Tempestade de Areia

VII

VII

"Se eu pedisse, o Príncipe me daria um outro lugar para ficar. Não precisamos dormir os dois aqui"

TH ouviu quando entrou no quarto, vindo do banho.

O cheiro de sua pele morena limpa perfumou o cômodo iluminado pela luz das velas que estavam no fim. JK só via seu contorno. Viu também seus ombros se retesarem e seu corpo ficar tenso quando disse aquilo.

"É o que você quer?", TH respondeu com voz grave, mas fria.

JK não se aguentou. "Como assim? O que quer dizer? É você que se afasta de repente, e volta, e depois não quer olhar para mim... É você que quer! Eu não entendo você", desabafou, quase soluçando, na ânsia de dizer o que acontecia.

TH era capaz de lhe fazer sentir o melhor e o pior das emoções. Pela primeira vez na vida JK estava desapoderado diante de outra pessoa.

"Não me entende? (...) Vamos ser claros então, o você quer comigo, JK?"

Para TH essa pergunta fazia todo sentido, porque ele nunca fora amado de verdade por ninguém, e estava ciente disso. Também nunca tinha deixado ninguém chegar perto o bastante para ter esse direito.

Além disso, seu desejo por JK, por maior que fosse, não apagava o fato de que fora usado como um objeto, teve sua autonomia tirada como se nada fosse. E agora JK nem precisava mais dele. Eles se queriam, ele sabia, mas se quiseram desde o início e isso não impediu JK.

"TH..." JK não sabia o que dizer, como dizer, como lidar, o que precisava ser dito, mas seu coração se acelerou o bastante para TH se comover um pouco.

Após um momento, ele desistiu de esperar a resposta de JK e se aproximou da cama. Os olhos de gazela arregalados voltados para ele, TH se perguntou como JK podia lhe parecer tão inocente depois de tudo o que fez.

"Você quer é transar comigo? Gostou de fazer sexo e quer ter um alfa por perto?" , ironizou, com uma dose de rancor e um sorriso de lado.

"Isso é muito baixo, TH", fechou a cara, insultado.

"Então o quê?"

"É assim que você começa um relacionamento?"

"Não é assim que você começa?"

"Como eu disse, eu não preciso ficar aqui", JK se levantou pelo lado esquerdo e deu a volta na cama. Estava vestido, queria estar na mesma altura que TH, mesmo que fossem apenas discutir. E se precisasse ia embora.

Não ia lamentar a perda daquilo que por sua culpa já tinha começado todo errado, mesmo que nunca houvesse outra pessoa como TH. Tem coisas que não se pode consertar, descobria, ou pelo menos ele não sabia como.

Porém, por mais que TH de fato desconfiasse dele, por mais que temesse se envolver com ele a ponto de duvidar de si mesmo, uma parte de si temia muito mais que JK fosse embora.

Irritava-o que JK talvez soubesse como sua ameaça de partir lhe fazia sentir, deixava-lhe louco que quisesse usar isso contra ele, porque não era isso que ele queria. E acreditava nela completamente. Acreditava que uma hora JK iria mesmo.

"Não estou pedindo para você ir, estou?"

"Você vai ter que fazer bem mais do que isso, TH"

TH chegou mais perto. JK logo vacilou. TH percebeu, já conhecia todos os sinais do seu corpo, seu cheiro em cada situação, a depender do que sentia.

Quando ele chegava perto, JK mudava todo, seu corpo pelo menos, seus sinais. TH mesmo balançava diante da imensa atração entre eles, que os aproximava como um ímã, intensificada pelos sentimentos, a cada vez mais complicados.