto.

Tento dormir de novo, era melhor dormir, pelo menos os pensamentos não me atormentavam tanto.

(...)

São 12h30, deito de barriga para cima na cama e fico olhando o teto, na minha cabeça mostrava meus momentos com Emilly, eu tentava encontrar motivos para ela fazer aquilo, mas eu não conseguia encontrar nada, será que ela deixou algo no quarto dela que fosse a resposta?

Me levanto faço minhas higienes e vou até o quarto de Emilly, a porta se mantinha fechada desde daquele dia, minha mãe só abria uma vez por mês para limpar. Respiro fundo umas três vezes e abro a porta.

Nada tinha mudado, as cortinas estavam abertas, a claridade que entrava deixava o quarto diferente, eu não sei como explicar, só me trazia um pouco de paz.

Olho tudo em volta, mas não tinha nada que me mostrasse o por que dela fazer aquilo.

Vou até seu banheiro, e os flashbacks daquele dia me atingem com força me fazendo ficar meio tonto, mas eu continuo lá, eu precisava de respostas. Tinha uma caixinha em cima da pia, eu tenho certeza que minha mãe não abriu, era uma caixinha preta com a detalhes de flores douradas e algumas vermelhas, a pego e abro, lá encontro várias lâminas, e lembranças vieram ao meu encontro.

Lembranças ON

— Emilly! — Já era a terceira vez que a chamava para irmos logo a escola — Emilly, vamos nos atrasar!

Vou até seu quarto e a vejo se olhando no espelho.

— Que foi? — Pergunto a ela.

— Essa roupa está boa? Não chama atenção? — Ela me pergunta e o sorrio — Para de sorrir! Você sabe que odeio chamar atenção.

— Você está linda, como sempre, e sua roupa não chama atenção — Ela sorri — Vem, vamos nos atrasar.

— Tenho que pegar minha mochila — Ela fala procurando a mochila no quarto.

— Você deixou a mochila na sala ontem, vamos Emilly — Pego em seu pulso, mas ela faz um som de dor — Eu te machuquei? — Solto o seu pulso, ela balança a cabeça que não — Deixa eu ver, às vezes eu posso ter machucado.

— Não, você não me machucou — Me aproximo dela e pego em pulso com cuidado - Não tem nada demais Adam — Ela fala baixo, eu levanto a manga da sua blusa e vejo vários cortes.

— O que é isso Emilly? — Pergunto para ela que desvia o olhar para o lado — A caminho da escola você vai me explicar."

Lembranças OFF

Ela não falou nada com nada naquele dia, mas agora tudo fazia sentido, Emilly se cortava, mas porque ela não falou comigo sobre isso? Eu poderia ter ajudado... ou só ter piorado, mas eu poderia ter tentado ajudar.

Coloco a caixinha de novo na pia e volto para seu quarto, ela não tinha deixado nada que pudesse me ajudar a entendê-la, da porta do banheiro olho seu quarto por completo, momentos felizes entre mim e Emilly vem ao meu encontro e junto com eles a saudade... que não teria fim.

O quadro que ficava a cima da cama de Emilly estava torto, ela não deixaria assim, tudo para ela tinha quer ser simétrico. Vou até o quadro é o ajeito, mas ele não ficava reto, o tiro da parede e vejo que tinha uma portinha ali, abro e vejo um caderno preto e um álbum de fotos, peguei os dois e fechei a portinha, coloco o quadro no lugar e saindo do quarto.

Volto para o meu e sento na minha cama e coloco os dois na minha frente e começo a reparar nos detalhes, os dois eram muito parecidos, tinha capas pretas, a única diferença era que o álbum de fotos tinha detalhes dourados nas bordas, o caderno era totalmente preto, no álbum estava escrito "memórias em fotos" em sua capa.

Escolho abrir o álbum de fotos, mas não era bem um álbum de fotos, era aqueles livros de colagens, e ela fez realmente isso, colagens de várias pessoas, eu não sabia quem eram, deveriam ser de sua escola, fecho o álbum e abro o caderno na sua primeira página.

18 de janeiro de 2017 - Segunda-feira

Diário... na verdade você é só um caderno preto, mas parece um diário. Eu precisava de alguém para conversar, mas não podia ser uma pessoa, precisava que fosse alguém que não falasse, só escutasse, o único meio que conheço assim é a escrita, por isso estou aqui, vou escrever sobre tudo e todos, sim, todos, a minha vida é bem mais complicada do que parece, não falo isso por conta da minha família, eles são ótimos, a família que todos gostariam de ter.

Eu falo isso por conta da escola, cada página desse diário vou escrever sobre alguém ou sobre um sentimento meu, esse pequeno caderno vai ser meu refúgio, meu lugar de paz.

Aqui vamos ter a verdade da garota "ela encrenca não fique perto dela", "ela pode nos prejudicar, vamos ficar longe", "otária", "mentirosa", "problemática" "desarrumada" e também conhecida por simplesmente EMILLY.

Eu tinha achado o diário da minha irmã, as respostas que procurava estão aqui, mas será que é certo ler? Eu quero entendê-la, saber o que ela passava e por

que fez aquilo, eu quero saber o porquê de Emilly cometer suicídio... e as respostas estavam em minhas mãos, mas será que era o certo a fazer isso?

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Oi!
Mais um capítulo para vocês:)
Espero que goste!
Cometem e votem se gostarem

Até a próxima, bjs se cuidem;)

O diário de EmillyOnde histórias criam vida. Descubra agora