Capítulo II

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Katherine levou uma das mãos suavemente até a boca, repelindo um suposto bocejo que insistia em voltar a cada quatro minutos

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Katherine levou uma das mãos suavemente até a boca, repelindo um suposto bocejo que insistia em voltar a cada quatro minutos. Desejou estar em seus cômodos, deitada e coberta, aninhada em sua cama e abraçada aos travesseiros, com as janelas fechadas em repleto breu.

 Estamos lidando com um povo insatisfeito  um dos duques, cuja calvície brilhava chamava a atenção para seus cabelos esbranquiçados, dizia autoritário , precisamos de uma resposta para eles, em breve não nos apoiarão mais!  Ele finalizou, sentando-se em seguida em uma das dez cadeiras da longa mesa de madeira antiga.

A princesa observava atenta a cada palavra, cada proposta referida ao assunto, analisando e calculando oportunidades que pudessem de alguma forma, contribuir para a formação de uma boa imagem.

E então resolveu opinar.

 Não acham que nosso povo está, de fato, indignado devido à falta de investimento nos pobres camponeses e humildes trabalhadores quando vocês financiam com altos investimentos as indústrias que já são bem sucedidas e desenvolvidas o suficiente?

Não tinha jeito, Katherine nunca conseguia manter a boca fechada perante injustiças e problemas com soluções óbvias e claras. Mesmo sendo a sua coroa aquela que estava em jogo.

 Entendo que eles são aqueles que mais movimentam os impostos e suas condições de vida extremamente confortáveis, mas em quantidade, não acham que os ricos são poucos em nosso reino para manter-lhes no poder?  e por fim, a princesa calou-se.

Miriam encontrava-se de pé ao seu lado e fitava a princesa com incertezas. A dama real aproximou-se de Katherine e sussurrou em seu ouvido:

 Achei que deveríamos conquistar o Conselho, não os repelir para longe  e retornou novamente para sua posição anterior. Postura inclinada, mãos para trás, a dama real apenas observava as expressões dos duques e sabia que a princesa fazia o mesmo.

Desgosto. Ao serem contrariados, os membros apenas encaravam-na. Katherine corou e arrependeu-se amargamente por ter aberto a bendita boca ao invés de ficar calada. Sempre falaram  mesmo que por suas costas  que mulher não sabia cuidar de negócios, e esse preconceito era extremamente vívido no palácio. Principalmente por ser ela  e não "ele"  a primeira na fila do trono.

Person deveria assumir, diziam.

Ele havia o sangue azul da família real correndo por suas veias, era mais maduro, então, porque não ele?  "Ele é homem, eles queriam dizer"  Quem seria melhor se não ele? Ele! Muitos acreditavam, infelizmente, nisso e Katherine sabia, mas sabia também que era capaz de calar a boca de cada um que pronunciasse tais calúnias. E, porque não uma mulher?  "Eu sou capaz!"  aquelas palavras ecoavam em sua cabeça. Incentivando-se. A si própria, porque se não o fizesse, quem faria?

E então o silêncio tomou conta. Apenas o vento batendo em sua face e murmurando em seus ouvidos. Olhares tortos a julgavam e atormentavam, e embora não estivesse olhando para cada um deles, ela sentia aqueles malditos olhares recaindo sobre ela, e como os odiava. Odiava quem a fizesse se sentir incapaz. Porque capaz era a palavra que ela mais buscava naquele momento, mais do que buscava, precisava.

 Não acho que a princesa Katherine esteja, ao todo, errada  a voz de Person surgiu na sala para o alívio da jovem, ele estava sentado de frente para Katherine, na outra ponta da mesa. As botas pretas de couro apoiadas em cima da mesa com as pernas cruzadas confortavelmente, Person parecia pensar, e então levou a mão ao queixo.  A grande massa de nosso reino é trabalhadora, precisamos gerar mais empregos, e se possível aumentar os salários  finalizou.

Ouviu-se então murmúrios e sussurros entre os outros duques, que começaram a debater sobre a ideia. Person cumprimentou-a com um balançar de cabeça a Katherine, que sorriu em resposta, os olhos brilhando de admiração e agradecimento. Person impunha autoridade entre os outros, e o respeitavam, tudo que falava ou fazia era sinônimo de elogios e as propostas, em sua maioria aceitas na mesma hora.

Após cinco minutos os comentários cessaram e todos se voltaram suas atenções para Person.

 Tudo bem  disse o duque calvo , após uma pequena discussão foi decidido que daremos uma chance para a ideia que "vocês" propuseram  e ao frisar a palavra, encarou com um olhar esnobe a princesa por alguns rápidos segundos que pareceram uma eternidade para a jovem, depois voltou sua atenção e mudou completamente sua expressão ao se virar para Person, uma expressão agora atenciosa e gentil , então concordamos.

 Não irão se arrepender, eu garanto!  Person finalizou ao tirar os pés da mesa.  Katherine?

 Pois bem, agradeço a presença de todos  disse enquanto levantava arrumando a saia de seu vestido.  A reunião está oficialmente  fez uma pequena pausa enquanto fazia um discreto sinal para os dois guardas parados em frente a grande porta de madeira antiga em forma de arco para que abrissem caminho para os duques , encerrada!

Um por um, os conselheiros reverenciavam a princesa, que apenas acenava com a cabeça gentilmente, e seguiram caminho atravessando a porta, sumindo pelos corredores. Um dos últimos duques, ao sair, se dirigiu para a princesa, a audácia estampada em sua voz:

 Não acho que seja capaz de assumir, de fato, o trono. Saiba que minha opinião ao seu respeito, jovem princesa, continua inabalável  a careca ao meio de seus cabelos brancos brilhou aos olhos de Katherine ao reverenciá-la.

 Seu apoio é o de menos, duque William!  Katherine ousou sorrir e os olhos do senhor calvo semicerrou-se. Poderia até ter dado gargalhadas, se realmente não precisasse.

— Veremos  William levantou vagamente e seus passos ecoaram pela sala de reunião, rumo a saída.

Miriam continuava ao seu lado, e era inteligente o suficiente para notar o confronto que acabara de ocorrer entre ambos. Ao ver o duque William atravessar também a porta assim como os outros, a dama real pousou uma das mãos no ombro da princesa, que respirou aliviada ao toque de apoio.

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Quote do capítulo II

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