Bloody Mary

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Passo um dos meus perfumes doces em uma grande quantidade sobre meu pescoço e roupa. Ajeito a blusa branca por baixo da jaqueta de couro e confiro meu cabelo novamente espetando-o mais com pomada.

  Eu me pegaria se pudesse. Gostoso demais!

 - Bro, me emprest- Kirishima para encostado no batente da porta do banheiro. O ruivo me olha de cima abaixo lentamente e solta um assovio pelos lábios. – Uau, que gato!

 - Cala boca! – digo saindo do banheiro antes que ele note minhas bochechas vermelhas.

 - Então, me empresta aquela sua bandana vermelha? 

 - Se você perder eu te mato! – jogo a bandana para ele depois de pega-la no guarda-roupa.

 - Não vou, vou guarda-la com minha vida! – Ele entra no banheiro atrás do espelho.

 - Vai estragar ela com esse gel do seu penteado ridículo!

 -Ei, meu cabelo arrasa demais assim! Me deixa mais másculo. – O ruivo posiciona a bandana dobrada na testa rente a raiz do cabelo e amarra atrás da cabeça. Parece um integrante do Menudo, visto que o ruivo usa um croppet preto com calças jeans escuras de cintura baixa deixando o tanquinho a mostra.

 - Vamos antes que eu desista dessa ideia idiota. – Digo andando pela casa para conferir se todas as torneiras estão fechadas, pois além de ranzinza e sem educação eu sou neurótico.

 - Você nunca nem foi em balada pra saber se odeia! – O ruivo sai do banheiro e me segue para a entrada da casa – Vai ser legal e a Mina vai ficar chateada se não formos, é aniversário dela!

 - Caguei e andei pra ela. – digo abrindo a porta da frente depois de calçar meus coturnos e o ruivo faz o mesmo com seus tênis – É um lugar fechado, sem ter aonde sentar e cheio de gente bêbada, mais que obvio que vou detestar! Só quero chapar o coco e esquecer que sou um fodido!

  Kirishima me segue para o elevador passando seu braço por meu ombro em uma tentativa de me confortar. O peso de seu braço faz meu pescoço doer, não pelo braço, mas sim pelas horas interruptas de sono.

   O dia de ontem foi péssimo, com situações levando minha paciência ao limite acontecendo seguidamente. A cereja do bolo desse dia merda foi uma ligação da minha mãe. Diz ela apenas para saber se eu estou bem, mas bem sei que foi apenas para a mesma descarregar em mim seus próprios estresses, começando uma discussão absolutamente do nada em que me lembrava do tamanho da decepção que sou na sua vida.

   Depois de uma sequência de gritos trocados e meu celular indo de encontro a parede, fiquei a noite toda acordado remoendo situações do passado enquanto fumava meu maço inteiro de cigarro. Assisti o sol nascer tentando acalmar minha mente com a visão que sempre gostei dessa paisagem. Não deu certo e 6 horas da manhã tomei dois remédios para dor muscular seguido de um de dor de cabeça.

    Esperava acordar vivo e foi oque aconteceu, porém treze horas depois com Kirishima tocando a campainha do meu apartamento freneticamente depois de eu não responde-lo o dia todo. Eu já havia desistido da ideia que tive antes de capotar na cama, avisando que precisava me distrair e iria com ele pra essa droga de boate, porém o ruivo me forçou a comer algo e me arrumar, ameaçando me dar banho se eu continuasse insistindo que não ia mais.

 Não parecia uma ideia tão ruim, porém desisti de tentar impor minha vontade à cara de cachorro que caiu da mudança de Kirishima e cá estou agora esperando o metro com o ruivo, que vai em direção à estação onde devemos encontrar a trupe de idiotas, que já devem estar bêbados e mais insuportáveis do que já são.

Minha sede de vitóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora