Miriam abriu a porta do cômodo escancaradamente, sem avisar, sem bater, sem aviso prévio, forçando Katherine a se levantar assustada, o coração acelerado batendo em ritmo anormal parecia que iria saltar pela boca a qualquer momento. A princesa pousou as mãos no peito respirando calmamente ao perceber que era a dama real à porta, mas também desejava ainda estar dormindo, pois mal havia conseguido na noite anterior.
A dama real respirava fundo e estava com medonhas olheiras. Os olhos cansados denunciavam que havia dormido pouco, se ao menos tivesse dormido. Sua expressão era de total euforia.
— Miriam? O que ouve? — perguntou a princesa ao observar o relógio pendurado no alto da parede, em cima da porta a qual a jovem estava parada. O relógio marcava poucos minutos depois do alvorecer. Katherine odiava acordar cedo. — Aconteceu algo? — completou.
— Eu... — ofegou a moça ainda parada na porta, seus cabelos pretos e lisos estavam levemente bagunçados — escutei algo que acho que não deveria saber. — Miriam observou se alguém estava vindo pelos corredores atrás de si, fechando-a rapidamente logo em seguida.
— O que é tão importante a ponto de fazê-la vir tão cedo em meus aposentos? — Katherine remexeu as cobertas, removendo-as e procurando por suas pantufas. A princesa andou na direção de sua amiga, que continuava próxima à porta, pegando-a pelos ombros e direcionando seus passos até a cama, sentando-a.
— Quer alguma coisa? Uma água, talvez? — a loira perguntou gentilmente para Miriam tentando lhe acalmar que por sua vez, negou.
— Talvez, em alguns instantes, quem precise ser controlada seja você Kathe... — disse a dama real recompondo-se. Katherine a encarou confusamente enquanto Miriam dava leves batidinhas na cama, indicando que a princesa se sentasse ao seu lado. Quando se sentou, começou a falar:
— Estava fazendo minha inspeção, como de costume, para verificar se todos os servos haviam se recolhido quando... — suspirou — quando escutei vozes.
— Vozes? O que tem demais nisso? Os servos sempre infringem o toque de recolher para encontrar-se com seus amantes. — Katherine pensou rapidamente franzindo o cenho — Não me diga que acredita em fantasmas.
A princesa sorriu. Um sorriso inocente que causou pena aos olhos de Miriam que se entristeceu ao pensar em sua reação quando soubesse o que tinha para contar. Quando seria ela a contar-lhe. Miriam desejou que qualquer um contasse, menos ela. Aquilo era extremamente difícil, mas sabia que se não lhe contasse, aquilo poderia afetar diretamente em seu futuro de maneira totalmente negativa. Em futuras tragédias. Além disso, não contar não era uma opção a ser considerada.
— Pare de brincar! — bufou — Quem me dera fosse algo do tipo, mas infelizmente não, não são fantasmas. Não são amantes. — A jovem adentrou as profundezas de seu ser, procurando por sua coragem. Procurando-a, pois estava lhe faltando em um momento crucial — O que escutei era grave, será que me entende?
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Palácio de Pedra
Ficción históricaEm um império onde a coroa é apenas incerteza, e quem a assume corre sérios riscos, você se arriscaria a assumir o trono? Katherine talvez seja capaz.