Ao que consta no mapa virtual, mais duas quadras e eu chego na igreja. Aproveitando a tela ligada do celular, dou uma conferida no aplicativo de mensagens. Tem um monte de janela cuja visualização está pendente. Tem homem, mulher, casado, viúvo. Tem de tudo nessa porra. Eu já postei foto nas redes sociais deixando claro que estou comprometida. Ninguém liga. É indiferente para a maioria dos contatos. Assim que eu gosto. O pessoal quer trepar comigo, o fato é esse. Um dos indivíduos na espera de resposta é um cujo pau eu mamei dentro do ônibus. Estávamos sentados na última fileira de bancos. Nunca tinha visto a criatura na vida. As mãos dele me deixaram excitada. Puxei assunto. Não demorou muito e a porra dele estava descendo pela minha garganta. Deixei-o ser meu seguidor virtual, mas nunca mais quis putaria com ele. O fato tem anos e vira e mexe ele ressurge, desesperado de saudade. Um fofo.
No topo das mensagens tem notificação do Fábio, enviada há poucos minutos. Clico para ler: "Amor, tudo bem por aí? Saudade, gostosa. A aula aqui tá uma porra. Seria ótimo estar em outro lugar com você me dando uma mamada agora."
Respondo: "nossa! eu amaria estar engolindo, amor", e em seguida seleciono alguns ótimos gifs pornográficos que mantenho guardados com carinho em minha galeria.
Mantenho o celular na mão, dou alguns passos pela calçada e meu namorado responde. Palavras de carinho, e tesão, acompanhadas do questionamento: "e como está sendo aí na agência?".
Digo qualquer merda que vem à cabeça.
Menti, mais cedo. Falei que faria um teste para um trabalho. A última coisa nesse mundo a passar pela cabeça dele é que eu estou indo falar com um padre. Eu poderia ter inventado qualquer coisa, menos ter falado sobre o local sagrado. Isso seria a coisa mais estranha a ser dita por mim. Quem me conhece, acharia ser tiração de sarro; quem me conhece muito bem, cogitaria algumas hipóteses.
Antes de atravessar uma faixa de pedestres, dou uma última conferida nos ícones que mostram o rosto dos remetentes. Entre as mensagens não vistas ainda, tem até seis enviadas pelo Álvaro. Chupei o pau dele não faz nem quinze minutos e o pobre coitado já está com saudade. Não vou julgar, pois no lugar dele eu também estaria. O rapazinho vai terminar o horário de serviço bem aéreo. Toda vez que passar por aquele banheiro não terá escapatória da lembrança de nós. Leio o conteúdo daquele monte de baboseira que ele fala. Ignoro, respondendo com uma selfie. Deixo os peitos bem salientados, busco o melhor ângulo do decote. Esse arquivo valerá mais do que mil palavras. Capaz de que logo ele retornará ao banheiro para se masturbar.
Um carro passa buzinando. O motorista me viu fazendo pose para a foto e tentou chamar minha atenção. Antes do veículo seguir adiante, ouço: "gostosa demais". "Obrigada", penso, sem desviar os olhos da câmera.
Registro fotográfico enviado.
Desligo a tela do celular, guardo-o no bolso. A igreja está no fim da rua seguinte e a numeração já decorei.
Prossigo e em instantes consigo visualizar o pequeno imóvel. Igreja pequena, se comparada com alguns imensos templos encontrados ao redor da cidade. Fica de frente para um bosque.
Os portões estão fechados.
Antes de bater palmas, localizo a campainha.
Surge uma freira.
- Pois não? - o tom da voz dela não é nada simpático. Ou ela é uma pessoa amargurada ou não gostou muito do tamanho dos meus seios.
- O padre está disponível?
- Não, senhorita.
- Como não?
- Por hoje já suspendeu o expediente.
