Capítulo 1

189 23 3
                                    

Tyr corria desesperado, queria encontrar alguém vivo, não poderia ter perdido todos que amava. Aquilo não estava acontecendo com ele, o que faria sozinho? Começou a gritar, esperava ouvir uma resposta.

- Pai! Mãe! Piper! – Nenhuma resposta.

Com esforço, começou a vasculhar os escombros da casa, sua casa. Horrorizado, após tirar algumas pedras, encontrou sua pequena irmã, Piper, morta. O que tinha acontecido ali? Ele só se lembrava de estar no pasto, próximo a casa e um estrondo, um impacto o atingiu. Quando acordou tudo estava em ruínas. Continuou tirando os escombros e levou o corpo da pequena Piper para um lugar limpo.

Voltou e continuou cavando, até encontrar os corpos de seu pai e sua mãe. Fez o mesmo com eles. Com as últimas forças que possuía, cavou, ele mesmo as três covas e enterrou sua família. Ficou ali um pouco, chorando e jurando vingança aqueles que haviam tirado sua família. Decidiu, sem saber por que, voltar para os escombros. - Não, as coisas não aconteceram assim. - Pensou confuso.

Continuou andando e, atrás de uma grande pedra estava deitado um garoto, ele o conhecia, não, não conhecia, mas era tão familiar, ele parecia um ser celeste, um anjo. Olhou para ele mesmo, ele já não era o garoto que havia enterrado sua família, era o homem que havia se tornado. Olhou assustado para o jovem.

- Quem é você? Você está ferido? Eu vou cuidar de você.

- Não há tempo. Tyr, você precisa fugir. Eles vão persegui-lo. Não posso impedi-los se você não fugir.

- O que? Quem vai me perseguir?

- Os soldados do rei. Eles acham que você me raptou, mas você não deve fazer isso...

- O que? Isso tudo é maluquice...

- Eu sei que parece, mas não é. Você não deve tentar impedir minha morte.

- O que?

- Por favor Tyr. Me deixe morrer, só assim a paz existirá.

- Eu não posso fazer isso... eu não posso te perder também...

- É tarde. Depois que eu morrer, vá até a lua de Órion, lá você encontrará a paz. Eu te amo. – O jovem lhe deu um beijo doce e suave, fechou os olhos e deu seu último suspiro.

- NÃO!!! – Tyr acordou gritando e chorando.

- De novo Tyr? – Yngve perguntou, se recuperando do susto.

- Não me enche! - Ele falou controlando as lágrimas.

- Eu sou sua amiga, acho que você precisa conversar com alguém. Antes você só acordava gritando, mas agora...

- Os pesadelos ficaram diferentes... tem um rapaz... ele diz pra eu deixa-lo morrer... ele morreu em meus braços... – As lágrimas de Tyr voltaram a cair. – Isso nunca aconteceu, mas é tão real. Eu posso senti-lo. – Ele levou a mão aos lábios.

- Talvez você esteja precisando dar umazinha. Antes de seguirmos pra nossa missão, quer ir para o bordel?

- O que? Tem hora que eu duvido que você seja uma garota, você fala como homem....

- Eu fui criada nas ruas, sei falar de qualquer jeito. Não quer ir? Talvez você encontre um garoto como o do seu pesadelo e transforme em sonho.

- Eu não sei o que faço com você, Yngve.

- Sexo não vai ser, já que não te vejo assim. Quem sabe tem um garoto pra mim lá, estou bem precisando me divertir também.

- Não estou interessado, nem em garotos ou garotas, preciso me focar em nossa missão. Se as informações são verdadeiras, o que tem naquela nave é algo que o rei quer muito, algo que os Totianos fizeram para ele. Pode ser uma grande vantagem pra gente e ele finalmente vai amargar uma derrota.

Seis - O Empata - Ficção LGBTOnde histórias criam vida. Descubra agora