Capítulo 4

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Foram poucas assinaturas quânticas que não foram identificadas, isso reduziu muito os caminhos a serem seguidos por Siv. Uma das assinaturas, seguia para o planeta Gorias, por algum motivo que a general ignorou, achou que aquele era o caminho que deveria seguir e assim o fez. Gorias era um planeta classe M, usado apenas para mineração, existiam apenas poucas vilas e todas de funcionários da mineração.

Siv decidiu investigar na maior delas, onde havia um pequeno mercado com um bar. Os bares sempre eram boas fontes de informação. Sem chamar a atenção e sozinha, pediu uma bebida e ficou observando as pessoas. Não via nada nem ninguém suspeito quando de repente levou um susto com alguém sentando em sua mesa.

- Olá General Magni. É um prazer conhecer a senhora. Meu nome é Seis e é a mim que a senhora procura.

- O que? – Ela tentou pegar sua arma, mas Seis a impediu, apenas a olhando.

- Eu não vou machucá-la, eu juro. Quero apenas mostrar como as coisas podem e, seguindo esse rumo, acontecerão. A senhora é importante para salvar milhares de vidas, por isso eu quero que a senhora me ouça, por favor.

- Pelo visto eu não tenho opção.

- Sim tem, se a senhora quer apenas me capturar e me levar para o rei, nossa conversa acaba aqui, eu vou embora e a senhora nunca me achará, milhares de pessoas morrerão, mas se a senhora quer saber as coisas e impedir tantas mortes, eu posso mostrar como.

- Estou ouvindo. – Seis contou sua história e como os dois planetas se destruiriam em breve. Siv estava incrédula.

- Sabe general, eu também vejo o passado, tudo é uma única linha, o futuro possui uma infinidade de possibilidades, imagine um trem em uma linha, para trás ficou apenas a reta que ele seguiu, mas para a frente existem milhares de entroncamentos a cada metro andado, os entroncamentos desaparecem quando o trem escolhe um e fica para trás apenas uma linha reta, consegue me entender?

- Acho que sim.

- Ótimo. Eu vejo o caminho desse trem em cada um dos infinitos entroncamentos possíveis e vejo, também, o caminho que ele percorreu até ali, em todos os seus detalhes. Eu possuo mais uma habilidade, sou um empata, posso me conectar com as pessoas. Por favor não se assuste com o que vou lhe contar, depois eu vou lhe mostrar.

- Eu realmente não acredito nisso.

- A cinco anos atrás a senhora se despediu de seu pai, só os dois, naquele quarto de hospital. Ninguém ouviu o que a senhora disse, mas eu vou reproduzir as exatas palavras que a senhora falou.

- Como você...

- Pai, eu sei que o senhor queria mais para mim, mas eu sou uma militar. Amo cuidar e proteger de nosso povo. Me perdoe por não ser o que o senhor sonhou, por tê-lo decepcionado...

- Pare! Como isso é possível?

- Eu sinto assustá-la, mas eu precisava provar o que estou dizendo. Desculpe ter escolhido um momento doloroso, mas foi necessário. Existem momentos lindos em sua vida. – Seis começou a enviar as lembras desses momentos, tão vivas que Siv achou que as estava revivendo. – Uma pequena compensação. – Ele sorriu.

- Agora eu entendo por que o rei o quer...

- Não. Ele não sabe que posso fazer isso, ele quer apenas ver o futuro e eu preciso lhe mostrar qual é o futuro que estamos seguindo. – Ele começou a enviar as imagens das guerras, mortes e desespero.

- Não! – Siv começou a chorar.

- Me perdoe general. Por isso eu precisava encontrá-la.

- Meu rei é um louco...

- Sim, ele é. Infelizmente, minhas escolhas, pioraram a situação, mas a senhora pode impedir muitas mortes.

- Eu vou matar o rei!

- Não. Ele morrerá pelas mãos de outra pessoa. – Ele baixou a cabeça pensativo. – A senhora, como general, vai conseguir convencer um número imenso de soldados, eles são leais a senhora e lutarão contra os homens leais ao rei.

- Você está dizendo que eu devo montar uma rebelião?

- A rebelião já existe general. A senhora precisa apenas se juntar a ela.

- Onde estão os dois que te rap... resgataram?

- Eles já virão, eu vou chama-los. General, antes que eles cheguem eu preciso pedir algo importante.

- O que é?

- Na hora certa eu preciso que a senhora me mate.

- O que?

- Só a senhora pode fazer isso... Tyr não conseguirá.... só assim a paz acontecerá.

- Alguém como você não deve morrer...

- Eu preciso, só assim a paz existirá e Tyr poderá ser feliz...

- Você o ama? – Siv perguntou surpresa.

- Sim, como não amá-lo? E isso não deveria ter acontecido... ele já sofreu muito e irá sofrer com minha morte, pois eu não vou conseguir afastá-lo de mim e eu deveria... pois não sou o Lugh...

- Quem?

- Eu sei que vai ser difícil, mas é importante que eu morra, a senhora entenderá na hora certa. Eles estão chegando.

- Tudo bem aqui Seis? – Yngve falou quando ela e Tyr chegaram.

- A general compreendeu a situação e acreditou em mim.

- Como não acreditar? É bom te ver Tyr.

- Eu tinha minhas dúvidas sobre isso, mas... que merda Siv, eu estou feliz em te ver. – Os dois se abraçaram. – Eu realmente senti sua falta.

- E eu a sua recruta. – Siv estava realmente emocionada.

- Bom, pelo visto temos uma reunião de velhos amigos aqui, já que ninguém vai me apresentar eu mesma faço isso, sou...

- Yngve Kvasir. Você é famosa e procurada. É um prazer conhece-la.

- Alguém que reconhece meu valor. Já gostei dela. – Yngve falou rindo.

- Você está bem? – Tyr perguntou para Seis, se sentando a seu lado e segurando sua mão.

- Estou. Só me cansei um pouco, mostrando todas as coisas para a general. Nada que um pouco de repouso não resolva.

- Você se cansa quando faz essas coisas? É perigoso para você? – Tyr ficou preocupado.

- Sim, me canso, eu gasto muita energia... Eu não vou morrer por causa disso... bem, vou morrer por causa disso, mas não é por exaustão...

- Por favor, para de falar em morrer... – Tyr segurou seu rosto delicadamente e o beijou.

- Por que você insiste em fazer isso? E por que eu não consigo impedir? – Seis falou quando os lábios se separaram.

- Bom, nosso primeiro e último beijo foi meio tenso. Achei que merecíamos um melhor. Foi melhor que o outro?

- Os dois foram maravilhosos Tyr... eu não quero que você sofra... você não pode se apaixonar por mim...

- Eu tenho uma informação pra você, senhor sem nome. Eu já estou apaixonado por você, desde que nos vimos a primeira vez... em meus sonhos.

- O que? Eu nunca deveria ter feito aquilo... eu cometi um erro...

- Pois não foi erro coisa nenhuma... olha pra mim e diz que você não está apaixonado por mim também, se você disser isso eu prometo que não insisto nisso.

- Eu não estou apaixonado por você. – Seis sussurrou baixinho, abaixando a cabeça e desviando o olhar de Tyr.

- Olha pra mim, nos meus olhos e diz isso. – Tyr levantou sua cabeça e o fez olhar em seus olhos.

- Eu.. não deveria... mas eu... te amo... – Seis falou entre lágrimas. Tyr o beijou novamente.

- Nunca mais fale em morrer... apenas em viver... comigo.

- A galáxia será destruída se eu não morrer...

Seis - O Empata - Ficção LGBTOnde histórias criam vida. Descubra agora