Heitor todos os dias veste seu uniforme de palhaço
Mal acordado e já bem humorado,
Sobe ao picadeiroAinda é cedo e isso não impede a fiel plateia de ir se acomodando
Já Heitor com poucos detalhes assume o seu postoMas lembra que lhe falta algo
E sim, é o nariz de palhaço
Que péssima hora para recordarA plateia ali ansiosa para tal atração
Se revolta com o pobre palhaço
Que todo desajeitado com a situação entra em parafusoPronto! O circo está feito
Uma plateia exaltada
Gritos, ofensas e muito fervorO palhaço olha toda humilhação e pensa "nasci para isso?"
Olha mais uma vez à sua volta e sente um nó apertando sua garganta
Os olhos ardem e a maré já está altaAs luzes intensificam
Se voltam diretamente ao palhaço
Esperando que a possível salvação da atração ocorra aos apertar dos olhos marejadosO palhaço Heitor chora
Cada lágrima caída no picadeiro é um êxtase para plateia
Que nesse momento se toma por fleumáticaAs luzes lentamente vão se fechando
O palhaço saindo de cenaO desfecho sendo feito
O uniforme sendo tirado
A plateia toda aplaudindoBravo!
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Vazio Casual
PoesiaUm labirinto para os que se prendem Uma sutil experiência aos que se experimentam Este livro foi escrito com a intenção de ser um objeto de estudo. Uma imersão a sentir o que se pode ter do mais profundo texto, usar as frases e linhas para tal objet...